Pacto Global da ONU no plano de negócio: por que é importante para as empresas aderirem à iniciativa
O comprometimento às causas sociais e ambientais é uma tendência mundial. Mesmo assim, apenas 0,025% das empresas brasileiras assinaram o Pacto
Redação Exame
Publicado em 26 de março de 2023 às 10h30.
O processo de gerir uma empresa no Brasil é desafiador por si só. Desde o início, o empresário ou CEO tem que lidar com uma série de despesas, tributações e burocracias que se tornam uma verdadeira batalha na jornada de consolidação do negócio. Diante de tudo isso, se empenhar em questões sociais e sustentáveis como o Pacto Global da ONU torna-se quase impensável. No entanto, esse é um compromisso que as empresas já não podem mais adiar.
O Pacto Global da ONU foi criado em 2000 pelo então secretário das Nações Unidas Kofi Annan. A iniciativa tem o objetivo de engajar as empresas a alinharem as suas estratégias e operações aos Dez Princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. Segundo dados do Mapa de Empresas do Ministério da Economia de 2022, o Brasil possui mais de 8,4 milhões de empresas ativas - sem contarmos com MEI (Micro Empreendedor Individual). Recentemente, no Brasil, o Pacto Global da ONU atingiu o número recorde de 1.900 membros, representando cerca de 9,5% do número geral de assinantes no mundo.
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O marco é com certeza uma conquista que vem alinhada a um movimento global que, de certo modo, cobra o setor privado a ter um compromisso maior com as questões ambientais, sociais e de governança (a chamada sigla ESG, em inglês). Entretanto, o número ainda é muito baixo, representando cerca de 0,025% das empresas brasileiras preocupadas com a causa.
Ao assinar o Pacto Global da ONU, a empresa passa a assumir, de forma voluntária, metas e compromissos voltados para a promoção do crescimento sustentável e da cidadania. Os objetivos devem ser realistas e atingíveis e podem ir desde a contratação de funcionários de forma inclusiva ou passar a ter a frota de veículos 100% elétrica.
Sem dúvidas, as mudanças não serão fáceis e uma das preocupações e desafios é alinhar as iniciativas sustentáveis com o gerenciamento de custos e com o objetivo da empresa de apresentar bons resultados financeiros. Entretanto, os investimentos em ações previstas no Pacto Global da ONU se mostram rentáveis não somente na imagem positiva da empresa, mas também no aproveitamento de recursos e ganhando mais apoio de investidores. É possível ser sustentável e lucrativo.
As empresas devem priorizar as ações sociais para estar alinhadas às tendências globais e evitar de terem que fazer mudanças urgentes no futuro, fato que pode gerar prejuízos financeiros. Além disso, o comprometimento com a iniciativa acarreta ainda em uma mudança de cultura dentro da empresa, dependendo do engajamento de todos os setores. Ao assinar o Pacto, a empresa passa a priorizar temas como diversidade, inclusão, direitos humanos e meio ambiente. Logo, o ambiente empresarial passa a ser contagiado por essa missão, promovendo discussões com parceiros que sigam as mesmas tendências e construindo relações que estão preocupadas com as questões sociais. Quem não se adaptar, poderá ficar de fora!
É notável que apenas uma empresa não tem a capacidade de resolver, sozinha, todos os problemas apontados no Pacto Global que englobam a fome, desigualdade social e aquecimento global. Contudo, ao assumir o compromisso a empresa manda uma mensagem de que é consciente das problemáticas e que está fazendo a sua parte de forma ativa para o futuro do Planeta.
*Michel Goya é sócio e diretor executivo da OPME Log, empresa de logística hospitalar de São Paulo - SP, que se tornou pioneira do setor ao assinar o Pacto Global da ONU.