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Mais diversidade nas produções e menos lixo em aterro: os resultados ESG da Globo

Em entrevista à Exame, Manuel Belmar, CFO da Globo, detalhou os resultados do primeiro relatório após anúncio das metas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança)

Encantado's: série começou após oficinas para roteiristas negros (Globo /Divulgação)

Encantado's: série começou após oficinas para roteiristas negros (Globo /Divulgação)

Marina Filippe
Marina Filippe

Repórter de ESG

Publicado em 30 de abril de 2024 às 07h46.

Última atualização em 30 de abril de 2024 às 12h20.

Pela primeira vez, a Globo apresenta resultados das metas ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) anunciadas há um ano, com ambições para 2030. "O que estamos lançando agora é esforço de multiplas áreas da companhia. Gosto de dizer que não temos uma área ESG, mas sim um plano e os indicadores ligados à estratégia do negócio de modo transversal", disse Manuel Belmar, CFO da Globo em entrevista à Exame.

Diversidade e inclusão

Entre os destaques, há o avanço na diversidade e inclusão, quando em 2023, 72% das pessoas contratadas se autodeclararam parte de grupos sub-representados, sendo 46% mulheres e 46% pessoas negras. Em contratação de estagiários, o percentual foi de 65% e 58%, respectivamente. Já no quadro geral da companhia, mulheres e pessoas negras eram cerca de 40%.

De acordo com Belmar, gênero, étnico-racial, LGBTI+ e pessoas com deficiência são os marcadores identitários priorizados pela companhia na estratégia de inclusão. "O resultado é consequência da intenção em medir a evolução, de abordar a pauta e promover o engajamento de todos".

Já nas telas, em 2023, houve um aumento de 10% de atores e atrizes negros no elenco principal quando comparado a 2022 -- e 100% dos projetos contou com a presença de mulheres ou negros. De acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro houve um crescimento de 7% para 23% na representatividade negra em dramaturgia da Globo entre 1977 e 2021. Já em 2023, a representatividade foi de 37%, segundo dados da empresa.

"Pela primeira vez tivemos protagonistas negros em todos os slots de horários das novelas, simultâneamente. Isto foi possível por conta da curadoria, pesquisa e escrita por mulheres e pessoas negras para garantir perspectiva e representatividade nas narrativas", diz Belmar.

O executivo destacou também a produção de humor Encantado's, projeto iniciado em laboratório para roteirista negros. "Ao longo de sete edições, em parceria com a Festa Literária das Periferias, já desenvolvemos quase 200 roteiristas negros e indígenas". No esporte, a transmissão de futebol feminino foi 30% maior quando comparada a 2022.

Meio ambiente

Na frente ambiental, o executivo destacou as práticas de uso de energia renovável, emissões de gases causadores do efeito estufa e gestão de resíduos. "Se a Globo fosse uma cidade, considerando o número de pessoas, estaria entre os maiores municípios brasileiros. Por isto, é essencial melhorarmos as práticas ambientais. Na gestão de resíduos, por exemplo, 80% era enviado para aterro sanitário legalizado há quatro anos. Em 2023, isto mudou para 17,4%".

A diminuição de resíudos enviados para aterro ocorre por conta de parcerias. Uma delas direciona o isopor para a reciclagem na indústria Santa Luzia. Já a parceria com a Reurbi, empresa especializada no descarte correto de computadores e outros equipamentos, gerou 67 toneladas de equipamentos eletrônicos reaproveitados em 2023.

Ainda na frente ambiental, as emissões de CO2 foram reduzidas em 17% das emissões, se comparadas com 2019. E o uso de energia renovável aumentou de 97% para 99,5%.

Outro destaque é o uso do Guia de Produções Verdes. Lançado em junho, o projeto alcançou 100% das produções dos Estúdios Globo. "Agora planejamos incluir o Guia nas produções do esporte e jornalismo. O documento tem servido de inspiração também para produções de terceiros, inclusive no Canadá".

Governança

Para Belmar, além da estrutura de governança já acompanhada nos últimos anos, há destaques para as iniciativas de comabte às fake news e pirataria. "No ano passado, com o apoio de associações e governos, derrubamos 2.576 sites de transmissão ilegal de conteúdo. É uma loucura a quantidade de sites criados para este fim e o prejuízo que representam para o audiovisual brasileiro como um todo".

Em 2023 a companhia também iniciou o Plano Estratégico da Segurança da Informação para o triênio 2023-2025, que prevê o investimento de R$ 211 milhões para a evolução de um programa do tema. A companhia também segue se associando à organizações e movimentos, como o Educa 2030 do Pacto Global da ONU -  Rede Brasil, com o objetivo promover a universalização de uma educação diversa e alinhada à Agenda 2030.

"De modo geral, a primeira leva de resultados nos supreende positivamente, com adesão e consolidação na companhia. Ainda é cedo para falarmos de revisões, mas este é um plano vivo, que seguirá para que tenhamos os objetivos cumpridos o quanto antes", finaliza.

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