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Uma pausa na era da ansiedade

Mulheres são maioria no cuidado, atividade fundamental mas extremamente demandante, frequentemente invisibilizada, não reconhecida e não remunerada

Deixar nossas mazelas no passado e explorarmos criativamente as possibilidades do futuro é uma tarefa coletiva (Getty Images)

Deixar nossas mazelas no passado e explorarmos criativamente as possibilidades do futuro é uma tarefa coletiva (Getty Images)

Daniela Grelin
Daniela Grelin

Diretora Executiva do Instituto Natura

Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 10h00.

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Se parássemos para perguntar às mulheres brasileiras, ao final de 2023, o que gostariam de deixar para trás na virada do ano, imagino que talvez pelo menos 35% delas diriam: a ansiedade. Naquele ano, uma pesquisa do Lab Think Olga, feito a partir de entrevistas online com 1.078 mulheres com mais de 18 anos de todas as classes e regiões do Brasil, apontou que este era o percentual de respondentes diagnosticada com transtorno de ansiedade. No mesmo estudo, 55% delas declararam que a ansiedade é um sentimento frequentemente presente no dia a dia.

Será que em 2024 a situação melhorou? Dificilmente. Os mesmos fatores de insatisfação apontados então, não deram trégua ao longo deste ano, enquanto outros se somaram. Vejamos:

  • 16% das entrevistadas citaram o medo constante de sofrer violência como fator de impacto em sua saúde mental.
  • 48% declararam-se insatisfeitas com a situação financeira restrita e 32% com a remuneração baixa.

Ao mesmo tempo, elas se reconhecem sobrecarregadas, refletindo o desequilíbrio na divisão de responsabilidades com o cuidado. As mulheres dedicam o dobro de tempo dos homens nas tarefas de cuidado, segundo dados do IBGE[1]. São maioria absoluta nesta atividade fundamental mas extremamente demandante, frequentemente invisibilizada, não reconhecida e não remunerada. Estas pressões se sobrepõem, pois a mulher responsável pelo cuidado de alguém, especialmente as mães solo, têm menos tempo para se dedicar ao trabalho remunerado, somando o empobrecimento ao peso do cuidado e à pressão para corresponderem a padrões sociais e estéticos restritivos.

Gostaríamos de deixar estes estressores para trás, mas não é possível fazê-lo sozinhas. Assim como todos os outros desafios deste ano marcado por tensões sociais, políticas e ideológicas, emergências climáticas e conflitos armados, só é possível encontrar soluções coletivamente. Deixar nossas mazelas no passado e explorarmos criativamente as possibilidades do futuro é uma tarefa coletiva. No entanto, o que se observa diante de tantas incertezas e ambiguidades é uma fuga para o individualismo.

Mais uma razão para aprendermos com as mulheres um novo conceito de empoderamento, não relacionado à competição, à busca desenfreada de poder e controle. O que aprendo todos os dias no trabalho com as mulheres é que empoderamento é rede de apoio e retaguarda. Para cuidarem de si mesmas, de sua saúde física e mental, para equilibrar responsabilidades, oportunidades e acessos. Para que todas possam ter uma chance de ser (dignamente, abundantemente, coletivamente, infinitamente) humanas[2], afinal.

Eis o que queremos levar para 2025.

[1] Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua - Outras Formas de Trabalho (PNAD Contínua - Outras Formas de Trabalho)

[2] Frase inspirada no Manifesto do Instituto Natura.

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