Investidores institucionais devem se aproximar de cripto em 2024 (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 14h03.
Conforme o ano de 2023 se aproxima do fim, o mercado já começa a compartilhar as suas projeções para 2024. Entre elas, estão expectativas sobre quais temas, movimentos e projetos deverão se tornar uma tendência ao longo dos próximos anos, ajudando a mudar e a determinar o futuro do mercado de criptomoedas.
Diferentemente de 2022, o mercado teve um ano mais positivo, com fortes valorizações e avanço em temas como regulação e adoção. Com isso, especialistas compartilharam com a EXAME perspectivas mais otimistas para o setor, indicando que alguns temas relevantes em 2023 deverão voltar e ganhar tração. Confira:
Dan Yamamura, fundador e sócio da Fuse Capital, avalia que, após 2023, a infraestrutura em blockchain "está pronta para uma série de evoluções em serviços e produtos financeiros". Entretanto, ela ainda enfrenta uma barreira: "ainda não existe uma regulamentação específica para tornar esses produtos e serviços escaláveis. Ou seja, há gargalos regulatórios que são impeditivos para algumas tecnologias e produtos dentro da infraestrutura blockchain".
Entretanto, o especialista espera que esse cenário mude de forma mais acelerada ao longo de 2024. "Hoje, já há alguns produtos e serviços dentro das plataformas que não infringem nada as regras da CVM, mas que se escalar passa a enfrentar alguns problemas em relação às regulamentações. Então é preciso avançar nessa área para que esses instrumentos possam ser usados em maior escala", destaca.
Para Luiz Hadad, consultor de criptomoedas da Sherlock Communications, a grande tendência no mercado cripto em 2024 é um "crescente interesse institucional por soluções que utilizam blockchain", o que deve levar a uma adoção maior da tecnologia por parte de grandes empresas tradicionais.
Ele ressalta que, no Brasil, a tokenização de ativos reais tende a ser impulsionada pelo Drex, a versão digital do real que "pode ser utilizada como infraestrutura que possibilita a tokenização ativos reais e financeiros. Isso, em última instância, promete reduzir custos de transação e de crédito, devido à utilização de smart contracts para aumentar a transparência e confiança dos sistemas de pagamento".
Hadad lembra que o lançamento do Drex deverá acontecer até o início de 2025, "mas durante 2024 teremos muitas novidades que servirão de referência para diversos outros países no mundo que estão em processo de lançamento de suas CBDCs [moedas digitais de bancos centrais]".
Além das empresas, os investidores institucionais, que possuem mais capital e portfólios diversos, também deverão aumentar sua presença no mercado de criptoativos. É o que projeta Aaron Sears, vice-presidente sênior de Sucesso do Cliente Global da Ripple.
No caso do Brasil, ele afirma que "seguindo a futura regulamentação, prevista para meados de 2024, veremos avanços significativos nos investimentos institucionais na região, fortalecendo a legitimidade do mercado, impulsionando ainda mais o crescimento e criando novas oportunidades para startups e players já estabelecidos".
"A abordagem proativa do Brasil em relação à regulamentação também é susceptível de inspirar outros países da América Latina a desenvolverem seus próprios quadros regulatórios, promovendo a colaboração regional para criar um mercado mais coeso. Isso beneficiará toda a região da América Latina, permitindo que a inovação floresça, facilitando transações transfronteiriças mais eficientes e incentivando soluções baseadas em tokenização em diversos setores", acredita o executivo.
Um dos temas que mais animou os investidores em 2023 foi a abertura de solicitações junto à SEC para o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs) de preço à vista do bitcoin nos Estados Unidos, um movimento encabeçado pela gigante BlackRock, que possui mais de R$ 25 trilhões em ativos sob gestão.
E Fábio Plein, diretor regional da Coinbase para as Américas, acredita que o tema continuará sendo um dos destaques de 2024. "Os Estados Unidos nos EUA e no Brasil desempenham um papel importante ao permitir que mais pessoas acessem o ecossistema cripto e a aprovação de ETFs de bitcoin à vista acelerará esse processo e aumentará significativamente o mercado em todo o mundo".
"Além disso, a aprovação lançará as bases para um mercado mais regulamentado, com um crescimento significativo da procura. A aprovação abrirá as portas do mercado para novas classes de investidores e aliviará as restrições aos grandes gestores de dinheiro e instituições para comprar e manter bitcoin, o que melhorará a liquidez e o preço para todos os participantes do mercado", projeta.
Já Guilherme Sacamone, gerente-geral da OKX no Brasil, acredita que a Web3 - considerada a próxima geração da internet - voltará a avançar em 2024, com a perspectiva de novos serviços financeiros descentralizados e uma "adoção generalizada" da Web3 por usuários e empresas.
Sacamone avalia que os dois temas são "tendências-chave no cenário de criptomoedas no Brasil". "No entanto, compreendemos que os usuários brasileiros têm apreensões em relação à segurança e confiabilidade", dois temas que precisarão melhorar para garantir uma expansão do segmento.
"Somente através de sistemas responsáveis, transparentes, com garantias de segurança, as promessas econômicas e sociais das criptomoedas e da Web3 podem se concretizar no Brasil", defende o executivo.
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