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Marisa Drew, do Credit Suisse: “Esperávamos uma pausa nos investimentos em ESG (na pandemia), mas vimos o oposto acontecer” (Divulgação/Divulgação)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2021 às 15h21.
Última atualização em 25 de maio de 2021 às 08h32.
(Por Tiago Cordeiro, da EXAME)
Crises econômicas podem mudar o foco das organizações, muitas vezes na direção de reduzir investimentos cruciais para o longo prazo. Não foi o que aconteceu com o mercado de ESG durante a pandemia: ele se fortaleceu.
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“Esperávamos uma pausa nos investimentos em ESG, mas vimos o oposto acontecer”, explica Marisa Drew, Chief Sustainability Officer do Credit Suisse e Global Head do Sustainability Strategy, Advisory & Finance Group.
Drew participou de um painel sobre investimentos sustentáveis ao lado de Patricia Genelhú, Sustainable & Impact Investing do BTG Pactual. A mediação foi conduzida por Rodrigo Caetano, repórter de ESG na EXAME.
Apresentando um ponto de vista global, com foco nos países desenvolvidos, a especialista informou que o mercado de investimentos em ESG está mais sofisticado. “A comunidade de investidores procura empresas sérias, e não apenas as que querem colocar um carimbo vazio sobre suas atividades”.
Para Marisa Drew, neste contexto de transformação, os fundos de ESG têm se saído, na média, melhor do que os demais. “Ao longo de 2020, vimos um desempenho excelente dos fundos sustentáveis, em várias classes de ativos. O mercado está ficando muito animado. Existe a crença no conceito de que investir e colocar fundos não precisa sacrificar retornos. E ainda pode ajudar a diversificar carteiras”.
Por sua vez, Patricia Genelhú apresenta o ponto de vista dos investidores nacionais. “No Brasil, a pandemia acelerou a estratégia, que vem ganhando tração aqui. Já víamos uma mudança nos fluxos de capitais, nas alocações de investimentos, e isso se tornou uma realidade muito mais rápido com a pandemia”.
Atento a essa demanda, o BTG tem se movimentado, diz ela. “O BTG acabou de criar uma divisão de investimento de impacto em estratégia de sustentabilidade. Esses produtos têm ótimos retornos, além de estar alinhados com a estratégia de sustentabilidade. Nossos investidores e nossas empresas todos estão fazendo o dever de casa”.
Até porque, declara, empresas alinhadas com práticas ESG têm governança acima da média e, por isso, oferecem estabilidade no longo prazo. “Quando falamos sobre desenvolvimento sustentável, o dinheiro fala: se você diz onde está investindo, eu te direi que és”.
Na mesma manhã, o tema foi debatido por Marcio Correia, Gestor de Fundos e Sócio da JGP, Marcelo Nantes, Gestor de Renda Variável e Cofundador da Tower Three Asset Management, Carolina Costa, Sócia na Maua Capital para ESG e Novos Negócios, e o participante e moderador Will Landers, Chefe de Renda Variável do BTG Pactual Asset Management.
Correia lembra que a empresa era reticente quanto a investir em ESG. “A verdade é que toma muito tempo. Mudar a função social do negócio é um trabalho hercúleo. Aprendemos nas últimas décadas que todos os recursos das empresas deveriam ser usados para crescer o lucro”.
Essa mudança pela qual as organizações está passando é complexa: “Para atingir nossos objetivos na redução de emissões, precisaremos multiplicar o consumo de lítio, grafite, cobalto”, cita ele. “Esses minérios vão sustentar a transição energética. Ou seja: por mais paradoxal que pareça, para você fazer a transição energética, vai ter que minerar muito. Como se vai fazer isso de maneira social e ambientalmente aceitável?”
A resposta para encarar esse desafio, disse Marcelo Nantes, Gestor de Renda Variável e Cofundador da Tower Three Asset Management, está na governança. “A organização precisa acreditar que ESG é relevante e vai transformar todos os seus métodos”. Do ponto de vista de métricas para os investidores, esse cenário está avançando rapidamente. “No futuro próximo, os relatórios de sustentabilidade vão estar nos mesmos padrões dos relatórios financeiros”.
Por sua vez, Carolina Costa, Sócia na Maua Capital para ESG e Novos Negócios, lembra que o mercado para investimentos está evoluindo para apoiar esses desafios. “Antes o mercado financeiro colocava as premissas de risco e retorno e ia atrás dos ativos. Agora evoluímos para um modelo em que primeiro se olha para as dores e as necessidades”, afirma, para na sequência apontar que existe uma grande oportunidade neste mercado. “Neste momento os ratings de ESG ainda têm baixa correlação entre si, em comparação com os outros ratings de crédito. Isso gera oportunidades: quem fizer análise mais bem feita vai captar mais valor”.
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