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Blockchains públicos são "risco" para os bancos tradicionais, diz BIS

Em relatório, "banco central dos bancos centrais" destacou que "dependência" de terceiros por redes públicas dificulta adoção por bancos

BIS é considerado o "banco central dos bancos centrais" (BIS/Divulgação/Divulgação)

BIS é considerado o "banco central dos bancos centrais" (BIS/Divulgação/Divulgação)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 2 de setembro de 2024 às 17h53.

O BIS, considerado o "banco central dos bancos centrais", publicou um relatório em que afirma que os blockchains públicos representam um "risco" para os bancos tradicionais, dificultando a adoção desses projetos pelas instituições do mercado. Entre as redes públicas, estão as maiores e mais famosas do mercado, como a Ethereum e o Bitcoin.

No relatório, analistas da instituição afirmam que "certos riscos decorrem da dependência desses blockchains com relação a terceiros desconhecidos, o que torna difícil para os bancos realizarem a devida diligência e supervisão. Estes riscos exigem novas estratégias e salvaguardas de gestão de riscos [por parte dos bancos]".

Entretanto, o BIS avalia que "as práticas atuais para mitigação destes riscos permanecem em vários estágios de desenvolvimento e não foram testadas sob estresse", o que dificulta a garantia de que seria possível conciliar as características dessas redes com as necessidades de segurança de informação, privacidade e autonomia operacional dos bancos.

No relatório, os analistas do banco apresentam uma série de desdobramentos dos chamados "blockchains não-permissionados", ou seja, aqueles que podem ser acessados por qualquer usuário. Um deles é o risco de governança, já que as redes dependem de concordância entre os seus nós para validarem e registrarem informações. Entretanto, o caráter público faz com que as instituições dependam de usuários desconhecidos para isso.

"Dependendo do grau de descentralização da governança, os bancos poderão ter dificuldades em realizar uma devida diligência eficaz e supervisão de terceiros. Além disso, quando os participantes não conseguem chegar a acordo sobre as atualizações das regras da rede, podem dividir o próprio blockchain, muitas vezes referido como um hard fork", destaca o BIS.

O relatório cita ainda um risco de tecnologia, já que a própria lógica de funcionamento das redes públicas poderia permitir que usuários e donos de nós agissem para prejudicar as instituições financeiras. Haveria, ainda, um risco jurídico, desdobrado em possíveis usos das redes para crimes de lavagem de dinheiro e financiamento de terrorismo e ao descumprimento de leis de privacidade de dados dos clientes dessas empresas.

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O BIS reconhece que existem "possíveis mitigadores" para essa questão, mas pontua que eles ainda estão em desenvolvimento e podem não se comprovar como eficazes. "Embora as soluções baseadas em tecnologia para estes riscos ainda não estejam maduras, desenvolvimentos podem gerar novas soluções (e riscos) que podem exigir uma análise mais aprofundada", destacou.

A posição do BIS reflete uma preocupação de bancos centrais ao redor do mundo. No Brasil, por exemplo, o desenvolvimento do Drex - a versão digital do real - ocorre em uma rede de registro distribuído (DLT) permissionada, não sendo, portanto, aberta ao público como as redes de projetos famosos no mundo das criptomoedas.

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