Como rebalancear a carteira de criptomoedas? Equilíbrio é lucro
Estratégia não é nova, mas compor uma carteira balanceada continua sendo um desafio
Redação Exame
Publicado em 11 de junho de 2023 às 11h32.
Por Felippe Percigo*
Quantas vezes você já escutou a frase: “Tudo na vida é uma questão de equilíbrio”? Talvez soe clichê, mas alinhar a balança é um baita desafio. A gente ganha e perde o tempo todo. O esforço constante está em perseguir o equilíbrio.
Na perspectiva dos investimentos, o mundo gira da mesma maneira. Um dos livros que mais influenciou a minha carreira foi “O investidor inteligente", de Benjamin Graham, um clássico obrigatório para quem atua no mercado financeiro e utiliza a famosa estratégia de sua autoria chamada Value Investing. Graham é considerado um dos maiores investidores de todos os tempos, mentor de ninguém menos que Warren Buffett.
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No livro, publicado pela primeira vez em 1949, ele introduz o tema de que vamos tratar aqui: balanceamento de carteira. O método desenvolvido por Graham foi elaborado com base na bolsa de valores da época, claro, mas o mundo dos investimentos segue adotando a fórmula, em versões devidamente atualizadas para contemplar setores e classes de ativos de hoje.
O conceito, eu aplico também no mercado cripto.
Mas o que é o (re)balanceamento?
É o processo de realinhar os pesos dos ativos em uma carteira para que eles mantenham as alocações-alvo, ou seja, o equilíbrio desejado entre os ativos.
Quando vamos montar uma carteira, a estratégia é dividir o portfólio em porcentagens determinadas de forma a equilibrar a alocação de capital contemplando as classes de ativos em que desejamos investir.
Suponhamos que o nosso alvo seja uma carteira dividida em: 25% em ações, 25% em fundos imobiliários, 25% em renda fixa e 25% em criptomoedas. Entendam que isso é apenas um exemplo, não uma indicação. Mas, sim, é importante compor sempre carteiras robustas, com ações, renda fixa, investimentos no exterior, criptomoedas e outras classes que se encaixem no seu perfil. A diversificação é fundamental! Se quiser entender mais sobre isso, leia minha coluna aqui na Exame sobre o tema.
O rebalanceamento é necessário quando a carteira começa a crescer e você chega à conclusão de que um ativo (ou uma classe de ativos) daquela carteira subiu demais, por exemplo.
Vamos supor que criptomoedas representavam 25% do seu portfólio e, com as moedas digitais subindo, passaram a representar 50%. Concorda que, se formos olhar em percentuais, os outros ativos já não estão mais valendo 25% segundo a divisão que fizemos agora há pouco (25-25-25-25)?
A minha estratégia de rebalanceamento leva prioritariamente em consideração o desequilíbrio, ou seja, o rebalanceamento baseado no desvio em relação às minhas alocações-alvo, e não uma frequência definida ou intervalo de tempo, por exemplo.
Há investidores que focam mais no tempo e outros que combinam desequilíbrio e tempo na tomada de decisão.
E como funciona na prática esse rebalanceamento?
Suponhamos que eu analisei que preciso rebalancear o meu portfólio de criptomoedas, dividido inicialmente (hipoteticamente) em 50% de bitcoin, 30% de ether e 20% da altcoin “X”.
Eu preciso determinar uma variação percentual do portfólio cripto que, no caso de variar para baixo ou para cima, eu escolho comprar ou vender.
Vamos exemplificar com uma variação de 5%. Se a altcoin “X” apresentar um aumento de 5% no valor, eu vendo uma parcela dessa altcoin para diminuir sua proporção na minha carteira.
Em seguida, redistribuo os recursos obtidos de forma equilibrada entre as outras criptos. Eu posso também optar por converter parte das vendas em caixa, o que é ótimo para aproveitar oportunidades futuras de bons descontos no mercado.
Só para esclarecer, o meu portfólio cripto, na verdade, é categorizado por setores e tipos de tecnologia. Eu estudei o método de Graham durante algum tempo para poder replicá-lo no campo dos ativos digitais respeitando as características do mercado.
Que vantagens o rebalanceamento de portfólio traz?
Reduz o risco
Quando uma cripto salta de valor, uma porcentagem maior da carteira é consumida por esse único ativo. Isso adiciona um risco maior à carteira.
Suponhamos que esse ativo desvalorize. O que acontece? O investidor vai perder muito.
O rebalanceamento envolve redistribuição de ganhos, o que significa que os riscos também estão sendo redistribuídos. Caso um único ativo desvalorize, ele terá um impacto bem menor no valor total da carteira.
Melhora o desempenho da carteira
O mercado cripto é conhecido por sua alta volatilidade, por que não tiramos proveito dela?
Com o rebalanceamento, as mudanças rápidas no mercado podem ser estrategicamente aproveitadas para aumentar os ganhos. Em vez de deixar o portfólio estático, você passa a realizar ganhos para reinvestir em outras moedas.
Facilita “comprar na baixa e vender na alta”
A estratégia de comprar na baixa e vender na alta parece muito óbvia, mas, como costumo dizer, o óbvio nem sempre é simples de realizar.
O rebalanceamento é uma oportunidade de tirar a complexidade desse método.
Seguinte: suponha que o valor total dos seus investimentos se encontra estável. Durante o período de rebalanceamento, um determinado ativo que se valoriza é vendido mais caro e o dinheiro obtido (ou parte) é usado para comprar outras criptos mais descontadas. E, como falamos acima, com flutuações contínuas típicas do mercado, o rebalanceamento permitirá tirar bom proveito da volatilidade para aumentar o valor da carteira.
O grande pulo do gato é mesmo timing.
Eu gosto de fazer o rebalanceamento quando o mercado começa a subir agressivamente. Para acumular caixa também é ótimo, é uma oportunidade de colocar o dinheiro no bolso e, quando o mercado inverter, você estará mais resistente a impacto. O caixa alto vai te proteger.
Quando o mercado cai, eu não costumo rebalancear com tanta frequência, porque prefiro esperar uma definição do mercado.
No mercado de alta, a tendência em geral é infinita, faço o rebalanceamento de forma mais periódica, tipo a cada 15 ou 30 dias, ou de fato a cada desvio percentual da carteira, sejam os 5% de que falamos, às vezes 10% ou de acordo com o meu objetivo no momento. Você deve ter o seu objetivo.
O mercado está sempre em movimento, não é estático. Por isso, é tão importante desenvolver o hábito de rebalancear a carteira quando os ativos se afastam da alocação-alvo e/ou em determinados intervalos de tempo. Comprar e vender ativos diferentes vai te ajudar a retornar à meta. Ao mesmo tempo, você estará controlando os riscos. O desempenho geral da carteira com o rebalanceamento é, sem dúvida, potencializado.
*Felippe Percigo é um investidor especializado na área de criptoativos, professor de MBA em Finanças Digitais e educa diariamente, por meio da sua plataforma e redes sociais, mais de 100.000 pessoas a investirem no universo cripto com segurança.
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