Gigantes do petróleo põem em xeque transição para energias limpas
Representantes da Saudi Aramco e da ExxonMobil disseram durante evento que ninguém quer pagar a conta para reduzir as emissões de gases poluentes
Agência de notícias
Publicado em 18 de março de 2024 às 19h49.
A Saudi Aramco e ExxonMobil, gigantes do petróleo , anunciaram nesta segunda-feira, 18, que veem dificuldades na estratégia de transição para as energias limpas no âmbito da qual sua indústria é considerada uma " inimiga ", embora não seja possível ainda substitui-la.
"No mundo real, a estratégia atual de transição está fracassando visivelmente", disse o diretor-executivo do grupo estatal saudita, Amin Nasser, durante uma apresentação no fórum de energia CERAWeek by S&P Global, em Houston, Texas.
Nasser lembrou que no ano passado, o consumo mundial de energia ainda se baseava 82% em combustíveis fósseis , segundo um relatório da KPMG. Além disso, a demanda por petróleo vai alcançar níveis recordes este ano, segundo projeções da Agência Internacional de Energia (AIE).
"Este não é o futuro que alguns haviam anunciado", avaliou o representante da Saudi Aramco, para quem é pouco provável que o petróleo e o gás desapareçam até 2050. "As alternativas [como a energia solar ou a eólica ] não conseguiram desbancar os hidrocarbonetos em escala", afirmou.
Transições
Nasser avaliou que, apesar do "papel de protagonista" da indústria na "prosperidade global", é apresentada como "um arqui-inimigo das transições".
"Um dos desafios aqui é que, embora a sociedade queira que as emissões sejam reduzidas, ninguém quer pagar por isso", comentou o diretor-executivo da americana ExxonMobil, Darren Woods.
Para Nasser, "apesar da contribuição das energias alternativas na redução das emissões, quando o mundo se concentra em reduzir as emissões dos combustíveis fósseis, obtém melhores resultados". O executivo deu como exemplo a transição nos Estados Unidos do carvão para o gás natural.
"Minha proposta é a seguinte: devemos deixar de lado a fantasia do fim do petróleo e do gás ", argumentou Nasser. Em troca, o mundo deveria "investir [nestas fontes de energia ] adequadamente, para refletir estimativas realistas da demanda", acrescentou.