ESG

Via Varejo: elevar o uso de energia renovável é suficiente para ESG?

A especialista em ESG da EXAME Invest Pro, Renata Faber, analisou a emissão de debêntures da Via Varejo e deu exemplos positivos de outros dois players do setor

Via Varejo anunciou sua primeira emissão de debêntures atrelada ao cumprimento de metas de sustentabilidade (Germano Lüders/Exame)

Via Varejo anunciou sua primeira emissão de debêntures atrelada ao cumprimento de metas de sustentabilidade (Germano Lüders/Exame)

A Via Varejo S.A. (VVAR3) comunicou na última segunda-feira, 19, que seu Conselho de Administração aprovou a 6ª emissão pública de debêntures simples. É a primeira emissão da companhia com condições atreladas ao cumprimento de metas de sustentabilidade (sustainability-linked bond - SLB). Mas será que a novidade foi vista como algo positivo para o mercado?

O objetivo é adotar fontes renováveis de energia em até 90% de sua operação até 2025, em uma ação que inclui escritórios, centros de distribuição e lojas. Entretanto, de acordo com a especialista em ESG da EXAME Invest Pro, Renata Faber, as metas poderiam ser um pouco mais convincentes, do ponto de vista do compromisso ambiental.

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“É pouco uma empresa do varejo focar apenas em aumentar o uso de energia renovável. Quando pensamos em temas materiais dessa indústria, pensamos na velocidade da gestão de resíduos e na emissão de carbono, principalmente, escopo três. Então, realmente é uma meta modesta. Temos que tomar cuidado com a ambição dessas emissões de dívida. Caso contrário, esse mercado pode perder um pouco do appeal”, explica Faber.

Boas práticas em ESG

O mercado de dívida verde e sustentável tem crescido bastante nos últimos anos. Segundo Faber, isso ajuda as empresas a pensarem na agenda ESG, mas não é o bastante. Para ela, as empresas precisam ter metas fortes.

Por isso, é importante que as empresas se espelhem em outras companhias que adotam boas práticas de governança, social e ambiental já reconhecidas pelo mercado. "Temos que olhar o que os concorrentes estão fazendo, ver onde a barra está mais alta. Nesse caso, Mercado Livre (MELI34) e Magazine Luiza (MGLU3) são dois bons exemplos”, afirma Faber.

Faber destaca a maior eficiência das duas empresas em relação aos outros players do varejo nos quesitos ESG. “Ambas já estão olhando emissão de carbono escopo três. O escopo 3 inclui a emissão de carbono das entregas das mercadorias, a questão da embalagem dos produtos que eles vendem. São empresas que já estão pensando em como fazer uma logística reversa ou uma economia circular com essas embalagens”, exemplifica Faber.

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Emissão de debêntures da Via Varejo

O valor total da emissão de debêntures da Via Varejo será de 1 bilhão de reais na data de emissão. Em relação a quantidade total de debêntures, serão 1 milhão. Elas são do tipo não conversíveis em ações, da espécie quirografária, e serão distribuídas em até duas séries, para distribuição pública com esforços restritos de distribuição.

A Via Varejo pagará 100% do CDI, mais sobretaxa de até 1,90% na primeira série das debêntures, e sobretaxa de até 2,10% na segunda série. Caso não sejam atendidas determinadas metas de uso de energia elétrica renovável a serem estabelecidas na Escritura de Emissão ou não seja entregue ao agente fiduciário o relatório do avaliador externo, no prazo a ser previsto na escritura de emissão, a sobretaxa será acrescida em 10bps.

Ou seja, a Via Varejo pagará uma remuneração extra de 10 pontos-base em cada série de debêntures. Assim, a sobretaxa original da primeira série será ajustada para até 2% ao ano, enquanto a da segunda série passará para 2,20% a.a. A remuneração final será definida por bookbuilding.

Os recursos captados pela Via Varejo por meio da integralização das debêntures serão destinados ao alongamento do perfil da dívida da empresa e reforço de caixa no âmbito da gestão ordinária dos negócios da companhia. Os papéis da Via Varejo fecharam o pregão da última segunda cotados a 12,80 reais, com uma leve alta de 0,39%.

Acompanhe tudo sobre:Açõesanalises-de-acoesVia Varejo

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