Casas de apostas (SeventyFour/Getty Images)
Repórter da Home e Esportes
Publicado em 10 de outubro de 2023 às 18h06.
Nos últimos dias, chamou atenção do mercado a aprovação por parte do Conselho Deliberativo do Flamengo para um patrocínio de R$ 90 milhões da Pixbet, na região da clavícula da camisa, válido para os próximos dois anos. Caso se concretize, será o maior contrato de parceria no uniforme de um clube no país.
No futebol brasileiro, no entanto, as altas cifras não são bem uma novidade, e estima-se o mercado na Série A do país movimente quase meio bilhão de reais por ano somente com patrocínios.
"O segmento de casas de apostas é o que mais investe em patrocínios no futebol brasileiro. Em função da regulamentação do mercado que ocorrerá em breve, muitas casas de apostas estão em momento de observação, por outro lado, alguns players como a Pixbet estão investindo bastante em estratégias que já haviam sido traçadas, como o patrocínio através de clubes como o Flamengo, Corinthians e Vasco", analisa Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports.
Apesar dos números não serem oficiais, especula-se que os contratos mais expressivos são os do Corinthians (R$ 35 milhões), Botafogo (R$ 27,5 mi) e Cruzeiro (R$ 25 mi), todos representados por casas de apostas.
Para o especialista em marketing esportivo Renê Salviano, CEO da Heatmap, o mercado de betting surgiu como um atrativo financeiro. “A indústria surgiu exatamente em um momento de saída de patrocínio dos bancos ao futebol brasileiro.
Infelizmente, foi um período difícil que ainda teve o inesperado da pandemia, e essas empresas de betting chegaram para preencher o espaço que muitos clubes tiveram com uma grande perda de receitas naquele momento. Agora, vale deixar claro que é muito importante que o dinheiro arrecadado com os tributos após a regularização final seja empregado da melhor maneira possível, em temas importantes como saúde, educação e apoio ao esporte brasileiro.
Entre os 20 clubes da Série A, somente o Cuiabá não possui parceria com plataforma de aposta. Já a empresa que mais possui patrocínio é a Esportes da Sorte, com quatro clubes, sendo três deles máster (Athletico, Bahia e Goiás), além do Grêmio, com um valor considerado alto por estar na omoplata do uniforme, além de um bônus que auxilia no salário do atacante Luis Suárez.
"Entendemos que atrelar nossa marca aos clubes não é apenas uma forma de exposição extremamente positiva, mas também de levar aos fãs um pouco de conhecimento e do que é o mercado de apostas. Digo isto porque temos como objetivo promover interação, desde os nossos posts e vídeos em redes sociais até em ativações junto a esses times patrocinados. Queremos estabelecer uma parceria que crie conexões com essas torcidas, e por isso também escolhemos agremiações de diferentes estados e regiões do país”, destaca o CEO do Esportes da Sorte, Darwin Filho.
O presidente Marcelo Paz, do Fortaleza, fechou recentemente o maior contrato da história do clube com uma plataforma de apostas grega, a Novibet. “É um mercado em expansão e que veio para substituir a saída de marcas de outros segmentos. E o Fortaleza analisou minuciosamente todas as propostas que chegaram. A parceria que fechamos com a Novibet é uma das maiores da nossa história, nos colocando num patamar de grandes times do futebol nacional”, disse.
Outro registro importante é que os valores acima não contemplam outras parcerias, como da CBF com o galera.bet, patrocinador oficial do Campeonato Brasileiro até o final de 2024. Considerada uma das plataformas que mais prega o jogo responsável do país, o galera.bet pertence à Playtech, um das maiores plataformas do mundo em tecnologia para jogos e que tem sede em Londres.
Alguns especialistas, no entanto, entendem que com a regulamentação o mercado tende a ter uma adequação muito maior com relação ao número de plataformas vigentes. “A iminente regulamentação das apostas esportivas pode diminuir o número de empresas que conhecemos no mercado, já que nem todas conseguirão se adequar as novas regras, por outro lado podem atrair players internacionais de renome que ainda não atuam no Brasil, nesse sentido, as principais propriedades do futebol tendem a se valorizar já que devem ser ainda mais disputadas”, aponta Ivan Martinho, professor de marketing esportivo pela ESPM.