Se interesse por ETF de criptoativos nos EUA for semelhante ao observado no Brasil, mercado cripto pode ganhar impulso inédito (Liliya Filakhtova/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 15 de outubro de 2021 às 19h04.
A expectativa dos investidores pela aprovação de um ETF de bitcoin nos EUA é antiga e notícias sobre o tema costumam impactar o preço da criptomoeda. O caso mais recente foi nesta sexta-feira, 15, quando o bitcoin voltou a ser negociado acima de 61 mil dólares. E o Brasil pode explicar porque isso acontece, ou, mais especificamente, os ETFs cripto disponíveis no Brasil.
Dados divulgados pela B3 relativos ao mês de setembro mostram que os ETFs de criptoativos listados na bolsa brasileira concentram mais de 34% de todos os investidores em ETFs do país. Isso significa que uma em cada três pessoas que investe em ETFs na B3 o faz em um dos fundos de criptoativos.
Ao todo, são 48 ETFs listados na bolsa brasileira, cinco deles focados em criptoativos, disponíveis nos home brokers da maioria das corretoras e bancos de investimento brasileiros. Apesar de responderem por cerca de 10% do total de ETFs, os produtos atendem 34% dos investores desse tipo de produto.
São 479 mil investidores em ETFs no Brasil, a grande maioria (474 mil) pessoas físicas. Deste total, 166.269 investem em um dos ETFs cripto disponíveis. O principal deles é o HASH11, que investe em uma cesta de criptoativos, criado pela Hashdex e que tem 127.351 cotistas. O segundo maior ETF cripto brasileiro é o QBTC11, de bitcoin, da QR Asset Management, com 22.575 investidores. Depois aparecem QETH11 (7.465 investidores), BITH11 (4.829) e ETHE11 (4.049), que são das mesmas gestoras.
O enorme crescimento dos ETFs de cripto no Brasil pode servir de referência para o impacto que esse produto poderia causar no mercado de criptoativos caso fosse aprovado nos EUA, onde o investimento em ETFs é muito mais popular. Se no Brasil são 48 ETFs disponíveis, que acumulam 52 bilhões de reais em patrimônio, lá o número de fundos listados passa de 2.200 e o patrimônio deles supera os 35 trilhões de reais (6,6 trilhões de dólares), segundo dados do Statista e do WSJ.
"O ETF nos EUA é, certamente, algo muito aguardado pela comunidade de criptoativos, uma vez que o mercado americano é o maior do mundo em qualquer métrica que se possa imaginar. Além de ser uma validação da classe de ativos, a aprovação de um ETF nos EUA facilitaria a entrada de uma grande gama de investidores, desde pessoas físicas até institucionais, como aconteceu no lançamento do HASH11 aqui no Brasil", disse João Marco Cunha, gestor da Hashdex, à EXAME.
Se o interesse por ETFs de cripto observado no Brasil se repetir nos EUA, é fácil concluir que milhões de novos investidores entrarão no mercado cripto através desse tipo de produto. Com isso, e o consequente aumento no fluxo de compras dos ativos digitais, a tendência é de aumento de preços.
Os ETFs de criptomoedas são aguardados há anos pelos participantes do mercado. A SEC, espécie de CVM dos EUA, tem vários pedidos de gestoras e instituições financeiras interessadas em oferecer esse tipo de produto, mas, até hoje, nenhum foi aprovado. A expectativa, entretanto, é que isso aconteça em breve.
"No momento, as maiores probabilidades são da liberação de ETFs de futuros de bitcoin que, apesar de ser um produto pior que um ETF 'puro sangue', que investe no mercado à vista, como o BITH11 aqui no Brasil, esse passo dado pela SEC tem animado o mercado e é o principal motivo da valorização observada nas últimas semanas", completou João, em referência a notícia de que a autarquia americana deverá aprovar um ETF de contratos futuros de bitcoin na semana que vem e que movimentou o mercado, fazendo com que o preço do bitcoin disparasse.
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