CEO de emissora da stablecoin USDC confirma acesso a reservas em banco falido
Criptomoeda chegou a perder paridade com o dólar após anúncio da falência do Silicion Valley Bank nos Estados Unidos
Agência de notícias
Publicado em 15 de março de 2023 às 10h40.
Última atualização em 15 de março de 2023 às 12h23.
O CEO e co-fundador da Circle, Jeremy Allaire, declarou que a empresa responsável pela emissão da stablecoin USDC - uma criptomoeda pareada com o dólar - “conseguiu acessar” seus US$ 3,3 bilhões depositados no falido Silicon Valley Bank desde 13 de março. O valor faz parte das reservas que garantem que 1 unidade do ativo equivale a US$ 1.
Falando com a Bloomberg na última terça-feira, Allaire disse acreditar que “se não tudo, muito perto de tudo foi possível resgatar” do credor falido. A USDC chegou a perder brevemente a paridade com o dólar após a divulgação da notícia de que US$ 3,3 bilhões de suas reservas de caixa estavam presos no SVB logo após o banco ser fechado por autoridades nos EUA.
A paridade da criptomoeda com o dólar se recuperou desde então, mas os resgates em massa da USDC resultaram em uma queda de quase 10% na capitalização de mercado da stablecoin desde 11 de março, de acordo com a TradingView. Dados do CoinGecko apontam que, nesta quarta-feira, 15, o ativo é cotado em US$ 0,997, após chegar a valer US$ 0,87.
Enquanto isso, durante o mesmo período, o Tether (USDT), outra criptomoeda pareada ao dólar e que rivaliza com a USDC, registrou um ligeiro aumento em sua capitalização de mercado. Desde 11 de março, dados apontam que o market cap do ativo subiu mais de 1%, atingindo US$ 73,03 bilhões.
Os fundos temporariamente bloqueados tiveram um efeito significativo sobre o valor de mercado do USDC, embora os US$ 3,3 bilhões representassem menos de 8% das reservas da criptomoeda, de acordo com o relatório referente ao mês de janeiro divulgado em 2 de março pela Circle.
O relatório afirmava que a USDC tinha mais de 100% em garantias, com mais de 80% da reserva consistindo em títulos do Tesouro dos Estados Unidos de curto prazo – ativos altamente líquidos que são obrigações diretas do governo dos Estados Unidos e, por isso, são considerados um dos investimentos mais seguros do mundo.
No Twitter, o analista TedTalksMacro disse que "nunca se pode ter certeza absoluta quando se trata de criptomoedas, mas parece estar tudo bem. 8,25% das reservas da Circle estão travadas... deixando 91,75% de seus fundos líquidos. Mesmo no caso dos fundos serem totalmente perdidos, a Coinbase intervirá para garantir a paridade da USDC. A reação do mercado parece ser apenas pânico gerado pelos acontecimentos recentes".
O que aconteceu com o Silicon Valley Bank?
Na quarta-feira à noite, o SVB, banco financiador de startups no Vale do Silício, surpreendeu o mercado ao anunciar que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões para equilibrar suas contas. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O anúncio gerou pânico nos mercados e os clientes da instituição correram para sacar mais de U$ 40 bilhões de depósitos, gerando a maior crise no setor desde 2008.
A derrocada é outra consequência da campanha agressiva do Fed em subir juros para controlar a inflação. De um lado, os rápidos aumentos de juros forçam os bancos a pagar rendimentos maiores para reter depósitos. De outro, o aumento do rendimento dos títulos reduz o valor dos bonds mantidos nos balanços dos bancos, pressionando a sustentabilidade financeira das instituições.
Os bancos possuem muitos desses títulos, incluindo títulos do Tesouro, e agora estão sentados em gigantescas perdas não realizadas. Além disso, quando as taxas de juros sobem, as startups têm mais dificuldade em acessar financiamento com os empréstimos ficando mais caros. A combinação de fatores foi responsável pela corrida de resgates no SVB.
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