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Outubro se foi. O que fica após a onda rosa?

Pesquisa de Instituto Natura analisa se esforço de conscientização contribui para a mudança do panorama do câncer de mama no Brasil.

(IA/Freepik)
Daniela Grelin

Diretora Executiva do Instituto Avon

Publicado em 1 de novembro de 2024 às 05h30.

Todos os anos o Brasil se veste de rosa pelo mês internacional de conscientização sobre o câncer de mama. Poucas campanhas de saúde conseguem transcender fronteiras geográficas e institucionais com tamanha fluidez e criatividade resultando em ações onipresentes.

Prédios públicos e privados iluminados de rosa, campanhas nos aeroportos, empresas, igrejas, associações de classe, imprensa, mobiliário urbano além das caminhadas, corridas e palestras que buscam transmitir algumas mensagens centrais,a importância da atenção à saúde mamária e ao diagnóstico precoce do câncer de mama.

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Não sem razão. O câncer de mama é a doença oncológica que mais acomete mulheres em todo o mundo e a curva de incidência é ascendente. No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer estima que 73.610 novos casos de câncer de mama sejam registrados até 2025, com uma taxa de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres. Trata-se, portanto, de uma mobilização importante, urgente e oportuna.

Fica, na mente de alguns, no entanto, a pergunta inquietante: Será que todo o esforço de conscientização contribui para a mudança do panorama do câncer de mama no Brasil? O que fica, de fato, como residual na mente e atitudes das mulheres brasileiras?

Para tentar responder a estas perguntas, o Instituto Natura, instituto social do grupo Natura que abraçou as causas Direito e Saúde da Mulher em que a Avon é pioneira, desenvolveu e aplicou uma pesquisa com 1.520 mulheres acima de 18 anos de todo o Brasil, por telefone ou pessoalmente.

A intenção do estudo foi justamente compreender até que ponto o esforço de conscientização se traduz em atitudes que levem a mulher a adotar hábitos mais saudáveis de vida, fazer os exames de rotina e estarem atentas à própria saúde mamária, conhecendo os fatores de risco, os sinais e sintomas do câncer de mama.

Destaco aqui alguns achados:

● Sobre prevenção: 7 em cada 10 mulheres declaram ir ao ginecologista ao menos uma vez por ano;

● Mamografia: ⅔ das mulheres reconhecem a mamografia como o principal exame para indicar suspeita de câncer de mama e a proporção de mulheres que declara já ter feito exames de mamografia chega a 94% das mulheres com idade entre 50 e 70 anos. Pouco mais da metade das mulheres entre 30 e 49 anos declara já ter feito o exame. Sendo que é a partir dos 40 anos que a mamografia passa a ser feita pela maioria das mulheres.

● Frequência de realização da mamografia: entre as mulheres usuárias do sistema privado com 50 anos ou mais, 72% declaram fazer a mamografia anualmente. Este número cai para 52% entre as mulheres na mesma faixa etária usuárias do SUS.

● Identificação dos sintomas: 7 em cada 10 mulheres afirmam saber identificar os sintomas sugestivos de câncer de mama. Essa percepção é tanto maior quanto mais alta a escolaridade a classe econômica das pesquisadas.

● Os sinais mais reconhecidos do câncer de mama são: 6 em cada 10 mencionam o surgimento de caroço ou nódulo na mama, espessamento na mama ou na axila, a pele grossa e peito aumentado. Os resultados completos desta pesquisa inédita podem ser encontrados aqui.

É possível concluir que a alta visibilidade do tema está correlacionada à altos índices de reconhecimento de s inais e sintomas e da mamografia, como principal exame de detecção. É verdade, no entanto, ao considerarmos os desdobramentos e segmentação dos dados que este reconhecimento varia conforme o perfil socioeducacional.

Ainda assim, emerge deste levantamento o perfil de uma mulher atenta à saúde mamária. Resta o grande e largamente insuficiente desafio de corresponder a esta consciência com o acesso fácil, ágil e oportuno às consultas e aos exames para todas as mulheres brasileiras.

Que os prédios públicos iluminados de rosa se convertam em políticas públicas integrais eficazes para unir à conscientização o acesso equitativo ao direito à saúde para todas as mulheres.

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