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Ações do Facebook e PayPal despencam e mostram vantagens do mercado cripto

Com pregão em horários definidos, investidores não podem se defender em queda brutal de ações de big techs; mercado cripto, que não fecha nunca, dá mais opções, dizem especialistas

Mark Zuckerberg, CEO do Meta (antigo Facebook): ações despencaram 26% nesta quinta-feira (Drew Angerer/Getty Images)

Mark Zuckerberg, CEO do Meta (antigo Facebook): ações despencaram 26% nesta quinta-feira (Drew Angerer/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 3 de fevereiro de 2022 às 19h40.

Última atualização em 4 de fevereiro de 2022 às 12h15.

Uma das críticas mais comuns ao mercado de criptomoedas é sobre a sua volatilidade. De fato, o setor ainda sofre com oscilações de preço muito grandes, em intervalos curtos de tempo. Mas a performance recente do mercado de ações dos EUA mostra que isso não é exclusividade dos ativos digitais, ao mesmo tempo em que especialistas apontam fatores técnicos que tornam o mercado cripto menos arriscado - pelo menos quando o assunto é volatilidade.

A discussão veio à tona com as quedas recentes nos papeis de empresas como PayPal e Meta (antigo Facebook), ambas negociadas na Nasdaq. Na quarta-feira, 2, a empresa de pagamentos viu suas ações despencarem mais de 25%, enquanto a gigante das redes sociais caiu quase 27% nesta quinta. Nos dois casos, os papeis abriram os pregões em queda, devido ao pessimismo do mercado quanto aos balanços das empresas divulgados na noite anterior.

Assim, investidores que tinham ações do PayPal na terça-feira, acordaram na quarta com ativos valendo 25% menos, sem nenhuma possibilidade de se defender ou de vender no início do movimento de baixa. O mesmo aconteceu com os papéis do Facebook nesta quinta-feira.

"O mercado cripto funciona 24 horas por dia, sete dias por semana. Não temos essa descontinuidade do mercado de ações. Quem tinha FB ontem, acordou hoje sem poder fazer nada, enquanto o ativo derreteu. No mercado de ações, a gestão de risco é dia a dia. Se alguma coisa quebrar no meio do caminho [entre um pregão e outro], você só vai saber amanhã. Cripto é na hora. Se começa a cair, você pode vender antes que caia mais, se for o caso. É um sistema muito mais eficiente", comentou André Portilho, head de Digital Assets do BTG Pactual.

O fundador e CEO da corretora cripto FTX, Sam Bankman-Fried (SBF), apontado como um dos nomes mais influentes da indústria blockchain no mundo em 2021, falou sobre o assunto na última edição do Future of Money, no final de janeiro (assista no player abaixo): "É importante entender o poder da gestão de risco em cripto. Imagine colocar uma alavancagem de cinco vezes em um contrato da CME [Bolsa de Chicago especializada em contratos futuros] às 15h de uma sexta-feira, e no sábado estoura uma guerra entre dois países. Você vai ter que esperar dias para poder fazer alguma coisa! Em cripto, ao contrário, você precisa pensar sobre o risco dos próximos dois ou três minutos, não dois ou três dias. E você começa a observar movimentos de 5 a 10% em casos extremos, ao invés de, sei lá, 50%".

A diferente dinâmica do mercado cripto permite aos investidores um maior controle dos seus investimentos - não apenas pelo horário de funcionamento ininterrupto, mas também pelo maior acesso a dados, já que as informações em blockchain são públicas, enquanto no mercado de ações a maioria dos dados ficam em posse de bancos, corretoras e das próprias empresas, que divulgam apenas aquilo que lhes interessa.

Mas, além disso, há estudos que mostram que o comportamento de muitas ações é frequentemente pior do que do bitcoin em termos de volatilidade. Segundo levantamento da gestora VanEck, 112 empresas presentes no índice de ações S&P 500 - o principal dos EUA - tiveram maior volatilidade do que o bitcoin num período de 90 dia em 2020. Quando o período é anual, o número é ainda maior, de 145 empresas.

Para Sam Bankman-Fried, o mercado financeiro tradicional ainda carrega consigo uma infraestrutura antiga, já ultrapassada e, em sua opinião, muito bagunçada. "Acho que isso não faz sentido. São resquícios históricos e eu ficaria muito animado em ver o mercado cripto influenciando os mercados tradicionais, porque penso que isso realmente ajudaria o investidor a ter acesso igualitário e eficiente" disse, completando que a volatilidade do mercado cripto tende a diminuir com o tempo, ao mesmo tempo em que a infraestrutura evolui para suportar os momentos de grande oscilação.

Até que isso de fato aconteça, o mercado cripto ainda viverá momentos de grande volatilidade, possivelmente para sempre. Mas com infraestrutura moderna, processos e plataformas ágeis e eficientes, e um mercado que não fecha nunca, o investidor tem as ferramentas que precisa para gerenciar o próprio risco e evitar prejuízos - ou acordar com seu portfólio valendo um quarto a menos do que na hora em que foi dormir.

https://youtu.be/Kz8RfqvoVvc?t=4253

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