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Bitcoin deve ter ano de recuperação, e analistas sugerem alta para US$ 30 mil

Mercado já se dividiu entre possíveis direções da maior criptomoeda do setor, mas quadro macroeconômico deve definir movimento

Bitcoin deve ter 2023 melhor que o ano anterior, na visão de analistas (Getty Images/Reprodução)

Bitcoin deve ter 2023 melhor que o ano anterior, na visão de analistas (Getty Images/Reprodução)

Projetar a cotação do bitcoin não é uma tarefa fácil. A combinação da própria volatilidade do mercado de criptomoedas com a imprevisibilidade na macroeconomia global e no próprio setor acaba gerando uma série de surpresas que muitas vezes fazem analistas caírem do cavalo. Não à toa, já no início desse ano o mercado se dividiu em apostas que vão de US$ 8 mil até US$ 250 mil.

À EXAME, especialistas destacaram a importância de ver essas previsões com cautela. Mesmo assim, eles acreditam 2023 deve ser um ano um pouco melhor para o setor que 2022, com espaço para a principal criptomoeda do mercado ter uma leve recuperação.

O fator determinante para isso, porém, será o mesmo de 2022: os próximos passos do Federal Reserve no ciclo de alta de juros dos Estados Unidos. Foi o seu início, no ano passado, que concretizou a entrada do segmento no chamado inverno cripto, fazendo o bitcoin cair cerca de 70% em relação ao seu valor mais alto, de 2021.

O futuro do bitcoin

Ayron Ferreira, head de análise da Titanium Asset, afirma que, historicamente, o bitcoin nunca teve dois anos consecutivos de queda. Ou seja, o comportamento passado da criptomoeda já aponta para uma mudança em 2023. Ele lembra ainda que o novo ano antecede o halving, quando a oferta do ativo liberada na mineração é reduzida pela metade.

"Historicamente, anos pré-halving costumam ser de consolidação de preço, lateralidade, para que depois do halving rompa preços, até máximas históricas. Por isso, acredito que vá ter uma lateralização em 2023, com espaço para recuperações", explica.

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Nesse sentido, ele vê projeções de que o bitcoin terminará 2023 na casa dos US$ 30 mil como "mais realistas, prováveis". "O pior do pior já passou, 2022 foi um ano atípico de muitas coisas acontecendo de forma muito rápida, não vejo espaço para ocorrer na mesma intensidade neste ano. O mercado está sentindo bastante, mas os fundamentos seguem os mesmos".

Ferreira vê a adesão de players institucionais, como Mastercard e Visa, aos criptoativos como um sinal positivo para o setor. Há, ainda, a necessidade de ter uma "visão de longo prazo". "São ativos que subiram 300%, 100%, e corrigiram 60%. Se olha só o ano, esquece toda a valorização acumulada no passado. Não acho que seja a hora de se desfazer, é preciso olhar para o longo prazo, uma janela maior".

Para Alexandre Ludolf, diretor de investimentos da QR Asset Management, uma cotação final em 2023 na casa dos US$ 30 mil também é possível, com US$ 35 mil sendo o número de um "cenário otimista": "Acho que é mais fácil o bitcoin multiplicar por dois do que dividir por dois. Multiplicar seria voltar para metade do caminho que caiu, uns US$ 32 mil, em relação à alta histórica. Em geral, essas voltas no mercado de 50% sempre ocorrem, até se pensar em análises técnicas".

Ele ressalta que o fator determinante para o comportamento da criptomoeda neste ano será as decisões de juros do Federal Reserve. Apenas quando a autarquia sinalizar que o ciclo está acabando, o bitcoin encontrará espaço para voltar a valorizar e crescer em meio a uma dinâmica de juros e inflação melhor.

Ao mesmo tempo, Ludolf observa que será preciso ficar de olho na situação geopolítica e econômica global. Novidades negativas envolvendo Ucrânia e Rússia ou então a sensação de que o Fed não vai parar de subir juros em 2023 tendem a prejudicar as criptomoedas.

Também será necessário ficar atento à saúde do setor, já que outras falências de grandes empresas, como a Digital Currency Group ou a Binance, prejudicariam fortemente o bitcoin e outros criptoativos. "[O setor] precisa que a confiança volte, ter desfechos de problemas que existem hoje em grandes empresas", defende.

"Temporalmente, não sei se o bitcoin cai antes de subir, mas o fechamento de 2023 é acima do de 2022, pensando também em outras métricas, como mineração, comportamento. O pior já passou", projeta.

Já Rodrigo Zobaran, analista da Kinea, destaca que as criptomoedas são ativos "muito voláteis", e que "previsão de preço de mercado é essencialmente falar qual é a volatilidade que o ativo vai ter, e é difícil acertar isso. Pode dizer valores, mas é impossível determinar isso".

Ele acredita que há um "risco real" do preço do bitcoin cair se houve "algo sistêmico" no setor, como medidas regulatórias negativas ou novas falências como da FTX. Ao mesmo tempo, ele acha importante não superestimar o curto prazo e focar no longo prazo para o segmento.

"No curto prazo, é mais seguro apostar em preços para criptomoedas seguindo as ações de tecnologia. No longo prazo, tem mais coisa interessante, tecnologias mais bacanas sendo desenvolvidas, bancos importantes começando a entrar, e aos poucos essas coisas vão ganhando momento, mas não em 2023", opina.

Zobaran diz que "o olho da tempestade passou, o problema é se aparecer outra grande tempestade à frente". Nesse caso, o maior risco para o mercado seria a Binance, atualmente maior corretora de criptomoedas do mundo: "um problema com eles poderia ser mais grave que o da FTX. No caso da FTX, o pior parece ter passado, a coisa mais relevante que ainda pode ocorrer é alguma reação regulatória nos EUA, que ainda está esperando para ver se vai acontecer".

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