#NãoVolte: cuidar dos oceanos é dever das empresas, diz Boticário
As embalagens estão poluindo os mares e cabe às empresas inovar para resolver a questão, escreve Eduardo Fonseca, diretor de assuntos institucionais
Rodrigo Caetano
Publicado em 22 de outubro de 2020 às 09h31.
Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 09h36.
Certa vez li uma matéria que me causou um misto de preocupação, angústia e inconformismo. Em resumo, especialistas estimam que até 2050, haverá mais plásticos nos oceanos do que peixes, visto que hoje, cerca de 90% das aves marinhas já comeram plástico uma vez na vida. A informação é da Fundação Ellen MacArthur Foundation, instituição que trabalha para construir um futuro positivo por meio da economia circular.
Este dado, de fato, nos causa espanto. Porém, acredito que devemos encará-lo como mais um chamado para entendermos que não podemos recuar nos esforços para garantir um mundo saudável para as futuras gerações. Há muito o que se fazer para conscientizar indústrias, lideranças e a sociedade como um todo, sobre como o consumo e produção responsável e a reciclagem precisam estar inseridas nas rotinas de cada cadeia. E, para começar essa conversa, devemos passar pelo principal responsável pela poluição dos biomas e do oceano: o plástico.
De todos os resíduos gerados pela sociedade, é o plástico o que mais impacta a vida natural no planeta. E, por quê? O rápido descarte aumenta o excedente de plásticos sem coleta. Além disso, é um material que pode demorar mais de 100 anos para decompor, devido sua resistência a fungos e bactérias. Para piorar, aproximadamente dois bilhões de pessoas no mundo não têm acesso a sistemas de coleta de resíduos.
O uso per capita está em ascensão, sobretudo nos países em desenvolvimento. Com isso, o plástico virgem barato permite modificar a produção de um número crescente de produtos de baixo valor que não são recicláveis, aumentando o excedente de plásticos sem coleta. Por fim, o mundo ainda enfrenta uma pandemia desconhecida o que aumentou significativamente a demanda por bens de consumo com embalagens plásticas descartáveis na tentativa de proteção contra o vírus.
Diante deste cenário, emerge a necessidade das empresas, governos e de toda a população unir esforços para cada um fazer a sua parte em torno de uma retomada sustentável. Por isso, como executivo e cidadão, convido-os a conhecerem e adotarem o movimento #NãoVolte, lançado as últimas semanas pela Rede Brasil do Pacto Global em prol de uma vida mais sustentável, com geração de desenvolvimento econômico com menos impacto para o planeta e para a biosfera.
É preciso angariar esforços para garantir que cidadãos tenham a cultura da reciclagem, todos os municípios contem com um serviço de coleta seletiva e que as indústrias se desafiem a desenvolver produtos e embalagens mais sustentáveis (incluindo menor impacto na água) e que possam substituir o uso do plástico e materiais que degradam o meio ambiente. Além disso, devem oferecer programas de reciclagem e iniciativas de conscientização e mobilização em prol do consumo consciente. Acredito que o investimento em inovação por meio de pesquisas e desenvolvimento deve ser um dos pilares de toda empresa que de fato se preocupe com futuro.
Acima de tudo, devemos expandir os olhares para fora de nossas casas, apartamentos e local de trabalho e compreendermos a importância do Oceano para a sobrevivência da espécie humana e de todos os seres vivos do planeta.
O recado deste manifesto é claro, assim como o meu apelo. Não podemos voltar ao mundo de antes. É hora de trazer processos que gerem impactos positivos no planeta e benefícios perenes, seja na terra, seja no mar.
Eduardo Imperatriz Fonseca é conselheiro da Rede Brasil do Pacto Global e diretor de assuntos institucionais do Grupo Boticário
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#NãoVolte
A campanha #NãoVolte é uma iniciativa da Rede Brasil do Pacto Global para que o mundo não volte ao normal após a pandemia. Para saber mais, acesse este link e assista ao vídeo: