Pará PA 22 12 2020 A Polícia Federal anunciou, ontem, ter feito “a maior apreensão de madeira nativa da história do Brasil”. Ao longo de vários dias, os agentes apreenderam 43,7 mil toras, com 131,1 mil metros cúbicos de madeira bruta, extraída de uma área de 20 mil quilômetros quadrados. Ela fica no extremo oeste do Pará, na divisa com o vizinho Estado do Amazonas. São as duas maiores unidades federativas do país (em conjunto, ocupam um quarto do território nacional).Só a madeira já computada é mais do que o dobro da maior apreensão anterior, efetuada 10 anos atrás, em 2010. Foram 65 mil metros cúbicos de madeira, retirada da Reserva Extrativista (Resex) Renascer, também no oeste do Pará.foto PF (via Amazonia Real) (Amazônia Real/Divulgação)
Estadão Conteúdo
Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 13h58.
Última atualização em 28 de janeiro de 2021 às 14h16.
Ainda que a covid-19 tenha chacoalhado o mundo para os impactos ambientais e a importância de um novo recomeço, uma economia verde depende da atuação em conjunto dos setores privado e público. A mensagem esteve no centro dos debates do terceiro dia do Fórum Econômico Mundial de Davos, que acontece no formato virtual por causa da pandemia.
No Brasil, não é diferente. A despeito de o governo Bolsonaro ser questionado mundo afora pela ausência de políticas em prol do meio ambiente, o trabalho conjunto do setor privado e público também é visto como a saída para proteger a Amazônia.
O coro foi puxado pelo vice-presidente da República, Hamilton Mourão, que assumiu o posto de interlocutor ambiental em uma atuação defensiva do governo para combater o puxão de orelha internacional quando o assunto é Amazônia. "Está claro para nós que, sem parceiros públicos e privados, não seremos capazes de atingir nossa meta principal de preservar a região", disse ele, durante o painel Financiando a transição da Amazônia para uma bioeconomia sustentável.
Em meio a críticas de investidores e líderes internacionais, Mourão, que é presidente do Conselho da Amazônia, aproveitou a plateia global de Davos para cobrar apoio externo. Anualmente, o fórum reúne a elite econômica e política global, nos Alpes Suíços. Mourão participou da versão virtual do encontro, representando o presidente Jair Bolsonaro, e disse que os investimentos internacionais são fundamentais para iniciativas prosperarem na Amazônia.
"Estamos olhando soluções tecnológicas para transformar a região e é crucial facilitar os fluxos financeiros para os locais", disse o vice-presidente.
Na esteira da fala de Mourão, o presidente da Natura &Co, Roberto Marques, também defendeu a atuação combinada entre empresas e governos como um passo crucial. A empresa atua na Amazônia há mais de 20 anos em conjunto com comunidades locais, preservando a região. "Imaginem se mais empresas e setores tivessem o mesmo olhar e proximidade com a região", questionou Marques.
"Nós precisamos do setor público e privado trabalhando juntos. É crucial que companhias e governos sejam capazes de atuar em conjunto para alcançar objetivos como emissões líquidas zero de gases de efeito estufa", disse ele, em painel, realizado nesta tarde.
O alerta foi do cosmético à moda. O presidente da grife italiana Gucci, Marco Bizzarri, afirmou que a pandemia reforçou essa necessidade. "Precisamos trabalhar juntos", enfatizou, referindo-se a empresas e governos.
Amazônia
Para o presidente da Colômbia, Ivan Duque, é necessária maior participação do setor privado para o desenvolvimento da Região Amazônica. Presente no mesmo painel de Mourão, ele evidenciou a necessidade de incorporar comunidades locais nas atividades de prosperidade e também novas tecnologias para proteção da área. "A Amazônia é um dos maiores tesouros do mundo e temos de compartilhá-lo... Temos de mostrar para o mundo que a Amazônia tem valor."
A boa notícia, para o comissário para o Ambiente, Oceanos e Pescas da Comissão Europeia, Virginijus Sinkevicius, é que já há uma mudança em curso com o engajamento de grandes companhias para a construção de uma economia verde. "Os negócios são parte da solução. O setor corporativo é essencial. Suas decisões podem ajudar em uma recuperação verde."
Em um painel com foco na transformação de sistemas alimentares, o cientista, ambientalista e administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Achim Steiner, alertou para o desperdício no setor enquanto o mundo ainda luta para erradicar a fome. "Muitas pessoas não têm sequer comida suficiente", enfatizou.
"Não podemos conceber um sistema que perde de 30% a 40% de tudo o que produz. Isso é uma tragédia. É uma tragédia ecológica e algo que deve motivar todos a mudar", disse Steiner. Ele participou da mesma sessão virtual que contou com a ministra da Agricultura do Brasil, Tereza Cristina, que focou sua fala em inovação e tecnologia no setor de agronegócio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.