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Levantamento mostra expansão do ESG nas empresas brasileiras e pilar social é o mais explorado

Estudo com dados de 115 empresas, de 26 segmentos, registra que 95% das companhias pesquisadas utilizaram as ferramentas ESG no ano passado, um aumento de 9% em relação a 2022

ESG nas empresas:  (pcess609/Getty Images)

ESG nas empresas: (pcess609/Getty Images)

Clayton Melo
Clayton Melo

Colunista

Publicado em 27 de setembro de 2024 às 10h15.

Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 10h52.

O ESG tem enfrentado momentaneamente alguns percalços nos EUA, em boa medida por conta de pressões políticas e legais de grupos de conservadores radicais que tentam dificultar investimentos que exalem algum cheirinho de defesa de meio ambiente, diversidade e questões sociais. No Brasil, no entanto, há vários sinais de que o ESG vai bem, obrigado.

Para dar um exemplo, um relatório recente do Itaú BBA mostra que os fundos ligados ao ESG chegaram a R$ 5,1 bilhões em junho deste ano, uma expansão de 23%. O documento também aponta que existem 145 fundos desse tipo no país, 31 deles criados neste ano.

Agora, surge outra notícia que mostra o fortalecimento dessa agenda no mercado brasileiro. Um levantamento inédito da empresa brasileira de software de gestão de pessoas Mereo, antecipado com exclusividade para a coluna, mostra que 95% das organizações pesquisadas utilizaram as ferramentas ESG no ano passado – um aumento de 9% em relação a 2022. O levantamento foi feito com dados de 115 empresas clientes da Mereo, de 26 segmentos diferentes, 50% delas também com atuação internacional e 33 companhias listadas em bolsa.

O quadro geral do estudo mostra nitidamente uma expansão no país. Ainda é preciso avançar mais, no entanto, no equilíbrio das estratégias nos três pilares ESG (ambiental, social e governança) simultaneamente. Segundo o levantamento, do universo pesquisado, 55% focam nas três áreas ao mesmo tempo, enquanto 22,5% atuam em dois pilares (ES, EG ou SG) e 22,5% somente em um dos três (E, S ou G).

Percentual de aparição de ESG e seus pilares

A área social é de longe a que recebe mais ações, ainda que tenha diminuído um pouco: ela aparece em 90% das empresas pesquisadas, uma queda de 7% em relação a 2022. Os tópicos com maior destaque são engajamento dos trabalhadores (67%) e desenvolvimento humano (59%) – o menor percentual de aposta é na saúde mental, com apenas 1%.

Em segundo lugar vem o pilar de sustentabilidade (62%), com destaque para gestão de recursos naturais (68%) e gerenciamento de resíduos (61%) – o que menos aparece é o uso de energias renováveis (14%). O pilar governança é a aposta de 81% das organizações, com boas práticas de gestão (83%) e sistema de compliance (58%) sendo os eixos mais destacados. Em relação a 2022, houve uma queda de 13% (o percentual foi de 94%).

Agronegócio (100%), energia (92%) e construção civil (91%) lideram os segmentos que focam nos pilares ESG. No entanto, é importante observar que a pesquisa não se debruça sobre a representatividade de cada setor. E, por uma questão de amostragem, há prevalência de um setor sobre o outro.

As organizações de grande porte aparecem no topo da lista (47%), com as de médio e pequeno com 39% e 14%, respectivamente. O levantamento também registra que 38% das empresas que apostam em todos os pilares têm atuação internacional – nacional (44%) e regional (13%). Esses dados sugerem que ter mais recursos e estrutura favorece a adoção do ESG.

“O que buscamos detectar na nossa pesquisa é o quanto o ESG está efetivamente na estratégia da empresa, o quanto ele é definido com meta da organização para o ano”, disse à coluna Ivan Cruz, cofundador da Mereo.

No levantamento é possível perceber, diz ele, que as empresas estão incorporando a agenda ao negócio, e não simplesmente como um discurso pra fora, pois os dados coletados pela plataforma refletem o que são as estratégias e objetivos empresariais. “Elas estão atuando para compreender, efetivamente, o que faz sentido para o negócio”.

Cruz entende que, possivelmente, as empresas tenham evoluído de forma mais lenta em relação ao que era esperado da agenda. “Isso porque estavam em processo de reflexão sobre quais métricas e quais objetivos de fato deveriam definir, visando um alinhamento com a agenda e o negócio”, diz. “Ou seja, passaram a usar métricas ESG buscando produtos mais baratos, processos mais eficientes ou, então, valor agregado ao cliente. São empresas que estão refletindo sobre a prática e a incorporando ao seu negócio”, analisa Cruz.

Sobre a diferença entre o clima para o ESG nos EUA, com os desafios provocados pelos movimentos conservadores e anti-ambientais, e o Brasil, onde tem avançado, ele avalia que o país pode se apresentar como uma opção para investidores internacionais. “Essa diferença entre os dois contextos sugere que o Brasil, mesmo não imune às tendências globais, pode estar buscando preencher a lacuna deixada pelos EUA ao se posicionar como um líder potencial em sustentabilidade e compromissos ambientais”.

Em outras palavras, é tudo parte de um processo de amadurecimento do ESG no mercado e das variáveis que envolvem essa agenda. É como se estivéssemos numa maratona em que já corremos o suficiente pra suar a camisa, mas sabendo que ainda tem muito chão pela frente até a linha de chegada. Tomara que até lá essa agenda retome o fôlego nos EUA e continue a fluir bem por aqui, sem chacoalhadas. O mundo e o Brasil precisam desse compromisso das empresas na prática, como nos lembram todos os dias os complexos problemas ambientais e climáticos que já estamos vivendo e que colocam em risco as florestas, as pessoas e as cidades.

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