Bernd Reichart, CEO da A22 Sports Management (Oscar J. Barroso/Europa Press /Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 21 de dezembro de 2023 às 18h17.
Última atualização em 21 de dezembro de 2023 às 19h16.
A Superliga Europeia está chegando e deve chacoalhar o mercado de futebol europeu já em 2024. Isso porque Bernd Reichart, CEO da A22 Sports Management, apresentou nesta quinta-feira, 21, como será a organização do campeonato, que chega com a proposta de ser totalmente gratuito.
A gratuidade é decisiva para competir com a Liga dos Campeões da União Europeia das Associações de Futebol (Uefa) e com a Federação Internacional de Futebol (Fifa), que criaram um monopólio no esporte. A movimentação, que estava parada desde 2021, voltou a ser discutida em abril deste ano e, agora, com a decisão a favor do Tribunal de Justiça da União Europeia, ela deve finalmente sair do papel.
O objetivo, segundo Reichart, é “criar a melhor competição do mundo”.
Em nota, a Uefa declarou que "tomou nota do acórdão proferido hoje pelo Tribunal de Justiça Europeu no caso da Superliga Europeia". "Esta decisão não significa um endosso ou validação da chamada “Superliga”; antes, sublinha uma lacuna pré-existente no quadro de pré-autorização da Uefa, um aspecto técnico que já foi reconhecido e resolvido em junho de 2022. A Uefa está confiante na robustez de suas novas regras e, especificamente, que cumprem todas as leis europeias e regulamentos. A Uefa continua firme no seu compromisso de defender a pirâmide do futebol europeu, garantindo que esta continua a servir os interesses mais amplos da sociedade", diz o comunicado.
Na apresentação, Reichart declarou que o campeonato terá, na competição masculina, três ligas: a Star League e a Gold League, com 16 clubes cada uma, e a Liga Azul, com 32 clubes. O esquema de rebaixamento será o mesmo das competições clássicas. Já a competição feminina contaria com apenas duas ligas, a Star League e a Gold League, ambas com 16 clubes.
A ideia é que os clubes joguem em grupos de oito. Terão partidas ida e volta, com mínimo de 14 jogos ao ano. Ao final de cada temporada, a decisão seria por meio de fase eliminatória.
As disputas aconteceriam, também, ao longo da semana para não interferir nos demais calendários já estabelecidos.
A A24 Sports Management visa criar a principal plataforma de transmissão esportiva direta, denominada Unify. Nessa plataforma de streaming, os entusiastas do futebol teriam acesso gratuito às partidas da Superliga Europeia. A receita em cima dela viria por meio de publicidades, assinaturas premiums e parcerias.
"A plataforma digital democratizará o acesso ao futebol em direto e ligará os adeptos aos seus clubes (e a outros adeptos) a uma escala nunca antes vista", disse Reichart.
No início de 2021, a Superliga havia nascido como uma ideia de trazer um campeonato gratuito, longe das grandes federações e com qualidade. Em abril deste ano, essa ideia deu indícios de sair do campo da teoria, quando 12 renomados clubes de futebol europeu — Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Milan, Inter de Milão e Juventus — uniram forças para inaugurá-la de fato: um torneio inovador, manifestando insatisfação com o domínio da Uefa e o atual formato e modelo de distribuição de receitas da Liga dos Campeões.
Na época, no entanto, tanto a Uefa quanto a Fifa expressaram oposição. Temendo possíveis sanções, a maioria dos clubes que havia se registrado se retirou do projeto, e a ideia ficou parada até esta quinta-feira, quando o Tribunal de Justiça da União Europeia decidiu a favor da criação da Superliga Europeia.
A Justiça alegou, ainda, que houve abuso de poder por parte da Uefa e da Fifa na maneira como traçaram sua oposição ao projeto. Na época, a Uefa abriu um processo disciplinar contra Real Madrid, Barcelona e Juventus por causa da tentativa de lançar uma Super Liga separatista.