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Nos últimos 20 anos, as renováveis deixaram de ser uma escolha movida por preocupações ambientais para se tornarem a opção mais barata e segura (AFP/Reprodução)
Repórter de ESG
Publicado em 23 de dezembro de 2025 às 14h09.
A revista Science elegeu o crescimento das energias renováveis como o Breakthrough of the Year 2025, prêmio que reconhece anualmente o avanço mais importante da ciência. É a primeira vez que o setor energético recebe a distinção, que em edições anteriores premiou a vacina contra a covid-19 (2020) e a descoberta do bóson de Higgs (2012).
"Desde a Revolução Industrial, a sociedade humana funcionou com energia solar antiga — capturada por plantas há centenas de milhões de anos, armazenada em combustíveis fósseis e extraída da terra", afirma a publicação. "Mas este ano o impulso mudou inequivocamente para a energia que vem do Sol hoje."
O relatório Global Electricity Mid-Year, publicado em outubro pelo think tank Ember, mostrou que as renováveis alcançaram 34,3% da matriz energética global no primeiro semestre, superando pela primeira vez o carvão, que ficou em 33,1%. As instalações solares cresceram 64% no período.
O salto acontece num ritmo acelerado. Em 2004, o mundo levava um ano inteiro para instalar 1 gigawatt de capacidade solar. Hoje, o dobro disso entra em operação a cada dia.
A mudança é impulsionada pela queda vertiginosa dos preços. As renováveis deixaram de ser uma escolha movida por preocupações ambientais para se tornarem a opção mais barata e segura: a energia solar e eólica se transformaram nas fontes mais baratas em boa parte do planeta.
A Agência Internacional de Energia projeta que a capacidade renovável quase dobre entre 2025 e 2030, atingindo um aumento de 4.600 gigawatts — o dobro dos cinco anos anteriores.
A China lidera essa transformação. O país fabrica 80% das células solares, 70% das turbinas eólicas e 70% das baterias de lítio do mundo. A produção em escala massiva derrubou custos e alimentou a demanda global. A geração solar chinesa cresceu mais de 20 vezes na última década.
Em setembro, o presidente Xi Jinping anunciou na ONU que a China cortará até 10% de suas emissões de carbono na próxima década usando mais energia solar e eólica, não menos energia.
A onda de tecnologia barata vinda da China tem mudado o mapa energético de países em desenvolvimento. No Paquistão, as importações de painéis solares chineses cresceram cinco vezes entre 2022 e 2024. Na África do Sul e na Etiópia, a busca por alternativas às fontes tradicionais acelerou a adoção das renováveis.
A América Latina gerou 17% de sua eletricidade a partir de solar e eólica em 2024, acima da média global de 15%. Dezesseis países da região se comprometeram a chegar a 80% de energia renovável até 2030.
Os desafios, porém, persistem. A China continua construindo usinas de carvão, os Estados Unidos ergueram barreiras comerciais contra painéis chineses, e a infraestrutura necessária para armazenar e distribuir energia verde ainda avança devagar.