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CEO da Favela Holding
Publicado em 7 de setembro de 2024 às 11h39.
Última atualização em 7 de setembro de 2024 às 11h47.
Desde o meio da semana, algumas pessoas têm me pedido uma posição sobre esse episódio tão triste. Eu seria irresponsável em julgar ou criticar sem saber sequer a posição dos envolvidos. Agora, diante do que foi posto por todos os envolvidos e pelo próprio Lula, culminando no quadro dramático que temos hoje, afirmo que essas denúncias anônimas e a recente denúncia de Anielle Franco contra Silvio Almeida representam uma das maiores tragédias políticas e sociais que poderíamos imaginar. Independentemente de provas, culpa ou inocência.
Nem quero entrar no mérito de culpa, uma vez que Silvio Almeida nega as acusações com firmeza. Também não farei julgamento sobre a veracidade ou não das denúncias, pois tanto Anielle quanto Silvio são duas figuras emblemáticas que sempre admirei, não só por suas trajetórias pessoais e agora políticas, mas também pela credibilidade que construíram ao longo de suas carreiras.
Este é um daqueles momentos históricos em que todos perdem. Perdemos uma chance de avançar unidos, de focar nas lutas maiores que afetam a população brasileira, especialmente as comunidades marginalizadas que ambos defendem. Perdemos, no governo, um grande expoente do campo progressista, mas seguimos com uma grande liderança no mesmo campo. Lideranças que, pelas razões postas, estão em lados opostos de uma crise que só fragiliza nossas trincheiras.
Lula, diante da insustentabilidade da situação, não tinha outra alternativa a não ser demitir Silvio Almeida. Sua permanência, após a exposição midiática, se tornou impossível. E o presidente agiu como qualquer líder teria que agir em uma circunstância como essa. Ao mesmo tempo, respeito profundamente Silvio por não ter pedido demissão, se acredita ser inocente, e respeito Anielle por ter trazido à tona a sua denúncia, se tem convicção do ocorrido.
Entretanto, a maior tragédia para a nossa agenda negra é avançar para além das necessárias reflexões desse momento e partir para um movimento de apagamento, transformando esse episódio em uma carnificina política. Isso se tornaria uma batalha que só trará mais divisão e dor para todos nós.
O que resta é lamentar profundamente esse momento, que marca um triste capítulo na nossa história recente. Agora, mais do que nunca, é preciso que, como sociedade, não percamos o foco. Precisamos continuar firmes na trincheira, trabalhando para superar essa dor e focando no que realmente importa: as batalhas diárias por justiça, igualdade e progresso para todos. Focar na colaboração de quem continua e na reconstrução emocional e imagem de quem sai. No fim do dia, a derrota está sendo de todos nós.
Este é um momento de tristeza e da manutenção da saúde mental, não de ataques. Precisamos avançar.