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5 maiores lições do mercado cripto em 2025

Vivemos um 'bull market' que mudou as percepções dos investidores e nos desafia para 2026. Entenda como se preparar para o que vem por aí

 (Reprodução/Reprodução)

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FP
Felippe Percigo

Especialista em criptoativos

Publicado em 28 de dezembro de 2025 às 11h00.

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O bitcoin encerra 2025 perto de US$ 88 mil, cerca de US$ 10 mil abaixo do fechamento de 2024. Pouquíssimas vezes na história do mercado cripto isso aconteceu.

2025 foi, de fato, um ano que não seguiu o roteiro que todos esperavam. O comportamento final do preço reflete um ciclo que desafiou padrões e expectativas.

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O último trimestre foi especialmente difícil. Outubro começou com uma nova máxima histórica do ativo, US$ 126 mil, e o bull market parecia voltar aos trilhos, mas, desde então, uma trama diferente se enrolou.

Resultado? O Índice de Medo e Ganância estacionou em medo e a criptoesfera, desde então, perdeu 30% de sua capitalização de mercado. Vivemos uma correção significativa após o pico, mesmo em um ano de avanços estruturais e institucionais aguardados por anos.

Essa queda de 30% reflete tanto a desvalorização do bitcoin quanto a correção mais severa das altcoins, muitas caíram 70–90% desde as máximas, e ajuda a dimensionar o esfriamento do mercado.

Este bull conta outra história: o medo hoje vem menos de um evento isolado e mais da incerteza sobre como diversas forças (macro, institucionais e on-chain) vão interagir daqui para frente.

Para chegar a 2026 em melhor posição, é preciso reconhecer que 2025 foi um ano de transformações que mudaram como o mercado funciona, mesmo sem uma resposta proporcional no preço.

A carteira que vai vencer no futuro deverá ser guiada não pela nostalgia dos ciclos passados, mas por uma compreensão clara de como esse novo mundo funciona.

Expectativa versus Realidade

Ciclo clássico de alta seguido por correção? Não nesse bull market.

O que vimos foi um ano de grandes mudanças redesenhando o mercado em 2025:

O estado como player estratégico

Este ano, os Estados Unidos deram um passo inédito ao formalizar uma reserva estratégica de bitcoin. Até então, a atuação do governo americano no mercado era associada principalmente a vendas pontuais de moedas apreendidas. Com a criação da reserva, essa lógica mudou e parte desses ativos passou a ser mantida em caixa, não mais devolvida ao mercado por meio de leilões.

Esse movimento teve um efeito imediato na percepção dos investidores. Quando a maior economia do mundo sinaliza que pretende guardar bitcoin como reserva, outros governos passam a considerar o mesmo caminho.

Na prática, isso reduz a quantidade de moedas disponíveis para negociação e legitima o ativo como parte da estratégia, deixando para trás o tratamento como “experimental”.

ETFs e a acumulação nos bastidores

Enquanto o preço oscilava, os ETFs de bitcoin realizaram um feito histórico.

O IBIT da BlackRock atraiu mais de US$ 25 bilhões em influxos líquidos em 2025, se tornando um dos 10 ETFs mais bem-sucedidos do ano em todos os setores.

Para os analistas, o ponto central é que essa decisão foi tomada enquanto o bitcoin ainda registrava performance negativa. É uma mudança decisiva de postura.

Em ciclos anteriores, o dinheiro fugia na primeira correção. Agora, o capital institucional trata o bitcoin como um ativo de acumulação estrutural, não como um trade de momentum.

Além disso, a aprovação de opções sobre esses ETFs e o mecanismo de criação e resgate feitos diretamente em bitcoin completam a caixa de ferramentas institucional. Com isso, a negociação direta de bitcoin nas corretoras deixa de ser o único ponto de referência, enquanto os derivativos regulados passam a concentrar mais volume e ganham mais peso.

Essa profissionalização do fluxo altera o que determina preço. Por quê? Vemos menos movimentos impulsionados por ordens de varejo espontâneas e mais por alocação programada, criação/resgate em espécie e gestão de balanceamento de carteiras.

O resultado é um padrão de acumulação mais contínuo, que pode sustentar o preço no médio prazo, ao mesmo tempo em que diminui a frequência de movimentos explosivos e correções violentas.

Sistema Bancário de portas abertas

A mudança regulatória mais concreta de 2025 veio com a Carta Interpretativa 1188 do OCC. Na prática, ela autorizou bancos nacionais a intermediar operações com cripto no modelo conhecido como “riskless principal transactions”.

Na prática, isso significa que os bancos passaram a poder conectar compradores e vendedores de bitcoin sem precisar manter o ativo em seus próprios balanços. Antes, o receio de assumir esse risco era um dos principais freios para a atuação direta do sistema bancário no mercado cripto. Esse obstáculo deixou de existir.

E o avanço saiu rápido do papel. O PNC Financial se tornou o primeiro grande banco norte-americano a permitir a negociação direta de bitcoin para os clientes, em parceria com a Coinbase, oferecendo compra e venda à vista para clientes do segmento de private banking.

Na mesma direção, o Morgan Stanley passou a estruturar a sua entrada no mercado cripto por meio de uma colaboração com a Zerohash, com planos de habilitar a negociação de ativos como BTC, ETH e SOL para clientes a partir de 2026.

Os fluxos que hoje chegam ao mercado cripto deixaram de passar só por canais paralelos e passaram a operar dentro da própria infraestrutura do sistema financeiro tradicional.

