Rio Bravo terá metas de diversidade e inclusão para investimentos
Tradicional gestora divulga carta dedicada ao "S" da questão e revela posicionamento e medidas para a aderência aos temas de inclusão social dentro dos princípios ESG
Marcelo Sakate
Publicado em 13 de abril de 2021 às 13h33.
Última atualização em 13 de abril de 2021 às 14h56.
O peso crescente dos princípios ESG (sigla em inglês para ambiental, social e de governança) é tema da nova carta de uma das gestoras mais tradicionais do mercado, a Rio Bravo Investimentos .
"Diversidade e gênero: encontrando o “S” da questão na Rio Bravo Investimentos", é o nome do relatório, assinado por Ana Claudia Ruy Cardia Atchabahian, advogada e sócia do escritório Ruy Cardia Atchabahian, e Vanessa Zampolo Faleiros, COO (executiva-chefe de Operações) da Rio Bravo.
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A gestora relata que implementou no ano passado um comitê de diversidade para promover um debate aberto e organizado sobre o tema. E que após esse primeiro passo decidiu partir para a adoção de metas de diversidade e inclusão, "inclusive como critério de elegibilidade para os investimentos", algo previsto para acontecer neste ano.
"A Rio Bravo estabelecerá metas públicas e concretas a serem alcançadas nos próximos anos. Nesse contexto, a Rio Bravo já aderiu ao Principles for Responsible Investiments – PRI no segundo semestre de 2020."
"Nota-se, nos mercados financeiros e de capitais nacionais e internacionais, um foco quase que exclusivo na consideração de questões de ESG em relação a investimentos, concessão de crédito e outras atividades inerentes a tais setores. Entretanto, ainda se verifica um desafio da implementação interna destes corolários nessas mesmas corporações", apontam as autoras da Rio Bravo na carta.
Os ganhos para empresas que abraçam a causa da diversidade são inequívocos e são corroborados por pesquisas qualitativas e quantitativas.
A carta da Rio Bravo cita um estudo pioneiro conduzido pela consultoria McKinsey com empresas na América Latina. Segundo a publicação, "as corporações com programas de diversidade da região não apenas contam com melhor relacionamento entre os pares e líderes mas também apresentam maior retenção de funcionários".
Há outros efeitos positivos, de acordo com o estudo da McKinsey: "um aumento de 152% na abertura para propostas de inovação, aumento da produtividade, maior interesse em ascender na carreira e, consequentemente, 93% maior probabilidade de obtenção superior de lucros se comparada aos pares que não adotam políticas internas de gênero".
Outro estudo da McKinsey, desta vez de 2018, é utilizado para apontar os benefícios de empresas que estão no mercado de capitais e que contam com programas de diversidade de gênero em cargos de direção: "[essas empresas] tinham 21% maior chance de superar sua lucratividade e 27% maior probabilidade de garantir a criação de maior valor agregado".
10 propostas de mudança
As autoras da Carta também se propõem a apresentar medidas que as empresas podem tomar e que se verificam em projetos eficientes nessa temática. São 10 medidas elencadas, das quais seguem três abaixo:
- Processos seletivos com vagas voltadas exclusivamente para mulheres ou que contemcom uma porcentagem mínima de currículos femininos;
- Investimento em divulgação dos programas de inclusão para mulheres para maior atração de funcionárias nos processos seletivos e programas de recrutamento;
- Programas de licença-maternidade e licença-paternidade (licença parental), sob a perspectiva de que o cuidado com os filhos não deve ser exclusivo das mulheres, o que inclui flexibilidade de horários e possibilidade de home-office.
Diagnóstico e desafios
O documento da Rio Bravo também faz um diagnóstico não só da situação atual de falta de diversidade de gênero e raça mas do histórico global. E dos desafios e das dificuldades inerentes a esse quadro.
"Apesar de as mulheres – que compõem metade da população mundial – terem hoje maior projeção em sua atuação fora do ambiente doméstico, ainda há desafios que restam sem solução", aponta a carta, para elecar a seguir alguns exemplos.
"Os desafios da maternidade e a recolocação no mercado de trabalho; as diferenças salariais entre homens e mulheres em cargos idênticos e com mesma escolaridade; tratamento discriminatório e ocorrências de assédio sexual; e a dificuldade de ascensão a cargos de diretoria e conselhos em comparação com pares do sexo masculino, com suas implicações até mesmo psicológicas para mulheres", completa o documento a esse respeito.
"Os números no setor se tornam ainda piores quando comparados a partir de um recorte de raça: mulheres, especialmente as negras, têm maior dificuldade de conseguir uma promoção internamente se comparadas aos seus pares idênticos masculinos."
Conclui a Rio Bravo na sua carta dedicada ao tema ESG: "Aplicar medidas concretas em programas internos fundamentados na realidade feminina e em critérios de ampla inclusão corporativa, como visto, traz resultados positivos e vantajosos para a sustentabilidade e sobrevivência da empresa e para o atendimento aos pressupostos de inclusão, constantes do “S” da sigla ESG".