ESG

Por que investir no professor dá mais retorno do que reformar escolas

Para a Parceiros da Educação, ONG que atua junto a escolas públicas, a formação continuada dos docentes é o que garante o interesse dos alunos

Escola Francisco Aguiar, Sobral;
Fundeb; Professores, Pública; Básica

Sobral / CE
Foto: Alexandre Battibugli

09/2013 (Alexandre Battibugli/Exame)

Escola Francisco Aguiar, Sobral; Fundeb; Professores, Pública; Básica Sobral / CE Foto: Alexandre Battibugli 09/2013 (Alexandre Battibugli/Exame)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 18 de janeiro de 2022 às 18h13.

A vida é um eterno aprendizado. Para a Parceiros da Educação, essa talvez seja a maior lição assimilada ao longo de 15 anos de trabalho junto a escolas públicas. A organização atua viabilizando parcerias entre as redes municipais e estaduais de educação e a sociedade civil. Ela conecta pessoas interessadas em colaborar com escolas abertas a esse tipo de associação, que recebem recursos do setor privado para aprimorar sua gestão.

“No início, focamos muito em infraestrutura. Quando um empresário adotava uma escola, a primeira coisa que fazia eram reformas”, afirma Jair Ribeiro, fundador da Parceiros da Educação. “Mas a infraestrutura não tem impacto, o foco tem de estar no pedagógico.”

A ideia de criar a ONG surgiu a partir de uma experiência organizada por Jayme Garfinkel, controlador do grupo Porto Seguro. O empresário firmou uma parceria com uma escola na favela de Paraisópolis, em São Paulo. Ribeiro, após conhecer a iniciativa, assume a parceria com uma escola e convence um grupo de empresários a fazer o mesmo. Atualmente, a entidade possui um programa completo de gestão apoiado em quatro pilares: apoio pedagógico, apoio à gestão, integração família e escola e apoio à infraestrutura.

Ribeiro aponta que a capacitação de professores e diretores é o que traz o maior diferencial em termos de qualidade para as escolas. “A qualidade do professor é o que faz mais falta”, afirma. Nesse sentido, a ONG tem feito esforços para garantir, nas escolas parceiras, uma formação continuada dos docentes.

As escolas de tempo integral são outra medida que traz um impacto muito grande na qualidade da educação, segundo Ribeiro. O modelo força a dedicação exclusiva do professor a uma só escola, o que melhora organicamente o ensino. Em termos de currículo, é possível incluir matérias eletivas que tragam uma perspectiva de projeto de vida ao aluno.

“Algum investimento é necessário (para as escolas integrais), mas não é absurdo. O importante é o professor exclusivo, o currículo integrado e o projeto de vida”, diz Ribeiro.

Parceria com o Estado de São Paulo

A Parceiros da Educação mantém uma parceria com o Governo do Estado de São Paulo desde 2011. A administração atual, comandada pelo secretário Rossieli Soares, pretende ampliar a colaboração. “Queremos chegar a 20% da rede em 5 anos”, afirma Soares.

Em São Paulo, o desafio é lidar com uma rede com mais de 5 mil escolas, algo pouco comum fora do Brasil – nos Estados Unidos, a maior rede pública não chega a 1 mil unidades. Nesse cenário, o diretor de escola ganha uma importância ainda maior.

No ano passado, São Paulo anunciou uma expansão do Programa de Ensino Integral no estado. A partir deste ano, serão abertas cerca de 1 milhão de vagas em mais de 2 mil escolas. O programa foi criado em 2012 e já apresenta resultados. No último Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), de 2019, as escolas integrais apresentaram um avanço de 1,2 ponto, ante 0,6 das regulares. No ranking das melhores escolas estaduais, entre as 10 primeiras, 9 são integrais.

Outro desafio, segundo Ribeiro, é levar boas escolas para os locais que mais necessitam. “As melhores escolas têm de estar nos piores lugares”, afirma. “E aumentar o vínculo com a comunidade.”

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