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Mondeléz e Unilever pedem, e greentech brasileira vai para o exterior

A startup Xprajá, que vende produtos perto do vencimento, irá expandir suas operações para EUA e Colômbia, além de mudar de nome

Vinicius Abrahão, da Xprajá: “Muitas vezes, quando uma linha é descontinuada, sobram milhares de embalagens sem uso, que vão para o lixo” (Empresa/Divulgação)

Vinicius Abrahão, da Xprajá: “Muitas vezes, quando uma linha é descontinuada, sobram milhares de embalagens sem uso, que vão para o lixo” (Empresa/Divulgação)

RC

Rodrigo Caetano

Publicado em 28 de dezembro de 2020 às 13h22.

Última atualização em 28 de dezembro de 2020 às 13h25.

Todos os meses, toneladas de produtos perto do vencimento ou fora do padrão vão para o lixo. Sem compradores, empresas de alimentos e bens de consumo descartam o estoque encalhado para abrir espaço a novos lotes. Esse descarte representa um prejuízo aos fabricantes. “Muitas vezes, quando uma linha é descontinuada, sobram milhares de embalagens sem uso, que vão para o lixo”, afirma Vinicius Alves Abrahão, fundador de uma startup que pretende mudar esse quadro. “Nós damos vazão a esses produtos.”

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Abrahão criou, em 2017, a Xprajá, uma greentech (startup ambiental) que viabiliza a distribuição dos produtos encalhados para o varejo. A ideia funciona a partir de uma plataforma que conecta comerciantes, grandes e pequenos, diretamente aos estoques das fabricantes. O negócio deu tão certo que, a pedido de Mondeléz e Unilever, o empreendedor está levando sua plataforma para o exterior.

Para atuar fora do país, a Xprajá passará a se chamar Gooxxy, mais fácil de ser pronunciado por faladores de inglês e espanhol, já que os primeiros destinos serão os mercados americano e colombiano. “O modelo brasileiro se mostrou muito eficiente e um ótimo benchmark para os outros países”, afirma Leonardo Rubinato, diretor de cadeia de suprimentos e transformação digital da Unilever Brasil. “O problema do ‘waste’ virou um assunto de grande relevância durante a pandemia.”

Vender produtos perto do vencimento é difícil, explica Rubinato, pois envolve três variáveis: a identificação prévia dos itens com risco de expirar, o entendimento da política de vencimento específica de cada cliente e a necessidade de tomada de decisões ágeis. A Gooxxy atua nos dois últimos. A startup garante que os varejistas conectados à plataforma têm uma cadeia de suprimentos preparada para receber os produtos. E, por ser digital, permite que a compra seja realizada quase instantaneamente.

Pelos cálculos da Gooxxy, a indústria desperdiça 3% do faturamento anual com o descarte de produtos fora do padrão e quase vencidos. Mas, segundo Abrahão, há uma imensa demanda de varejistas por esse tipo de mercadoria. O motivo é a possibilidade de comprar barato. Produtos encalhados são vendidos pela indústria por menos da metade do preço original. As grandes redes de varejo, no entanto, relutam em aproveitar essas “ofertas” por receio de canibalizar as vendas de produtos mais caros.

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Do outro lado, o pequeno ou médio varejista que adoraria aproveitar o descontão tem dificuldade em acessar os fabricantes diretamente. Ele depende de distribuidores tradicionais, que não atuam no segmento de pré-expirados. Esses comerciantes, inclusive, já ganharam um apelido: “fifeiros”, em referência ao “fee”, ou seja, às taxas de desconto. “Esperamos ver o modelo dos ‘fifeiros’ ganhando força e sendo destravado em outros países”, afirma Rubinato, da Unliver.

Para a Gooxxy, além da internacionalização, a próxima fronteira é adentrar ainda mais na cadeia de suprimentos das grandes fabricantes e começar a trabalhar com insumos. “Nosso negócio é baseado no conceito de economia circular”, diz Abrahão. “Realocando os insumos, estaremos contribuindo com o meio ambiente.” Antes, porém, a greentech terá de lidar com um assunto mais urgente: dar vazão à enorme quantidade de panetones que sobram todos os natais. A expectativa é lidar com mais de 1 milhão de unidades do pão natalino.

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