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Esta startup quer vender água em caixas de leite - e você vai querer uma

Empresa brasileira aposta no conceito sustentável de consumo com a primeira caixa reutilizável do país

Rodrigo Gedankien e Fabiana Tchalian, fundadores da Água na Caixa: startup vende água em embalagens cartonadas (//Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 13 de dezembro de 2020 às 10h00.

Última atualização em 24 de dezembro de 2020 às 11h19.

As gôndolas dos supermercados nunca desejaram estar tão distantes do plástico. O apelo pela sustentabilidade e a exigência cada vez maior de consumidores por empresas com práticas de impacto reduzido fazem surgir no mercado novas alternativas para substituição do plástico. A Água na Caixa surge para resolver esse problema - ou parte dele.

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Criada pelos empreendedores Fabiana Tchalian e Rodrigo Gedankien, a startup surgiu a partir de um caso de sucesso dos Estados Unidos: a Boxed Water, marca de água mineral com embalagem 92% vegetal. “A criatividade e a inovação daquele produto me encantaram. E isso bastou para que quisesse trazer isso para cá”, diz Fabiana.

A empresa é a primeira 100% brasileira a envasar água mineral em uma embalagem reutilizável e totalmente reciclável em um material que vai além do plástico e do alumínio. Até o momento, o mercado brasileiro só se valia de soluções importadas. Em recipientes similares às caixas de leite e suco, a embalagem, que é fabricada pela TetraPak, é 82% renovável e feita à base de papel e plástico de cana-de-açúcar.

Além dos fundadores, a Água na Caixa tem quatro sócios. Entre eles, Guilherme Sobral, neto do fundador da Casa Santa Luzia, tradicional supermercado de São Paulo onde a água fará sua estreia entre janeiro e fevereiro de 2021 em embalagens de 500 ml. De acordo com os empreendedores, a água sustentável será mainstream: o mercado é popular e o produto não deve passar dos 8 reais.

“Estamos iniciando com uma capacidade de envasar até 50 milhões de caixinhas ao ano e a nossa meta é atingir os 1.000 pontos de venda em São Paulo e no Rio de Janeiro até o fim de 2021", diz Gedankien.

O incentivo à reutilização da caixinha é o grande diferencial da startup frente aos principais concorrentes do mercado. Nas embalagens, há uma mensagem que brinca com o assunto: “quanto mais você reutilizar, mais vamos te amar”. Há também um espaço para que o consumidor possa preencher o seu nome e deixar a caixinha com aparência de item pessoal. “Queremos que a caixa se torne um objeto que a pessoa queira usar e mostrar sempre”, ela diz.

Para fazer com que a caixinha se torne parte da vida dos consumidores, a Água na Caixa trabalhará junto ao projeto voluntário Instituto Mãos na distribuição de 150 filtros de água feitos de barro para parceiros e influenciadores. “Seria uma hipocrisia da nossa parte apenas dizer para que o consumidor use nossa caixinha, quando ele considera outras soluções mais eficazes dentro de casa. Com os filtros de barro, o ciclo está completo”.

Água que vale ouro

As embalagens reutilizáveis se tornaram em um mercado de 10 bilhões de dólares,  segundo a Fundação Ellen MacArthur. Reduzir o uso de plásticos fará parte de um novo modelo de negócio onde empresas deverão seguir critérios ambientais explorando oportunidades para criar produtos que vão além do uso único.

Segundo Mauricio Colombari, sócio da PwC Brasil e consultor dedicado à sustentabilidade, o mercado de água sustentável no Brasil ainda é liderado pelas grandes corporações globais, mas há uma crescente demanda para que empresas nacionais criem soluções que eliminem o plástico. “Temos empresas que se empenham em desenvolver produtos com menor porcentagem de plástico, que empreguem alternativas como a eliminação de rótulos e até tecnologias que permitam uma maior participação possível de plástico reciclável”, diz.

Para Colombari, a real oportunidade para as empresas é poder contribuir com a economia circular. “O conceito vai muito além da reciclagem. Ele vai desde explicar o conceito de o reuso para o consumidor e buscar matérias-primas menos agressivas e vai até uma composição de produção que considere o menor percentual possível de plástico”, diz.

As embalagens revolucionárias, que tomam a inovação como base ainda são limitadas, o que gera uma infinidade de oportunidades para empresas que desejam investir neste setor.

No Brasil, as soluções mais conhecidas são as criadas pela Minalba e Ambev, sendo as duas águas em lata. No último ano, também desembarcou por aqui a JUST Water, marca criada por Jaden Smith, filho do ator Will Smith. O produto é vendido na rede Pão de Açúcar e na também na Casa Santa Luiza.

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