Rebeca Andrade conquistou o ouro no solo e não deve ter sua medalha alterada por causa da apelação romena. (Alexandre Loureiro/COB/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 8 de agosto de 2024 às 10h54.
A final de solo da ginástica artística nos Jogos Olímpicos de Paris, realizada na última segunda-feira, continua a repercutir devido a um pedido de revisão feito pela Federação Romena de Ginástica.
O resultado da prova, que consagrou a brasileira Rebeca Andrade com a medalha de ouro, seguido pelas americanas Simone Biles (prata) e Jordan Chiles (bronze), está sendo contestado pelas autoridades romenas, que alegam que suas atletas, Ana Barbosu e Sabrina Voinea, foram injustiçadas na pontuação. As ginastas romenas terminaram na quarta e quinta posições, respectivamente, e agora a Federação ameaça levar o caso ao Tribunal Arbitral do Esporte (CAS).
De acordo com O Globo, a principal reclamação dos romenos gira em torno do que consideram um tratamento “desonroso” às suas atletas. Durante a competição, Ana Barbosu chegou a ser anunciada como a medalhista de bronze, com uma nota de 13.700. Contudo, após uma revisão, a pontuação de Jordan Chiles foi elevada para 13.766, fazendo com que Barbosu caísse para a quarta colocação. Sabrina Voinea, que também obteve 13.700, questionou sua nota, alegando que uma dedução foi aplicada de forma incorreta devido a uma suposta pisada fora do tapete. A Federação Romena, impulsionada pela pressão da ex-ginasta Nadia Comaneci, solicitou que a Federação Internacional de Ginástica revisasse a pontuação de Voinea.
Segundo informações divulgadas pela mídia romena, o presidente da Federação Internacional de Ginástica, Morinari Watanabe, afirmou que a apresentação de Voinea será revisada para averiguar se houve alguma irregularidade na dedução de sua nota. Caso a revisão seja favorável à ginasta romena, ela poderia receber um décimo adicional, elevando sua nota para 13.800, o que a colocaria na terceira posição, à frente de Barbosu e Chiles. Isso mudaria a configuração atual do pódio, embora não afete diretamente as medalhas de Rebeca Andrade, que conquistou o ouro com uma nota de 14.166, e de Simone Biles, que ficou com a prata ao atingir 14.133.
A controvérsia em torno do resultado também gerou repercussões políticas na Romênia. O primeiro-ministro do país, Marcel Ciolacu, expressou indignação com o resultado e anunciou que não participará da cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos como forma de protesto. Ciolacu descreveu o tratamento dado às ginastas romenas como uma “flagrante injustiça” e prometeu que ambas serão recebidas como campeãs olímpicas em seu retorno ao país, onde os medalhistas de bronze têm direito a uma recompensa de 60 mil euros.
A tensão gerada pelo pedido de revisão romeno destaca a delicadeza dos julgamentos na ginástica artística, onde pequenas margens de erro podem significar a diferença entre uma medalha e uma colocação fora do pódio. Embora a decisão final sobre o pedido ainda esteja pendente, a possibilidade de uma mudança no pódio coloca em evidência a complexidade dos critérios de avaliação e a importância de um julgamento justo e transparente. Com a revisão em andamento, a torcida brasileira ficou preocupada, mas a cor da medalha de Rebeca Andrade não vai mudar. A reconfiguração do pódio, caso aconteça, deve prejudicar a ginasta americana Jordan Chiles.