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Elevação do Pacífico faz ONU alertar sobre 'catástrofe mundial'

Temperaturas no Pacífico crescem mais rápido que a média global, causando elevação do nível do mar e colocando em risco a existência de nações insulares

Vanuatu é um país que pode desaparecer com o aumento do Oceano Pacífico (World Cruising/Divulgação)
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 27 de agosto de 2024 às 10h37.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, emitiu um alerta global nesta terça-feira, 27, sobre a rápida elevação do Oceano Pacífico, destacando o impacto devastador nas Ilhas do Pacífico. O novo relatório da ONU revela que as temperaturas dos mares na região estão aumentando muito mais rapidamente do que as médias globais, o que tem acelerado o derretimento das calotas polares e contribuído diretamente para a elevação do nível do mar. As informações são do G1 e da CNN.

De acordo com o relatório, o nível do mar nas Ilhas do Pacífico subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos, agravando a vulnerabilidade dessas regiões. O aumento do nível do mar é uma preocupação global, uma vez que ameaça milhares de comunidades costeiras ao redor do mundo. No entanto, as Ilhas do Pacífico estão entre as mais expostas devido à sua baixa altitude e proximidade com o mar. A elevação média dessas ilhas é de apenas um a dois metros acima do nível do mar, e cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa, com metade da infraestrutura situada a 500 metros do mar.

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Guterres, durante sua visita a Tonga, fez um apelo urgente: "Estou em Tonga para emitir um SOS mundial sobre a rápida elevação dos níveis do mar. Uma catástrofe em escala mundial está colocando em risco este paraíso do Pacífico".O alerta foi reforçado pelo relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM), que revelou que as temperaturas da superfície do mar no sudoeste do Pacífico aumentaram três vezes mais rápido do que a média global desde 1980.

Ilhas sofrem com emissão global

O relatório também destaca uma realidade alarmante: apesar de serem responsáveis por menos de 0,02% das emissões globais anuais de CO2, as Ilhas do Pacífico sofrem os impactos desproporcionais das mudanças climáticas causadas por emissões globais.

Além da elevação do nível do mar, o relatório aponta que 34 eventos de risco hidro meteorológico, relacionados principalmente a tempestades ou inundações, causaram mais de 200 mortes e afetaram mais de 25 milhões de pessoas no sudoeste do Pacífico no ano passado. Em locais como Kiribati e Ilhas Cook, o aumento do nível do mar foi semelhante à média global. Porém, em outras regiões, como as capitais de Samoa e Fiji, a elevação foi quase o triplo da média, atingindo 31 centímetros e 29 centímetros, respectivamente.

Os cientistas que contribuíram para o relatório alertam que Tuvalu, uma nação insular de baixa altitude, poderá desaparecer nos próximos 30 anos, mesmo em um cenário de aquecimento global moderado. Maina Talia, ministro do Clima de Tuvalu, expressou sua preocupação com a frequência e intensidade dos desastres naturais na região, afirmando que o país está perdendo a capacidade de se reconstruir após cada ciclone ou inundação.

Este relatório serve como um chamado à ação global. As Ilhas do Pacífico estão na linha de frente das mudanças climáticas, mas a responsabilidade de combater essa crise é de todos. A comunidade internacional deve intensificar seus esforços para reduzir as emissões de carbono e apoiar as regiões mais vulneráveis, evitando que o Oceano Pacífico submerja nações inteiras e destrua comunidades que há muito contribuem para a diversidade cultural e ambiental do planeta.

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