Vini Jr. jogador do Real Madrid (JAVIER SORIANO/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 11 de março de 2024 às 16h12.
Última atualização em 11 de março de 2024 às 16h13.
A liga espanhola de futebol, LaLiga, apresentou nesta segunda-feira, 11, na sede da Câmara Espanhola de Comércio, em São Paulo, algumas medidas para combater o racismo nos jogos de futebol promovidos pela entidade. Uma das ações é a criação do aplicativo LaLiga vs Racismo, que já está disponível nesta temporada.
O app também traz informações sobre as competências da instituição e como ajudar a combater o racismo. A entidade também disponibiliza todo o seu grupo de advogados para auxiliar os denunciantes. Um Qrcode disponibilizado nos estádios ajuda a denunciar os crimes.
Algumas outras iniciativas são a veiculação de campanhas de conscientização em suas redes sociais e até mesmo em jogos de videogame. Cartazes e adesivos foram espalhados nos estádios. Braçadeiras personalizadas escritas "LaLiga vs Racismo", para serem usadas por capitães de equipe e até por torcedores, foram distribuídas para promover a luta contra o discurso de ódio e o racismo nos estádios.
O evento teve a participação de Daniel Alonso, representante da entidade no Brasil. Ele explicou que estão dispostos a ajudar o torcedor a se conscientizar e tratar do assunto com a mídia brasileira.
— Mas estamos fazendo tudo o que está ao nosso alcance. A LaLiga e os seus clubes, juntamente com seus parceiros e partes interessadas, lutam para pôr fim nesse comportamento preconceituoso, seja qual for. É usar a potência do futebol para colocar isso na frente da sociedade e falar ‘olha, não dá’. Colocar em evidência quem faz isso — explica.
As novas medidas chegam após a repercussão dos casos de racismo envolvendo Vinícius Júnior durante o Campeonato Espanhol da última temporada. O jogador foi vítima de ataques e ofensas racistas de torcedores e até de jogadores, além de declarações preconceituosas de parte da imprensa da Espanha.
Ainda que as ações tenham sido colocadas em prática logo no início desta temporada, novas denúncias de crimes de racismo foram registradas desde então. Em fevereiro, a LaLiga denunciou mais um caso de racismo contra Vinícius Junior, ocorrido na partida entre Getafe e Real Madrid. A entidade responsável pelo Campeonato Espanhol enviou o caso à Comissão.
No começo de março, um filme repetido. A organizadora do Campeonato Espanhol abriu uma nova investigação para apurar um novo caso de racismo contra Vini. Na partida entre Real Madrid e Valencia, imagens feitas pela jornalista brasileira Anna Anjos mostram uma criança chamando o atacante brasileiro de "macaco".
Essa foi a primeira vez que o atacante do Real Madrid voltou ao estádio Mestalla após os ataques racistas da temporada passada. Naquela ocasião, o atacante parou o jogo, apontou para os torcedores que estavam cometendo racismo e provocou uma confusão generalizada no gramado.
Vini Jr. sofre insultos racistas desde 2021 na Espanha, somando mais de 10 denúncias feitas pela LaLiga, não resultando em nenhuma punição esportiva. As autoridades espanholas já tomaram algumas medidas, como prisão de suspeitos e afastamentos de VAR.
De acordo com a Justiça da Espanha e a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), a LaLiga não pode punir atos racistas, somente denunciar e identificar os infratores. A investigação, punição dos infratores e para os times fica a cargo do Ministério Público Espanhol e da RFEF. O dirigente disse ainda que a impossibilidade de punição não impede novas ações.
— Isso não exime nossa responsabilidade de agir. Mas não podemos tirar pontos de determinado time, proibir a torcida de frequentar, tampouco somos responsáveis pela escalação e contratação de árbitros. Mas de nossa parte, seguiremos informando para que isso acabe de uma vez por todas — finaliza Daniel Alonso.
No ano passado, a liga passou por uma renovação de marca logo após a crescente de casos de racismo, quando sentiu a repercussão negativa e a necessidade de tomar atitudes contra a discriminação. Os representantes da LaLiga no Brasil disseram que para continuar estabelecendo contratos com as marcas, hoje em dia é necessário apresentar o dossiê de combate ao racismo.