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Construtoras estão preferindo comprar espécies da Mata Atlântica para o paisagismo dos empreendimentos (ValterCunha/Getty Images)
Rodrigo Caetano
Publicado em 2 de dezembro de 2020 às 14h41.
Última atualização em 2 de dezembro de 2020 às 18h20.
A marca Votorantim não é a primeira a ser lembrada quando se pensa em paisagismo. Mas, a tradicional cimenteira brasileira está se tornando uma força do setor. Na sexta-feira, 4, a Reservas Votorantim, braço de gestão florestal do grupo, inaugura o Pátio Caeté, sua primeira loja de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica. O foco da varejista, localizada em São Paulo, será paisagistas profissionais, que trabalham para as construtoras, e jardineiros de final de semana.
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Os produtos serão trazidos da reserva Legado das Águas, gerenciada pela Reservas Votorantim, que fica no Vale do Ribeira, em São Paulo. A reserva conta com uma estrutura de produção de mudas e também de pesquisas sobre a flora da Mata Atlântica. “Estamos resgatando uma série de árvores que estavam esquecidas”, afirma David Canassa, diretor da Reservas Votorantim. “Há uma grande demanda por espécies nativas, que são mais resistentes.”
Entre as preferidas estão o cambuci, a embaúba e o palmito jussara — que decora o escritório da Reservas, inclusive.
A empresa comercializa as mudas desde o ano passado, mas apenas para o mercado corporativo. Os maiores clientes são as construtoras. “Há um apelo de marketing no uso de árvores da Mata Atlântica”, diz Canassa. Um exemplo desse movimento é o Parque Global, empreendimento residencial da incorporadora Benx localizado na Marginal Pinheiros, próximo ao bairro do Morumbi, na capital paulista. O condomínio terá 58.000 metros quadrados de área verde com plantas do bioma fornecidas pela Reservas.
No ano passado, a Reservas Votorantim produziu em torno de 200.000 mudas, todas vendidas. Para este ano, o primeiro lote, também de 200.000, já está encomendado. Será preciso aumentar a produção para dar conta da demanda.
As mudas são produzidas por meio de um longo processo. A partir de pesquisas, os biólogos da empresa definem as espécies mais propícias a ser desenvolvidas em estufa. As sementes são recolhidas em diversos pontos da reserva e plantadas em “tubetes”. A partir da primeira germinação, elas podem ser vendidas ao custo de cerca de 15 reais. Os paisagistas, no entanto, preferem comprar as plantas mais crescidas. Para isso, há um pátio em que as plantas são desenvolvidas, algumas vezes por anos. Uma muda adulta custa em torno de 400 a 500 reais.
O projeto da Votorantim é ambientalmente correto e totalmente comercial. Segundo Canassa, desde a decisão de transformar a área no Vale do Ribeira em reserva, a companhia adotou a estratégia de fazer com que a iniciativa se mantivesse de pé independentemente de doações. Para se diferenciar da concorrência, a Reservas adota um elevado padrão tecnológico de rastreamento. No Parque Global, cada árvore tem um QR Code, que dará acesso a toda sua trajetória, desde seu nascimento. Esse tipo de rastreamento também garante a qualidade das espécies produzidas.
Regina de Lucca, da Giovanna Paisagismo, que estará à frente do Pátio Caeté, afirma que a loja contará com espécies raras da Mata Atlântica. Ela será responsável por fazer a curadoria desse portfólio, que virá de outros fornecedores. “Contamos com uma rede bastante ampla de fornecedores para atender a diferentes tipos de projetos paisagísticos”, diz Lucca. O processo é feito com cuidado e qualidade para trazer espécies que tragam benefícios ambientais e econômicos, sendo uma alternativa viável e atrativa ao mercado de paisagismo. O fornecimento de espécies nativas sempre foi um desafio.”