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B3 quer levar investimentos à blockchain e pode começar a tokenizar ativos

Presidente da B3 enxerga espaço para que Bolsa de Valores brasileira atue na tokenização de ativos não digitais, ressaltando a importância da tecnologia para simplificar transações e negociações

B3; Ibovespa (B3SA3) (Eduardo Frazão/Exame)
LJ

Lucas Josa

Publicado em 3 de novembro de 2021 às 12h11.

Última atualização em 4 de novembro de 2021 às 10h23.

A B3, a bolsa de valores do Brasil, que até 2019 sempre se negou a comentar publicamente seus interesses ou planos para o mercado de criptoativos agora vê nas criptomoedas, depois de fundos multimercado e a estreia de vários ETFs, uma grande possibilidade de novos negócios.

Segundo revelou ao portal Seu Dinheiro, Gilson Finkelsztain, presidente da B3, enxerga espaço para a Bolsa brasileira atuar no espaço de tokenização de ativos não digitais e, com isso, concorrer em um segmento hoje dominado por empresas com foco voltado para criptoativos, como Mercado Bitcoin, Liqi e que conta também com o BTG Pactual com o token ReitBZ.

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“Comprar o token de um ativo que não é digital, como uma obra de arte, um imóvel ou um carro, é interessante e é algo que a B3 tem que olhar”, disse.

Finkelsztain revelou que vê na tokenização um negócio promissor e que pode abrir um novo mercado, diferente de propostas de finanças descentralizadas (DeFi) que tem interesse em tokenizar ações.

“Dentro das chamadas finanças descentralizadas (Defi), não acho interessante explorar o token de ações, porque isso já existe. É fácil comprar uma ação ou uma fração de ação da Vale.

Agora, comprar o token de um ativo que não é digital, como uma obra de arte, um imóvel ou um carro, é interessante... Qualquer ativo que tem um custo alto de transação tem um viés de simplificação da negociação se você traz para o mundo digital. A gente viveu isso nos últimos anos com os ativos cartulares, como o CRI (certificado de recebível imobiliário)",disse.

Ainda segundo ele, dentro deste pensamento, as finanças descentralizadas podem trazer inovação.

"E as corretoras de criptoativos têm provocado isso, então a B3 tem um aprendizado nesse sentido", afirma.

Falta de regulamentação

O presidente da B3 cita contudo a falta de regulamentação como um entrave para o avanço do setor no país e que isso também impede outras iniciativas de entes regulados de entrar mais a fundo nesse mercado.

“A gente está trazendo vários produtos de cripto para dentro da B3. Já temos mais de 160 mil investidores nos cinco ETFs, e estamos estudando o lançamento de derivativos de criptomoedas. Mas é preciso dizer que as empresas que atuam nesse mercado se vendem como bolsa (corretoras), mas na verdade não são bolsas, porque não tem regra nenhuma", apontou.

Finkelsztain aponta que as empresas que compram e vendem criptomoedas no Brasil são, no seu entendimento, corretoras e que não têm absolutamente nenhuma regulação.

"O custo de operação é muito mais alto e a proteção para o investidor é muito menor. Custa umas 50 vezes mais caro operar criptomoedas do que ações. E depois dizem que a bolsa é cara… Mas me preocupa a falta de regulação das criptomoedas, porque a história mostra que os inocentes acabam pagando caro por isso.”, comentou.

Neoway

Em seus planos de entrar no mercado de dados digitais a B3 anunciou recentemente a aquisição da Neoway, uma empresa de tecnologia especializada em exploração e análise de dados e inteligência artificial.

A Bolsa brasileira desembolsou R$ 1,8 bilhão para concretizar o negócio que abrirá uma nova área de atuação para a B3 em um mercado de R$ 4 bilhões ao ano, com alto potencial de crescimento e que vai agregar novas fontes de receita à companhia.

A B3 venceu uma concorrência disputada com a Serasa Experian para viabilizar sua maior aquisição desde 2017, quando da conclusão da compra da Cetip pela BM&FBovespa.

A transação será paga integralmente com dinheiro, mas ainda terá que ser submetida à aprovação dos acionistas da companhia, além de passar pelo crivo dos reguladores. No caso, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Gilson Finkelzstain declarou que a B3 tem a intenção de investir em novas áreas da economia digital além da análise de dados. "Dentro da nossa estratégia de crescimento queremos também crescer em seguros, em negociação de crédito de carbono e recebíveis de cartões", disse Finkelzstain à reportagem.

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, a B3 pode ser o oráculo de informações para o sistema de contratos inteligentes do Real Digital, que atualmente encontra-se em fase de testes com vistas à sua implantação. Oráculos funcionam como fornecedores de dados do mundo real para sistemas fechados de informação, como redes blockchain.

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