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O orangotango é uma das espécies que enfrentam risco severo de extinção. Perda da biodiversidade pode gerar fome e pandemias (KiltedArab/Thinkstock)
Rodrigo Caetano
Publicado em 17 de setembro de 2020 às 09h27.
A extinção de espécies é um fenômeno natural. Atualmente, no entanto, o mundo perde biodiversidade a uma taxa 1.000 vezes maior do que o habitual. Nesse ritmo, entre 30% e 50% desaparecerá em 30 anos, gerando prejuízos trilionários à economia, fome, pandemias entre outras catástrofes. Mas, é possível evitar isso. Basta eliminar a lacuna no financiamento da conservação ambiental, estimada entre 598 bilhões e 824 bilhões de dólares por ano -- em média, 711 bilhões de dólares anuais.
As conclusões são de um amplo estudo patrocinado pelas organizações conservacionistas The Nature Conservancy (TNC), Instituto Paulson e Centro Cornell para Sustentabilidade. De acordo com o trabalho, as mudanças climáticas estão exacerbando a perda da diversidade, causando o branqueamento dos recifes de coral, o crescimento desenfreado de doenças causadas por insetos nas florestas e a perda severa de espécies no Ártico.
“Na Amazônia, as mudanças hidrológicas causadas pelo desmatamento podem secar permanentemente milhões de hectares de floresta tropical e alterar todo o clima da Amazônia”, afirma Henry Paulson, ex-secretário do tesouro dos Estados Unidos, autor do prefácio do estudo. “O custo econômico resultante será impressionante.”
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Paulson tem experiência em gerenciar crises econômicas. Ele serviu como secretário do tesouro americano durante a crise de 2008, no governo George Bush. “A perda da biodiversidade não significa apenas a perda de plantas e animais. Ela também representa riscos enormes para a prosperidade e o bem-estar humanos”, escreve o empresário e conservacionista.
Somente o desaparecimento de polinizadores, como abelhas, borboletas e mariposas, resultado do uso de pesticidas, traria prejuízos anuais de 217 bilhões de dólares para a agricultura. “Associados a essa perda estão os riscos de fome e agitação social, potencialmente mais sérios, mas mais difíceis de quantificar”, diz Paulson. “Em suma, embora nunca sejamos capazes de calcular o valor total da natureza, sabemos o suficiente para saber que sua destruição apresenta riscos profundos para as sociedades humanas e, como acontece com qualquer risco sério que enfrentamos, a resposta racional é se proteger.”
A única maneira de desacelerar a perda da biodiversidade, diz o estudo, é garantir que a natureza seja valorizada. Para isso, os autores apresentam seis recomendações. “Isso exigirá liderança política ousada e políticas, mecanismos e incentivos transformadores que desestimulem ações prejudiciais e incentivem o financiamento para a natureza em grande escala”, aponta o documento.
“Se há uma lição que aprendi ao longo de todos os meus anos como conservacionista é que a natureza precisa de defensores”, afirma Paulson. “Mas os defensores, por sua vez, precisam de um estudo de caso claro e convincente que possa ser amplamente apoiado pelo sociedade e defendido por líderes políticos. Hoje, o motivo para ação nunca foi tão claro.”