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Após negar demissões, Coinbase anuncia reestruturação e corta mais de 1.000 funcionários

Depois de afirmar que notícia sobre demissões estava "em desacordo com posicionamento oficial da companhia", Coinbase anuncia reestruturação e corte de 18% dos funcionários

Documentos enviados à SEC detalham plano de reestruturação da Coinbase, que inclui corte de 1.100 funcionários (SOPA Images/Getty Images)

Documentos enviados à SEC detalham plano de reestruturação da Coinbase, que inclui corte de 1.100 funcionários (SOPA Images/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 14 de junho de 2022 às 14h08.

Última atualização em 14 de junho de 2022 às 14h31.

Contrariando anúncio oficial divulgado no final da última semana, a corretora cripto Coinbase divulgou nesta terça-feira, 14, documentos sobre um plano de reajuste orçamentário que inclui a demissão de cerca de 18% dos seus funcionários, totalizando aproximadamente 1.100 cortes.

(Mynt/Divulgação)

Como tem capital aberto, com suas ações sendo negociadas na Nasdaq desde abril do ano passado, a Coinbase é obrigada a divulgar relatórios periódicos e informar publicamente uma série de decisões, como neste caso, à SEC, a CVM dos EUA.

"Em 14 de junho de 2022, a Coinbase Global anunciou um plano de reestruturação para gerenciar suas despesas operacionais em resposta às condições atuais do mercado e aos esforços contínuos de priorização de negócios. O plano envolve uma redução da força de trabalho da empresa em aproximadamente 1.100 funcionários, representando aproximadamente 18% da força de trabalho global da empresa em 10 de junho de 2022", diz o documento.

A data citada pela Coinbase mostra que a empresa omitiu as demissões, divulgadas pela EXAME na última semana, e que foram desmentidas em diferentes oportunidades, inclusive na última segunda-feira, 13, quando a empresa afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que as informações divulgadas sobre as demissões estavam "em desacordo com o posicionamento oficial da companhia".

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Nesta terça, entretanto, a documentação enviada à SEC sugere que as demissões já tinham sido decididas na última semana. Além disso, o número de cortes foi muito maior do que o especulado, totalizando cerca de 1.100 funcionários demitidos, e não 320 como havia sido divulgado.

O documento enviado à SEC pela Coinbase também mostra que a empresa pretende reduzir o seu quadro para cerca de 5.000 funcionários até o final do mês, quando se encerra o atual trimestre fiscal. A companhia também diz esperar que a execução do plano de reestruturação seja concluída no segundo trimestre de 2022.

Cofundador e CEO da empresa, Brian Armstrong divulgou comunicado no site oficial da Coinbase comentando as demissões e o plano de reestruturação. "Hoje tomo a difícil decisão de reduzir o tamanho da equipe em cerca de 18%, para garantir que sigamos saudáveis durante essa desaceleração econômicas", afirmou no texto, que segundo ele foi enviado aos funcionários da empresa antes da sua publicação na Internet.

O texto também afirma que a empresa "cresceu rápido demais" durante a última alta do mercado cripto, passando de 1.250 funcionários no início de 2021 para mais de 6.000 atualmente. "Parece que estamos entrando em uma recessão após mais de 10 anos de um 'boom' econômico", completou, justificando a medida.

Procurada, a Coinbase divulgou tradução de trecho do texto de Armstrong e um comunicado em que fala sobre os planos de chegada da corretora ao Brasil: "Enquanto estamos reestruturando nossa equipe, nossa ambição e compromisso com o Brasil permanecem fortes. Como compartilhamos recentemente, contratamos o diretor de nosso país, temos mais de 40 engenheiros em tempo integral no Brasil e também estamos investindo no ecossistema de startups local através da Coinbase Ventures. Vemos o Brasil como um mercado chave para a entrada da Coinbase na América Latina, e estamos entusiasmados em continuar investindo e construindo aqui".

As demissões na Coinbase não chegam a surpreender, considerando o mau momento do mercado cripto, que sofre com fortes quedas desde o início do ano, intensificadas nesta semana, e que já provocou movimento de cortes em várias outras grandes empresas do setor, em especial corretoras, como Mercado Bitcoin, Bitso, Gemini, entre outras.

No caso da Coinbase, a situação é ainda mais delicada porque, por ser negociada em bolsa, tem seus balanços divulgados publicamente, o que torna o mau momento financeiro visível para qualquer pessoa. Na divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2022, os números foram bastante negativos, como um prejuízo líquido de US$ 430 milhões no período.

O mau resultado se reflete também no preço das ações da companhia, que acumulam queda de 79,5% no ano e queda de 85% desde o IPO, em abril de 2021. Recentemente, a empresa também perdeu o posto de segunda maior corretora cripto do mundo, ultrapassada pela FTX.

ATUALIZAÇÃO, 14/6 às 14h29: O texto foi alterado para inclusão do posicionamento oficial da Coinbase.

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