Prato com carne vermelha: alimento possui diversos benefícios à saúde, mas o consumo exagerado pode ser prejudicial (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 10 de março de 2014 às 17h33.
São Paulo – Algumas das dietas mais populares do mundo podem aumentar o risco de câncer. É o caso da conhecida como “Dr. Atkins” e a “Paleolítica”, ambas baseadas principalmente no consumo de proteína e na redução dos carboidratos do cardápio. Essa foi a conclusão de um estudo feito em conjunto por integrantes de universidades dos Estados Unidos e Itália, publicado recentemente na Cell Metabolism.
O trabalho comparou a reação do organismo de pessoas de meia-idade em relação a regimes com alto, médio e baixo consumo de proteína. Ao todo, 6.300 adultos maiores de 50 anos participaram da pesquisa, que mostrou que os adeptos de dietas ricas nesse grupo alimentar, entre 50 e 65 anos de idade, têm quatro vezes mais chances de morrer de câncer em relação a quem come poucas comidas proteicas (risco colocado no mesmo patamar do cigarro).
A ameaça é maior no caso de pessoas que comem mais proteína de origem animal (carnes, ovos, leite e derivados) do que no caso daquelas que adotam proteína vegetal na dieta. Para ser considerado “muito proteico”, o consumo de proteínas deveria representar, pelo menos, 20% das calorias diárias. O grupo “moderado” consumiu uma proporção de 10% a 19% das calorias em proteínas, e a categoria “baixa” ingeriu, todos os dias, menos de 10% das calorias em proteínas.
Para o grupo de maior consumo, o câncer não é o único problema. As chances de morte por diabetes são três vezes maiores em relação ao grupo de menor consumo e o risco de morte por quaisquer outras causas é 75% maior, fazendo a mesma comparação.
Apesar da diferença de porcentagens, quem ficou no setor “intermediário” também corre risco, já que os cientistas perceberam que a chance de morrer de câncer foi três vezes maior do que a dos adeptos da dieta menos proteica. O risco de morte desse grupo diminui 21% se a quantidade desse elemento for reduzida de média para baixa.
O aumento do risco de câncer com a proteína está ligado à maior produção do hormônio IGF-I, que faz com que células saudáveis e doentes cresçam. Assim, quanto mais dessa substância há no sangue, maior a probabilidade de o pior acontecer, em pessoas de 50 a 65 anos.
Esse quadro, no entanto, pode mudar após os 65 anos. De acordo com o resultado, como o índice de IGF-I naturalmente cai no organismo, o consumo de mais proteína após essa idade pode reduzir o risco de morte.