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5 milhões de brasileiros se antecipam ao Facebook e já estão no metaverso

Pesquisa do Ibope sugere que Facebook não terá vida fácil para ser protagonista da nova forma de interação online, onde 6% da população brasileira já interage

Segundo especialista, metaverso do Facebook seria "falso" e comparável à Disneylândia (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

Segundo especialista, metaverso do Facebook seria "falso" e comparável à Disneylândia (MR.Cole_Photographer/Getty Images)

Cointelegraph Brasil

Cointelegraph Brasil

Publicado em 3 de dezembro de 2021 às 12h14.

Última atualização em 7 de dezembro de 2021 às 12h07.

A mais nova transformação tecnológica do século 21 já está em andamento no Brasil - e fora das timelines do Facebook (ou Meta), apesar da disposição de Mark Zuckerberg para liderar a construção do metaverso.

Pesquisa do instituto Kantar Ibope Media revela que 6% dos brasileiros com acesso à internet já tiveram algum tipo de experiência no metaverso, informou uma reportagem do UOL publicada na segunda-feira. De acordo com o instituto, o número equivale a 4,9 milhões de pessoas.

Enquanto Zuckerberg delimitou um horizonte temporal de 10 a 15 anos para que o metaverso se concretize em sua plenitude, sob a forma de ambientes virtuais em três dimensões onde as pessoas vão poder interagir socialmente através de avatares, versões inaugurais do metaverso já vêm atraindo usuários aficionados por tecnologias que despontaram nos últimos tempos. Os chamados "early adopters" - pioneiros na adoção em tradução literal.

A pesquisa mostra que 91% dos brasileiros que já transitaram em algum ambiente virtual autônomo são aqueles que procuram acompanhar e experimentar as novas tendências tecnológicas disseminadas através da internet.

Assim como acontece na maior parte do mundo, os jogos são a principal porta de entrada dos brasileiros para o metaverso - 89% disse engajar-se cotidianamente em jogos eletrônicos de alguma natureza.

"League of Legends" e "Fortnite" são os jogos favoritos dos exploradores do metaverso no Brasil. Ambos funcionam como um ambiente de imersão digital onde acontecem espetáculos multimídia virtuais, como festas e festivais de música, e incluem compra de ativos digitais para serem utilizados nas próprias plataformas dos jogos. Tratam-se de plataformas centralizadas, nas quais o usuário não se beneficia dos sistemas econômicos subjacentes.

A pesquisa Kantar Ibope Media não faz distinção entre metaversos centralizados e descentralizados. Portanto, não é possível ter uma ideia de qual a participação dos jogos em blockchain do modelo "play-to-earn" no engajamento dos avatares brasileiros.

Por outro lado, a pesquisa revela que os brasileiros têm boa disposição para engajamento em eventos culturais ou corporativos em ambientes virtuais. "Há uma chuva de pedidos por ambientes em metaverso", disse à reportagem Binho Dias, diretor de produto da Blitzar, uma plataforma dedicada à produção de eventos virtuais.

Algumas empresas estão utilizando o metaverso para promover seus produtos com novas estratégias de marketing. As lojas Renner criaram um loja 3D virtual em que os clientes podem visualizar as peças e comprá-las durante eventos realizados ao vivo. Este conceito é denominado "live commerce". Já uma marca de cerveja criou um bar dentro do jogo "GTA Online".

Segundo o diretor do Kantar Ibope Media, Paulo Arruda, o sucesso do metaverso depende menos do fascínio causado pela tecnologia em si e mais da utilidade que estes ambientes virtuais podem oferecer aos usuários:

"O ponto de virada é criar utilidade, ou seja, fazer com que a tecnologia faça sentido para as pessoas: seja como entretenimento, serviço ou para facilitar na execução de tarefas. Caso contrário, quando as pessoas não veem um propósito, a adesão tende a ser mais baixa."

Facebook (Meta)

Embora esteja em fase de desenvolvimento, não são exatamente claras as intenções do Facebook em relação ao metaverso. Na comunidade cripto, há quem acuse a empresa de que seu projeto de metaverso é apenas uma forma aprimorada de extrair dados dos usuários sem oferecer-lhes contrapartidas, replicando o modelo de negócios da rede social.

Um conceito central do metaverso conforme proposto por plataformas descentralizadas e criptonativas como Decentraland (MANA) e The Sandbox (SAND) é o de conceder a propriedade de ativos digitais aos usuários para que eles possam explorá-los economicamente.

Muitos duvidam que a empresa de Zuckerberg seja capaz de incorporar esse modo de ser, que lhe é estranho e até agora incompatível com suas estratégias de negócios.

Em um painel durante a conferência Reuters Next, promovida pela agência de notícias nesta semana, Yat Siu, presidente e cofundador da Animoca Brands, um dos principais estúdios de criação de games e plataformas para o metaverso, comparou o Facebook à Disneylândia para questionar as intenções da Meta - a marca repaginada do Facebook cujo foco é o metaverso:

O que o Facebook está fazendo com o Meta [...] é um 'metaverso falso', a menos que eles tenham uma descrição real de como os usuários poderão efetivamente possuí-lo. Até agora é como a Disneylândia. É um belo lugar para passear, mas provavelmente não vamos querer realmente morar lá. Não é o tipo de lugar em que podemos criar um negócio."

Metaverso em alta nos mercados financeiros

Desde o anúncio da mudança da marca de Facebook para Meta, as ações da empresa desvalorizaram-se em 3,8%. Enquanto isso, no mercado de criptomoedas, tokens vinculados à projetos de metaverso descentralizados dispararam, rompendo máximas históricas e acumulando ganhos acima de 700% em 30 dias, no caso do SAND, token nativo do The Sandbox.

Outros tokens que se destacaram ao longo de novembro foram o GALA, da plataforma de jogos Gala Games, o MANA, do metaverso Decentraland, e o ENJ, da Enjin, blockchain cujo foco são jogos e NFTs.

Mas não foi apenas o mercado cripto que se beneficiou do recente hype do metaverso. Uma reportagem do jornal O Globo revelou que a transformação do Facebook em Meta teve um impacto altamente positivo sobre um ETF (fundo de índice) lançado em junho deste ano com a intenção de capturar lucros de empresas que poderiam se beneficiar de um futuro em que as pessoas viessem a dedicar boa parte de suas vidas à interações em ambientes virtuais.

Até o final de outubro, o Round Hill Ball Metaverse, que curiosamente ostenta o símbolo META, tinha apenas alguns milhões de dólares sob gestão. Desde então, o fundo cresceu 548%, e alcançou um patrimônio de US$ 823,2 milhões, de acordo com dados da Koyfin, uma plataforma de análise de investimentos.

Após 28 de outubro, o ETF Metaverse subiu cerca de 5%. No mesmo período, as ações das principais empresas que compõem o portfólio do fundo não registraram resultados positivos, o que significa que grande parte do seu crescimento não veio da valorização dos ativos subjacentes, mas sim de investidores que estão otimistas com os desdobramentos do metaverso.

Embora o início do mês de dezembro tenha imposto correções aos principais criptoativos do metaverso, o crescimento exponencial registrado no mês de novembro consolidam a mais nova tendência do mercado de criptomoedas.

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