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Na COP28, Janja fala sobre a economia da equidade de gênero e ter mais mulheres em espaços de poder

Janja Lula da Silva fez reunião com um grupo da sociedade civil dentro da COP28 pouco antes do discurso oficial do presidente Lula. Na ocasião, ela explicou como tem trabalho pela equidade de gênero no Brasil e o que espera da COP30, em Belém

Janja encontra mulheres brasileiras em reunião na COP28, em Dubai (Leandro Fonseca/Exame)

Janja encontra mulheres brasileiras em reunião na COP28, em Dubai (Leandro Fonseca/Exame)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 1 de dezembro de 2023 às 06h10.

De Dubai*

Um grupo de cerca de 30 representantes da sociedade civil se reuniu com Janja Lula da Silva na manhã desta sexta-feira na Blue Zone, área da COP28 para credenciados oficiais do evento. O grupo era composto, em sua maioria, por mulheres que trabalham pela igualdade de gênero nas pautas de mudanças climáticas. No encontro, Janja apresentou como tem trabalhado para ampliar a participação de mulheres em espaços de poder e de justiça social.

"Temos construído um grande projeto de empoderamento econômico de mulheres, especialmente as de áreas rurais e periferias urbanas. Com isto, vou assumir uma rede de inclusão da Organização dos Estados Ibero-Americanos, a OEI, e a minha principal pauta vai ser a participação política das mulheres e a violência política de gênero", afirmou.

A primeira-dama falou ainda sobre como a presença das mulheres em espaço de decisão são importantes para a mitigação dos efeitos negativos das mudanças climáticas. "Tenho conversado com os ministros para que as mulheres em situação de rua ou economicamente complicadas sejam as primeiras privilegiadas em ações como Minha Casa, Minha Vida, pois são elas as que mais sofrem com os impactos das mudanças climáticas e outras questões de justiça social".

Janja comentou também sobre o encontro com a sheikha Fatima bint Mubarak Al Ketbi, conhecida como "Mãe da Nação" e mãe do presidente dos Emirados Árabes, Mohammed bin Zayed Al Nahyan. "A conversa é muito importante para não termos a visão do estereótipo de que a mulher árabe é submissa. Ela contou, por exemplo, que aqui as mulheres são 50% do parlamento. É por isto que temos que brigar no Brasil: pelo número de cadeiras para um parlamento igualitário".

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COP30 no Brasil

Para além da conexão com os Emirados Árabes, Janja reforçou o papel do Brasil no G20 e na conexão com a África para o reforço de políticas que considerem a economia do cuidado. "O Brasil vai ser o primeiro a sediar o G20 com o grupo das mulheres ativo. Com isto, acho que podemos chegar na COP30, a COP no Brasil em 2025, com mais mulheres no parlamento e em espaços de decisão sobre as mudanças do clima". De acordo com ela, para este resultado, é preciso construir empoderamento econômico feminino nos mais diferentes territórios do Brasil e do mundo.

Quando perguntada sobre a organização da COP30, ela diz estar otimista, apesar dos esforços necessários. "A COP30 tem tirado o meu sono em busca de termos um evento maravilhoso, que não ostenta, mas emociona. A gente quer levar as pessoas para conhecer a floresta amazônica, descer o rio e olhar na cara dos ribeirinhos. Hoje estamos longe, em Dubai, discutindo o futuro de lá".

Escuta das pautas de gênero

Além de Janja, o encontro contou com falas de Karen Tanaka, gerente de sustentabilidade da Ambev, e Thuane Nacimento, diretora -executiva da organização Perifaconnection.

Karen, abordou como o setor privado pode agir pela equidade de gênero quando, por exemplo, citou o programa Bora, que visa retirar até 5 milhões de pessoas da extrema pobreza até 2030 por meio da inclusão produtiva. "Estamos trabalhando com o que chamamos de maiorias invisibilizadas, visto que mulheres e pessoas negras são maioria no país. Considerar os recortes de gênero e raça é incluir de verdade a perspectiva da população", diz.

Já Thuane reforçou como as mulheres de periferia estão cuidando das pessoas e da natureza sem dar um nome, como ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança), para essas práticas. "As mulheres do sul global, especialmente de periferia, estão à frente da manutenção da natureza por questões de sobrevivência. Lembro, por exemplo, de ver uma menina europeia de 15 anos ganhar um prêmio na COP26, em Glasgow, por um projeto de reutilização de copos, mas minha avó já utilizava um copo que antes era embalagem muito antes disto, e por necessidade".

A iniciativa contou ainda com falas das participantes, e ao final, a foto do grupo. Em seguida, Janja segue para outras agendas e acompanha o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma série de agendas, como um jantar para representantes do Emirados Árabes na noite desta sexta-feira.

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