Repórter do Future of Money
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 18h13.
Há 12 anos, em 28 de novembro de 2012, o bitcoin teve um dos eventos mais importantes da sua história: a conclusão do primeiro halving da criptomoeda. Na época, o ativo valia menos de US$ 12. Hoje, está cotado em mais de US$ 95 mil. E o preço não foi a única coisa que mudou desde que a moeda digital passou por esse marco.
Se hoje o bitcoin é um dos mais populares ativos do mercado e conta com uma adoção crescente entre investidores e empresas, o halving é considerado por muitos como um dos grandes responsáveis. O motivo é que o evento se liga diretamente a uma das mais importantes características do ativo: a escassez.
É graças a ela que muitos entusiastas da criptomoeda defendem que ela tem o necessário para se tornar um "ouro digital". Afinal de contas, um ativo escasso com alta demanda tende a disparar, um fenômeno que já acontece com o ouro, principalmente em momentos de aversão a riscos. Mas como o halving influencia nessa equação?
Sebastián Serrano, CEO e cofundador da Ripio, afirma que o impacto dos quatro halvings que ocorreram nos últimos 12 anos "pode ser visto com muita clareza este ano. Em abril, ocorreu o quarto halving e, após um período de consolidação de preços e aumento da demanda nos últimos três meses, essa crise de oferta sustentou um momento de grande alta para o bitcoin".
"O preço do bitcoin subiu mais de 80% entre 8 de setembro e sua última máxima histórica, em 21 de novembro, indo de US$ 54 mil para mais de US$ 99.650, e está em uma corrida de alta muito interessante, que pode levar seu preço acima de US$ 100 mil no curto prazo", comenta.
A ligação entre o halving e essas altas se deve ao fato do ativo ser uma criptomoeda escassa, explica o executivo: "Seu suprimento máximo será de 21 milhões de bitcoins, dos quais mais de 94% do total já foram minerados". E há apenas uma forma de emitir essas unidades do ativo, a partir da distribuição delas como recompensa no processo de mineração.
Na prática, cada halving reduz pela metade a quantidade de bitcoins que são dados como recompensa na mineração, reduzindo progressivamente a entrada de novas unidades do ativo no mercado. E, se a demanda pela moeda digital aumenta, a tendência natural é de valorização da criptomoeda pela sua escassez.
"É claro que, ao longo do caminho, nos três ciclos anteriores e neste também, a criptomoeda passou por altos e baixos, correções mais ou menos acentuadas, aumentos mais ou menos rápidos. É nesses momentos que as janelas aparecem para entrar no bitcoin ou para continuar a aumentar as participações", comenta Serrano.
Para o CEO da Ripio, "o grande contentor do sistema de preços do bitcoin é seu código, com o fornecimento máximo de 21 milhões e halvings automáticos a cada 210.000 blocos".
O termo "halving" surgiu a partir da palavra inglesa "halve", que pode ser traduzida em português como o ato de dividir algo pela metade. Por isso, o halving nada mais é do que a redução pela metade da quantidade de bitcoins que são dados aos mineradores como recompensa ao minerar cada bloco que forma a rede da criptomoeda.
Quando o ativo foi criado e o seu primeiro bloco foi minerado em 2009, os mineradores tinham uma recompensa de 50 unidades do ativo por bloco. Em 2012 houve a primeira redução, para 25 unidades. Em 2016, para 12,5 unidades. Em 2020, para 6,25 unidades. E, agora em 2024, para 3,125 unidades.
Como é possível perceber, o halving costuma ocorrer a cada quatro anos. O motivo é que esse é tempo estimado para a rede gerar 210 mi, novos blocos, destravando então o evento. Por isso, a expectativa é que o próximo halving ocorra em 2028, quando as recompensas cairão para 1,5625 unidade.
Serrano pontua que "essa redução nominal é compensada pelo crescimento do valor de cada unidade de bitcoin que, de halving em halving, vem ganhando um dígito, por enquanto, como regra".
"Assim, no primeiro halving, que já tem 12 anos, o preço era de apenas US$ 12 por bitcoin. No segundo, em julho de 2016, já estava acima de US$ 660. O terceiro, em maio de 2020, no auge da pandemia, viu o bitcoin ultrapassar US$ 8.740. E, na mais recente, em 19 de abril de 2024, o preço fechou em mais de US$ 63.600. Mal se passaram sete meses desde esse último episódio, e o bitcoin já está buscando ansiosamente seu sexto dígito [em US$ 100 mil]", destaca o executivo.
Para Serrano, o contraste entre a oferta e a demanda da criptomoeda "se tornará mais exponencial à medida que os halvings progridem". "O ritmo de emissão continuará a diminuir. O pico de oferta estará cada vez mais próximo. Tudo isso não é especulação, é o que vai acontecer porque está codificado na própria estrutura do bitcoin".
"Se, por outro lado, os mercados continuarem a reagir como até agora, tornando o bitcoin um ativo cada vez mais desejável, não apenas dentro das criptomoedas, mas até mesmo em comparação com ações de empresas globais líderes e metais preciosos, então a projeção só trará novas notícias para o bitcoin daqui para frente. E, entre elas, novos dígitos aumentando seu preço", avalia.