Enel lança empresa para eletrificar a mobilidade no Brasil
Nova subsidiária do grupo prestará serviços de instalação da infraestrutura de recarga, inclusive em condomínios. Gestão do carregamento das baterias é a chave, diz a empresa de energia
Rodrigo Caetano
Publicado em 30 de maio de 2022 às 10h59.
Última atualização em 30 de maio de 2022 às 10h59.
As vendas de carros elétricos cresceram exponencialmente no primeiro trimestre deste ano. A frota mais do que dobrou, chegando a 86.986 veículos, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Ainda assim, é ínfima a participação dos elétricos na frota brasileira, que soma mais de 38 milhões de carros de passeio. O que ninguém duvida é no potencial desse mercado.
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De olho na demanda por soluções de carregamento das baterias, a empresa de energia Enel lança no Brasil e Enel X Way, sua subsidiária focada em mobilidade elétrica. A nova companhia, que opera na Europa há dois meses, oferecerá soluções para carregar e gerir o carregamento de veículos elétricos, sejam eles de passeio ou comerciais.
Projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de veículos automotores aponta que, até 2030, os carros elétricos representarão até 20% da frota nacional. É um número conservador. No mundo, as vendas dispararam 120% este ano, mesmo com um aumento considerável no custo das baterias. No ano passado, o aumento foi de 108%. A título de comparação, as vendas de carros a combustão subiram menos de 5%, o que significa que os elétricos dobraram sua participação de mercado.
O que é preciso para carregar seu carro na garagem?
Para Paulo Roberto Maisonnave, executivo que vai comandar a Enel X Way, o receio de uma parte dos consumidores em aderir ao carro elétrico por medo de não conseguir carregá-lo é contraintuitivo. “Nos acostumamos a parar no posto de gasolina, mas esse é um modelo ineficiente”, afirma. “É bem mais inteligente fazer a gestão da energia.”
As soluções da Enel X Way foram pensadas para levar a infraestrutura de recarga e a inteligência. Os carros elétricos demandam equipamentos específicos para serem carregados – ainda que funcionem em qualquer tomada, sem o carregador adequado, o abastecimento é lento e oscilações na rede podem impedir a bateria de receber energia. Ao mesmo tempo, a maioria dos veículos a bateria possui uma quantidade considerável de softwares embarcados.
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A ideia da empresa é usar essa conectividade para criar sistemas que gerenciem, por exemplo, frotas de entrega urbana, táxis e carros de aplicativos. Essa inteligência estará conectada à rede de abastecimento por meio dos chamados hubs de recarga. No mundo, a Enel possui 350.000 pontos de recarga para veículos elétricos.
Como será o posto de combustível do futuro?
Esses hubs não serão apenas “postos de combustíveis elétricos”. Maisonnave destaca que, por serem mais simples, os carregadores podem funcionar em centros de comércio e serviços, como os pequenos shoppings no estilo street malls, cada vez mais frequentes nas ruas das grandes cidades. “Um posto de combustível precisa de uma área muito maior e tem o reservatório, que gera um impacto ambiental. Eu só preciso de uma vaga”, afirma.
Segundo ele, o Brasil tem poucos pontos recarga, porém, está em linha com a média global de carregadores por veículo elétrico nas ruas. A expectativa da Enel X Way é triplicar investimentos e receita nos próximos 12 meses. Para isso, conta com parcerias com todas as montadoras que atuam no país e com uma rede global de fabricação de equipamentos de recarga.
Maisonnave, no entanto, afirma que a lógica do veículo elétrico é diferente do a combustão quando se trata de recargas. A maior parte delas deverá ser feita na garagem da empresa ou da residência quando o veículo estiver parado. No Brasil, é comum os motoristas terem onde guardar seus carros, diferentemente da Europa, onde o mais frequente é parar na rua pelo alto custo dos espaços urbanos. Os pontos de recarga servirão mais para casos emergenciais, ou como um benefício, por exemplo, a clientes de shoppings ou trabalhadores de prédios comerciais. Na região de influência da Faria Lima, por exemplo, é raro um estacionamento que já não tenha um deles.
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