Redistribuição massiva entre detentores de longo prazo

2025 registrou volumes relevantes de distribuição por carteiras que não se movimentavam em anos.

Uma análise da Bitcoin Magazine estima que holders de longo prazo distribuíram entre 7 e 8 milhões de BTC para o mercado ao longo do ano.

Quem comprou? Uma parte foi absorvida por ETFs, tesourarias e novos detentores de longo prazo e a outra, pelo mercado à vista.

Milhões de BTC mudaram de mãos. Essa transferência de BTC dos chamados “early investor” para detentores mais recentes influenciam no comportamento do mercado.

Há uma redução do peso de investidores individuais que acumularam bitcoin nos primeiros anos e um aumento da participação de instituições que compram com regras claras de alocação e rebalanceamento.

Isso não elimina a volatilidade, mas tende a tornar as quedas menos abruptas, já que essas posições costumam ser ajustadas de forma gradual.

Alavancagem sob pressão e um ciclo menos previsível

A correção iniciada em outubro teve como marco um grande evento de liquidação de posições alavancadas, estimado em cerca de US$ 20 bilhões concentrados em poucos dias.

O episódio deixou claro que estratégias muito alavancadas ficam mais vulneráveis quando o mercado cripto passa a seguir, cada vez mais, os movimentos da economia global.

Mais do que um evento pontual, essa correção reforçou uma mudança de dinâmica. A leitura tradicional do “ciclo de 4 anos”, baseada quase exclusivamente no halving, perde força em um ambiente influenciado por políticas de juros, fluxo internacional de capitais e decisões de alocação de grandes fundos.

O halving continua relevante, mas passou a atuar como parte de um mix mais amplo de forças que agora moldam o mercado.

Sentimento e liquidez

Apesar de avanços importantes no campo institucional e regulatório, o sentimento de mercado ao longo de 2025 se manteve cauteloso.

Indicadores de sentimento ficaram por longos períodos em zona de medo, refletindo um ambiente de incerteza e menor disposição para assumir risco.

Essa cautela também apareceu na atividade do mercado. Em diferentes momentos, volume e participação on-chain recuaram, indicando que parte dos investidores preferiu observar em vez de aumentar exposição, mesmo diante de notícias consideradas positivas.

Na prática, o mercado conseguiu absorver conquistas estruturais relevantes sem que isso se traduzisse em movimentos consistentes de compra. Como consequência, anúncios favoráveis passaram a gerar reações mais contidas e, em alguns casos, movimentos de realização no curto prazo.

Esse padrão não aponta para um enfraquecimento de cripto, mas para uma mudança no comportamento dos participantes. Em um ambiente mais sensível à macroeconomia e à liquidez global, o investidor se tornou mais seletivo.

O resultado é um mercado menos impulsivo, menos reativo a manchetes isoladas e mais dependente de confirmação ao longo do tempo.

5 lições que 2025 deixou

Nesse novo contexto, atravessar 2026 com mais consistência passa por abandonar algumas certezas que funcionaram no passado, mas deixaram de explicar a criptoesfera atual.

Mercado não é relógio

O halving continua sendo um fator importante, mas deixou de ser a referência máxima do ciclo. O mercado passou a reagir também à política de juros, ao fluxo de capital global e ao comportamento dos grandes investidores. Em vez de tentar prever topos e fundos com base no calendário, faz mais sentido acompanhar indicadores como entradas e saídas dos ETFs, decisões do Fed e sinais de expansão ou contração da liquidez mundial.

Vá além do gráfico de preço

O preço mostra o efeito final, não o processo. Dados on-chain ajudam a entender o que está acontecendo por baixo da superfície: quem está vendendo, quem está acumulando e a que preços. Movimentos de carteiras de longo prazo, mudanças na oferta disponível e o custo médio de aquisição dos investidores revelam muito mais sobre a saúde do mercado do que candles isolados.

Notícia positiva não move preço sozinha

Avanços regulatórios e institucionais ocorreram em um mercado que seguiu cauteloso e reagiu de forma limitada no curto prazo. O efeito desses movimentos tende a aparecer de maneira mais distribuída no tempo, contribuindo para maior sustentação do mercado, não para altas imediatas. Nesse ambiente, a paciência passa a ser parte da estratégia.

Macroeconomia passa a ter papel central

O bitcoin nunca foi totalmente isolado, mas hoje reage de forma mais direta ao ambiente macroeconômico. Juros, dólar forte ou fraco e liquidez internacional influenciam diretamente o comportamento do mercado. Ter uma noção clara sobre o rumo das políticas monetárias em 2026 é tão importante quanto acompanhar métricas internas da rede.

Reavalie o uso da alavancagem

Em um mercado mais integrado ao sistema financeiro tradicional e mais sensível a choques de liquidez, posições muito alavancadas se tornaram especialmente frágeis. Pequenas mudanças no cenário macro podem gerar movimentos rápidos de preço e liquidações em cascata. Menos alavancagem significa menos emoção, mas também mais controle sobre o risco.

2025 não foi o ano da euforia, mas o da maturação. O bitcoin passou a operar em um ambiente com mais camadas de decisão, mais filtros de risco e menos espaço para movimentos impulsivos.

Para 2026, o desafio deixa de ser antecipar o próximo rali e passa a ser interpretar corretamente os sinais que realmente movem o mercado. Quem entender essa mudança tende a operar com menos ruído, menos expectativa irreal e mais consistência.

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