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Diversidade e Publicidade: indo muito além da rima

CCO e copresidente da Africa Creative, Sergio Gordilho, explica estratégia por de trás da parceria da agência Africa e CUFA, que a partir deste mês capacita novos talentos de favelas e contribui para o aumento da diversidade no mercado publicitário brasileiro

Celso Athayde (fundador CUFA) e Sergio Gordilho (CCO Africa Creative)  (Rodrigo Pirim/Reprodução)

Celso Athayde (fundador CUFA) e Sergio Gordilho (CCO Africa Creative) (Rodrigo Pirim/Reprodução)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 24 de dezembro de 2023 às 08h32.

Por Sergio Gordilho

A publicidade, enquanto manifestação da criatividade humana, é intrinsecamente dependente da diversidade para alcançar seu potencial máximo. Quando ameaçamos a convivência de diferentes, comprometemos não apenas a representação inclusiva, mas também minamos a própria essência da nossa profissão. É uma interdependência sutil, mas crucial, que merece mais que atenção – merece ser protegida sob pena de pasteurização, e consequente desmoralização, da Comunicação.

E, ao contrário do Morris Albert, não falo apenas de feeling. O que estou dizendo tem nome e sobrenome e foi amplamente estudado. O "efeito priming", destacado por Daniel Kahneman e ‎Amos Tversky no best seller “Fast and Slow”, ilustra como as perspectivas diversas moldam a imaginação e, por extensão, a criatividade. Ao limitar as vozes e experiências que contribuem para a formação de mensagens publicitárias, corremos o risco de restringir todo caleidoscópio de emoções, interpretações e conexões que essas mensagens podem estabelecer com o público.

Contextualizado o problema, vamos para nossa sugestão de solução. A parceria visionária entre a agência Africa Creative e a Central Única das Favelas (CUFA) na formação de talentos oriundos da periferia surge como contribuição na correção do déficit de formação de indivíduos interessados em Publicidade, mas que enfrentam barreiras de acesso a grandes escolas ou agências. Esta iniciativa não apenas ajuda a quebrar barreiras, superar preconceitos, mas também se torna uma fonte valiosa de diversidade, enriquecendo a publicidade.

E não dá para apontar o dedo para ninguém. Somos todos culpados. O recente diagnóstico preocupante da educação brasileira, conforme apontado pelo PISA, reforça a necessidade urgente de reformas e de soluções que envolvam o setor privado também, pois não podemos ignorar que a responsabilidade de moldar o futuro vai além das instituições educacionais. Edgar Morin, em suas reflexões para a UNESCO, destaca a importância das empresas na formação de uma mão de obra preparada para o próximo milênio.

A promoção ativa da inclusão e diversidade no âmbito empresarial não é apenas uma responsabilidade social; é um investimento na riqueza criativa que impulsionará o progresso. Times mais diversos têm a capacidade única de capturar a complexidade da sociedade contemporânea, sintonizando-se com o espírito da nossa época. Ao reunir talentos diversos, as agências publicitárias podem criar campanhas que não apenas refletem a diversidade de seu público-alvo, mas também inspiram e ressoam com uma ampla gama de experiências individuais.

Se você não teve paciência de ler esse artigo até aqui, ok, mas pelo menos, preste atenção nisso: a interseção entre diversidade e criatividade é o terreno fértil de uma publicidade realmente inovadora e relevante. Ao abraçar a multiplicidade de perspectivas, as agências não apenas contribuem para uma sociedade mais inclusiva, mas também garantem uma propaganda mais potente, capaz de transcender barreiras e se conectar verdadeiramente com o mundo ao seu redor.

*Sergio Gordilho é copresidente e CCO da agência Africa Creative

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