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CEO da Ripple não recomenda abertura de empresas cripto nos EUA e diz: 'Brasil está à frente'

Empresa norte-americana que utiliza sexta maior criptomoeda do mundo para soluções em pagamentos está focando no mercado global e lança produto no Brasil

Brad Garlinghouse, CEO da Ripple (Ripple/Divulgação)

Brad Garlinghouse, CEO da Ripple (Ripple/Divulgação)

Brad Garlinghouse, CEO da Ripple, esteve esta semana no Brasil para divulgar o novo lançamento da empresa no país. Chamado de on-demand liquidity (ODL), ou “liquidez sob demanda” em português, o produto promete melhorias na forma como transações internacionais são feitas. Na ocasião, o executivo também comentou o cenário regulatório mundial para as criptomoedas e os planos da empresa no mercado brasileiro.

O sistema ODL torna as transações mais rápidas e com custos mais baixos, de acordo com as empresas. Utilizando a XRP, sexta maior criptomoeda do mundo, o ODL permite que clientes enviem dinheiro para qualquer lugar do mundo instantaneamente, sem a necessidade de manter capital pré-financiado no mercado de destino.

(Mynt/Divulgação)

Em entrevista à EXAME, Garlinghouse comentou sobre os planos da Ripple na utilização da tecnologia blockchain para superar os trilhos tradicionais de pagamento internacional.

“Esses trilhos de pagamento tradicionais são bem grandes, com empresas que valem trilhões enquanto a Ripple ainda está nos bilhões. Mas esses trilhos são limitados em custos e velocidade”, disse. De acordo com o executivo, a solução que aterrissou no Brasil esta semana já representa 50% das transações da RippleNet.

A partir de iniciativas como o Pix e o Real Digital, o Brasil estaria se posicionando na vanguarda da tecnologia blockchain e demonstrando o potencial de atrair grandes empresas, como a própria Ripple.

“Temos uma relação com o banco central do brasil, e eles já estão falando sobre CBDCs então sem dúvidas, eu acho que o Brasil está a frente de muitos países. O Pix e o LIFT Challenge são exemplos onde o Brasil demonstrou sua liderança. A Ripple já se provou como um player deste mercado, então acreditamos que poderemos continuar crescendo nele”, disse Brad Garlinghouse à EXAME.

Apesar de reconhecer as oportunidades de negócio no país, o CEO, que é norte-americano, lamentou por não observar a mesma abordagem aos criptoativos em seu país de origem.

“Infelizmente para mim como um residente americano, eu acho que em alguns casos do Brasil está à frente dos EUA”, disse.

A indústria cripto americana estaria “presa no fogo cruzado entre a SEC e o Tesouro”. Isso porque, segundo ele, o Tesouro norte-americano enxerga a XRP, criptomoeda utilizada pela Ripple em suas soluções, como uma moeda, enquanto a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) afirma que se trata de um valor mobiliário, gerando uma discussão sobre como o ativo seria regulamentado. A Ripple, inclusive, enfrenta a SEC em um processo jurídico no país.

“Acho que isso é triste para o mercado cripto americano, mas sinceramente, beneficia o mercado fora dos EUA. Se você é um empresário que quer começar um negócio em cripto ou no blockchain, um conselho que eu te dou é: não faça isso nos EUA” afirmou o CEO da empresa, atualmente sediada nos Estados Unidos.

A Ripple possui mais de 90% de seus clientes e da atividade na RippleNet vinda de outros países que não os Estados Unidos, segundo dados informados por Garlinghouse. “Não importa o que aconteça, continuaremos uma empresa global”, disse. A empresa tem o objetivo de ter ao menos 50% de suas novas contratações fora dos Estados Unidos em 2022.

“Estamos intencionalmente contratando mais pessoas fora dos EUA. Não é por acidente. Nosso objetivo é ter 50% dos novos contratados em 2022 de fora do país. Estamos contratando em São Paulo, Singapura e Londres”, afirmou Garlinghouse.

Apesar das dificuldades regulatórias que a empresa enfrenta nos Estados Unidos e o seu claro foco no cenário global, o CEO revelou que ainda não tem perspectivas para uma possível mudança de sede para outro país e se demonstrou otimista quanto ao seu país de origem.

“Ainda não decidimos se vamos sair dos EUA. Parte porque estamos esperando para ver o que vai acontecer no cenário regulatório. Existem alguns projetos de lei tramitando no Congresso que, se aprovados, ajudariam muito. Estou otimista de que isso vai acontecer”, concluiu.

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