Gabriel Araújo, da natação, e Beth Gomes, do atletismo, serão os porta-bandeiras do Brasil em Paris. (Comitê Paralímpico Brasileiro/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 28 de agosto de 2024 às 09h18.
Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 13h15.
Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, que se iniciam nesta quarta-feira, 28 de agosto, terão um toque especial para o Brasil. Os campeões paralímpicos Beth Gomes, do atletismo, e Gabriel Araújo, da natação, foram escolhidos como porta-bandeiras da delegação brasileira na cerimônia de abertura, de acordo com informações do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB). O evento será realizado de maneira inédita fora de um estádio, com os atletas desfilando pela famosa Champs-Élysées até a Place de la Concorde, em pleno coração de Paris. A abertura começa às 15 horas de Brasília.
Beth Gomes, 59 anos, é uma das grandes referências do atletismo paralímpico brasileiro. Competindo na classe F53, para atletas que competem sentados, ela conquistou a medalha de ouro no lançamento de disco na classe F52 durante os Jogos de Tóquio 2020. Desde então, Beth continuou a impressionar, renovando seguidas vezes o recorde mundial da prova. Seu último recorde foi alcançado em junho de 2024, no Centro de Treinamento Paralímpico em São Paulo, quando lançou o disco a uma distância de 18,45 metros.
Beth não é uma novata no mundo do esporte. Antes de sua carreira no atletismo, ela foi jogadora de vôlei, mas teve que abandonar o esporte após ser diagnosticada com esclerose múltipla em 1993. Desde então, Beth se dedicou ao paradesporto e tornou-se um exemplo de superação e determinação. Em Paris, ela competirá em duas provas: o arremesso de peso e o lançamento de disco, ambas marcadas para o dia 2 de setembro.
Gabriel Araújo, por sua vez, é um jovem talento da natação paralímpica. Aos 22 anos, ele já possui um currículo impressionante. Gabriel estreou nos Jogos Paralímpicos em Tóquio 2020, onde conquistou três medalhas: ouro nos 200 metros livre e nos 50 metros costas, além da prata nos 100 metros costas, todos na classe S2. Essa classe é destinada a atletas com comprometimentos físicos-motores severos, e Gabriel se destaca pela técnica e força que demonstra em cada competição.
Nascido com focomelia, uma doença congênita que impede a formação completa dos braços e pernas, Gabriel encontrou na natação um caminho de superação. Ele foi introduzido ao esporte por um professor de Educação Física na escola e, desde então, transformou-se em uma das grandes promessas do esporte paralímpico. Em Paris, Gabriel competirá em cinco provas, começando com os 100 metros costas, no dia 29 de agosto, apenas um dia após a cerimônia de abertura.
Além dos 100 metros costas, Gabriel também disputará os 50 metros costas, em 31 de agosto, os 150 metros medley, no dia 1º de setembro, os 200 metros livre, no dia 2 de setembro, e os 50 metros livre, em 6 de setembro. Sua preparação para os Jogos tem sido intensa, com o objetivo de repetir e, quem sabe, superar os resultados obtidos em Tóquio.
A tradição de atletas brasileiros carregarem a bandeira nacional nas cerimônias de abertura e encerramento dos Jogos Paralímpicos é longa e cheia de momentos memoráveis. Desde os Jogos de Atlanta, em 1996, até Tóquio 2020, vários ícones do esporte paralímpico tiveram essa honra. Daniel Dias, por exemplo, é um dos nomes mais recorrentes, tendo sido porta-bandeira em Londres 2012 e novamente em Pequim 2008, além de ser escolhido para encerrar os Jogos de Tóquio 2020.
Em 2016, quando o Brasil sediou os Jogos Paralímpicos no Rio de Janeiro, Shirlene Coelho, do atletismo, foi a escolhida para liderar a delegação na cerimônia de abertura. Já Ricardinho, do futebol de cegos, teve a honra de carregar a bandeira no encerramento.
Esses momentos são carregados de simbolismo e emoção, representando não apenas o orgulho de um país, mas também o esforço individual e coletivo que leva um atleta a se tornar uma referência no esporte.
Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024 marcam também um recorde para o Brasil: a maior delegação já enviada para uma edição dos Jogos fora do país. Serão 280 atletas brasileiros competindo em 20 modalidades, número que supera os 259 atletas que participaram dos Jogos de Tóquio 2020. No Rio de Janeiro, em 2016, quando o Brasil sediou o evento, o país foi representado por 278 atletas.
Esse crescimento reflete não apenas o investimento no esporte paralímpico, mas também a ascensão do Brasil como uma potência nessa área. O país tem se destacado em diversas modalidades, especialmente no atletismo e na natação, que são as mais laureadas na história dos Jogos.