Esporte

Meia-entrada nos ingressos imposta pela CBF impacta diretamente os programas de sócios-torcedores

Desde fevereiro, a CBF passou a cobrar os clubes mandantes por descontos em preços de ingressos que ultrapassem os 50%. Os clubes reclamam

Caso o regulamento se mantenha, todos esses clubes serão obrigados a rever seus programas (Matheus Lima/Vasco.com.Br/Reprodução)

Caso o regulamento se mantenha, todos esses clubes serão obrigados a rever seus programas (Matheus Lima/Vasco.com.Br/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 28 de março de 2023 às 13h05.

Última atualização em 28 de março de 2023 às 14h04.

Uma nova regra imposta pela CBF em fevereiro virou dor de cabeça para muitos clubes da elite do futebol brasileiro. Aprovado em reunião realizada no dia 14/2, o novo Regimento Geral de Competições (RGC) impôs às instituições participantes das competições organizadas pela entidade máxima do futebol nacional um custo extra, não previsto no orçamento inicial para a temporada 2023 e cujo impacto real só foi percebido semanas após a aprovação, através de conversas entre os executivos e diretorias dos clubes.

A nova regra é a seguinte: assim como já acontece no Rio de Janeiro, por exemplo, a CBF passará a cobrar dos mandantes das partidas o valor de qualquer desconto de ingressos que ultrapassar o preço da meia-entrada, o que impactará diretamente o faturamento dos clubes com bilheteria ao longo do ano. Principalmente as equipes que oferecem grandes descontos em seus programas de sócios-torcedores, por exemplo, Vasco, Flamengo, Palmeiras, Internacional, Grêmio, Bahia e muitos outros. Caso o regulamento se mantenha, todos esses clubes serão obrigados a rever seus programas. Problema sério à vista.

Um bom exemplo do que pode virar rotina – e preocupação para os clubes – no futebol brasileiro, pôde ser visto na mais recente partida em que o Vasco atuou como mandante, em São Januário. Apesar de ter arrecadado a maior renda dos últimos cinco anos no duelo contra o ABC, pela segunda fase da Copa do Brasil, o Vasco viu grande parte dessa renda bruta não ir para os seus cofres, por conta do pagamento obrigatório à CBF.

Por que o impasse para os clubes?

Isso acontece porque, pelo regulamento, a diferença a ser paga terá de constar no borderô dos jogos, aumentando a renda bruta e, consequentemente, a taxa de 5% à Federação local e mais 5% ao INSS, ambas incidindo sobre a arrecadação do confronto. Ou seja: os clubes que possuem em seus planos de sócios-torcedores categorias com descontos acima de 50% no valor do preço dos ingressos, terão de pagar a diferença de cada bilhete retirado no valor promocional. Para se entender o tamanho do problema: Vasco, Fluminense, Botafogo, Palmeiras, Grêmio, Internacional e Bahia, que chegam a oferecer descontos de até 100% nas principais categorias de seus planos através do sistema de check-ins, terão de acrescer no borderô dos jogos em que forem os mandantes metade do valor de cada ingresso 100% promocional.

"Desde o ano passado, realizamos estudos acerca de todas as nossas áreas e produtos. Os estudos do Programa Sócio Gigante mostraram que algumas regras de negócio presentes nos planos atuais não convergem com esse novo momento. O Regimento da CBF veio para validar ainda mais o nosso estudo. Nós vamos subsidiar esses descontos e estamos adequando nossos produtos para sofrermos o menor impacto possível. É importante salientar que os planos atuais continuarão válidos, respeitando o prazo de contratação”, disse Caetano Marcelino, diretor comercial do Vasco.

O tema passou a ser discutido de maneira mais aprofundada pelos clubes semanas após a aprovação do RGC, quando os executivos passaram a fazer contas e constataram que, no fechamento do exercício anual, a queda na arrecadação de alguns poderá chegar a até R$ 10 milhões. Por isso, estudam um jeito de pressionar a CBF a mudar o regulamento.

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