Sede do JPMorgan (Mike Segar/File Photo/Reuters)
Bloomberg
Publicado em 17 de agosto de 2021 às 09h31.
O maior subscritor de títulos verdes do mundo planeja expandir significativamente sua oferta de produtos de investimento promovendo métricas ambientais, sociais e de governança, ou ESG, quando Wall Street começa a anexar a sigla a serviços financeiros mais complexos.
O JPMorgan Chase afirma que sua decisão de adicionar a sigla ESG a derivativos é parte de uma estratégia para vincular a sustentabilidade a todas as formas de financiamento. O banco pretende replicar um swap de moeda cruzada com a empresa italiana de energia Enel, em que ambas as partes precisam cumprir metas ESG específicas ou terão de pagar custos adicionais.
Os concorrentes também estão investindo no lucrativo mercado: Deutsche Bank e NatWest Markets buscam atrair negócios com hedges cambiais e de taxas de juros ESG. A iniciativa levanta questões sobre a eficácia com que esses produtos realmente ajudam na redução das emissões de gases de efeito estufa ou na promoção da igualdade. Mas o JPMorgan diz que o objetivo é tornar o ESG onipresente no setor financeiro.
A “essência dos derivativos ESG” é “dar aos clientes capacidade e, futuramente, um senso de obrigação, de considerar o ESG em cada etapa de sua gestão de risco financeiro”, disse Tom Prickett, corresponsável de juros para a região EMEA do JPMorgan em Londres. “Fornece a capacidade de incorporar impacto em todas as áreas de financiamento dos clientes, em vez de restringi-lo a um pequeno número de instrumentos específicos, como títulos verdes.”
Títulos verdes e de ESG já estão bem estabelecidos, com vendas rumo a um recorde US$ 1 trilhão este ano. Mas a adoção por Wall Street de finanças sustentáveis em mercados mais exóticos mostra que um campo antes considerado de nicho agora se tornou dominante. A Bloomberg Intelligence estima que produtos ESG representarão acima de 30% dos US$ 140 trilhões em ativos globais até 2025.
Os derivativos de câmbio ESG são como contratos de balcão padronizados pensados para administrar os riscos cambiais e de taxas de juros de uma empresa, mas vinculam o preço do swap às metas de sustentabilidade. São semelhantes à dívida atrelada à sustentabilidade, em que os juros de um emissor aumentam ou diminuem com base em metas pré-determinadas.
A empresa de energia renovável britânica Drax Group recentemente fechou um empréstimo ESG bem como derivativos ESG para se proteger da exposição cambial, com os termos de ambos os contratos vinculados a metas anuais pré-determinadas de redução da intensidade de carbono. A empresa busca estender os acordos atrelados ao ESG a outros derivativos, disse Lisa Dukes, que supervisiona finanças corporativas e derivativos na Drax.
“O objetivo é garantir que mantenhamos o ESG no centro da nossa lógica”, disse em entrevista. “Mesmo pequenos incentivos podem encorajar grandes mudanças de comportamento. Essa é a mentalidade que estamos tentando promover, portanto, o objetivo principal não é em torno de benefícios financeiros. Não estamos olhando para somas de dinheiro significativas, mas é significativo o suficiente para nos importarmos.”