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Suzano: produção de eucalipto pode ser usado para produzir lignina para buscar alternativas mais sustentáveis na substituição de fontes fósseis (Germano Lüders/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 23 de maio de 2023 às 07h04.
Última atualização em 24 de maio de 2023 às 16h01.
A Suzano, fabricante de papel e celulose, estabelece nova parceria com a Greenway, divisão de negócios sustentáveis da distribuidora química CYA, e Vipal Borrachas, que atua com reforma de pneus. A novidade tem como foco a comercialização da lignina kraft, é uma molécula que faz parte da árvore de eucalipto, assim como a celulose e hemicelulose, que é de origem renovável, também chamado como Ecolig. O insumo pode ser usado como antioxidante e na produção de correias transportadoras, solados de borracha, produtos para reforma de pneus e outros produtos de borracha.
“O Ecolig é produzido pela Suzano a partir de florestas plantadas de eucalipto sob manejo florestal responsável e certificações PEFC Cerflor e FSC. Além disso, o Ecolig obteve o selo americano USDA Biopreferred, certificando a origem 100% renovável deste biomaterial. Henrique Brito, Cofundador da Greenway”, pontuou Henrique Brito, co-fundador da Greenway.
Pensando em sustentabilidade, o Ecolig vem de florestas plantadas de eucalipto sob manejo responsável e certificado. Por sua versatilidade, além das diferentes aplicações, o produto tem absorção de radiação UV e propriedade ligante. A comercialização ficará por responsabilidade da Greenway. Enquanto a Vipal Borrachas, utilizará a lignina kraft como uma opção sustentável para a substituição do antioxidante de origem fóssil.
“Temos evoluído de uma empresa baseada basicamente em papel, celulose e energia para uma empresa que será multiprodutos, entregando soluções melhores para a sociedade no conceito de fóssil para fibra. Temos a oportunidade de desenvolver novos produtos para uma economia baseada na utilização de recursos renováveis. Para desenvolver esses produtos e, também nos processos, temos como prioridade produzir mais consumindo menos e descobrindo novas aplicações para a árvore”, afirmou Ananda Sá Dias, gerente de novos negócios da Suzano em entrevista para a EXAME ESG.
Em 2017, a Vipal e a Suzano fizeram uma parceria com a Universidade de Caxias do Sul para viabilizar estudos sobre o comportamento da lignina como antioxidante para buscar alternativas mais sustentáveis na substituição de fontes fósseis.
A Vipal participa do desenvolvimento desta matéria-prima há seis anos, segundo Rodemir Conte, gerente de engenharia de produtos e processos da Vipal. “A empresa pode acompanhar a evolução deste trabalho, permitindo uma avaliação segura da função protetiva da lignina em compostos de borracha para fabricação de produtos para reforma de pneus, bem como da contribuição do antioxidante para um menor impacto ambiental”, disse.
A ação está alinhada ao compromisso da Suzano de oferecer 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável para substituir produtos derivados do petróleo até 2030. A Suzano é a primeira fabricante de lignina kraft de eucalipto certificado do mundo, comercializada na Argentina, Estados Unidos e Japão, além do Brasil.
A Suzano afirma que, como biomassa florestal, a Ecolig tem o potencial de remoção e fixação de até 2,2 kg de CO2 da atmosfera por kilo de lignina produzida, contribuindo, assim, para o balanço das emissões durante o ciclo de vida do produto, como as etapas de transporte e processos produtivos industriais.
Segundo Sá Dias, a Suzano tem compromissos públicos assumidos sobre sustentabilidade. Estes são os ‘Compromissos para Renovar a Vida’, que servem como bússolas para as ações adotadas pela companhia, e estão alinhados com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
“Entre eles, destacamos a nossa meta de disponibilizar ao mercado 10 milhões de toneladas de produtos de origem renovável ao mercado até 2030”, afirmou Sá Dias. A partir disso, a empresa define rotas estratégicas para ampliar o portfólio de biomateriais, como a lignina.
“A Ecolig também está ligada a outros objetivos da Suzano, como o de remover mais de 40 milhões de toneladas de carbono da atmosfera até 2025, já que substitui produtos de maior impacto na natureza. Inclusive, hoje nós somos uma empresa climate positive, ou seja, positiva para o clima, e capturamos mais carbono da atmosfera do que emitimos em nossas operações”, afirmou Sá Dias.
Segundo Jordão Gheller Jr., membro da diretoria da Associação Brasileira da Borracha (ABTB) e doutor em Elastômeros, a indústria da borracha se desenvolveu, na sua essência, de maneira sustentável. “Os primeiros produtos de borracha derivaram do látex da seringueira, um produto sustentável, visto que o látex é extraído da árvore sem danos significativos na planta”, comentou. Porém, processos químicos foram inseridos na cadeia produtiva da borracha entre as décadas de 1940 a 1990.
“Estes insumos mais sustentáveis têm um papel fundamental nesta nova economia ESG, reduzindo a pegada de carbono de produtos de borracha. Alguns desafios ainda precisam ser superados, tais como a escalabilidade na produção destes insumos e de ajustes nos processos produtivos”, disse Gheller Jr.
Por o Ecolig ser uma matéria-prima usada como antioxidante natural em solados de borracha, produtos para reforma de pneus e mangueiras, o Ecolig pode ser uma inovação no setor de borrachas. Isto se dá, inicialmente, na forma como o material é extraído: vindo de florestas de eucalipto sob manejo florestal responsável e com certificações nacionais e internacionais. “O que comprova a sustentabilidade do produto. Além disso, a descoberta de uma aplicação protetiva para a borracha, dá uma função nobre para a lignina”, afirmou Conte.
A lignina, que é tradicionalmente queimada nos processos industriais, é o segundo polímero mais abundante na natureza. Segundo a Suzano, a lignina representa cerca de 30% do carbono orgânico não-fóssil presente na biosfera e é um dos principais constituintes da madeira – além de ser uma opção para produtos de origem fósseis. “A lignina pode ser utilizada como adjuvante ou como substituta de derivados do petróleo em diversos produtos como artefatos de borrachas e nas resinas fenólicas utilizadas na impregnação de papel, para laminados e painéis de madeira”, observou Sá Dias.
De acordo com a executiva, o componente, que é obtido a partir de um coproduto da celulose, representa cerca de 30% do carbono orgânico não fóssil na biosfera e, por ser um dos principais constituintes da madeira, está presente em muitos vegetais e confere rigidez, impermeabilidade e resistência.