ESG

Desmatamento na Amazônia: números, causas e consequências; confira o trabalho do A Amazônia em EXAME

Do "ocupar para não entregar" ao "florestas produtivas são florestas em pé", a Amazônia passou por um processo de desenvolvimento baseado em conceitos externos à realidade local

Desmatamento: s áreas desmatadas em 2019 e 2020 são de 10.129 e 10.851 quilômetros quadrados, respectivamente (Leandro Fonseca/Exame)

Desmatamento: s áreas desmatadas em 2019 e 2020 são de 10.129 e 10.851 quilômetros quadrados, respectivamente (Leandro Fonseca/Exame)

A Amazônia Legal brasileira foi ocupada por populações tradicionais até meados dos anos 1960. Depois disso, predominou a visão de que a região deveria ser "ocupada", como se lá não existissem pessoas morando há séculos. Essa mudança se deu por fatores políticos, econômicos e culturais, e gerou uma nova percepção e uma nova maneira de interagir com a floresta.

Do "ocupar para não entregar", lema que vigorou durante a ditadura militar, ao "florestas produtivas são florestas em pé" de hoje, a Amazônia passou por um processo de desenvolvimento baseado em conceitos externos à realidade local. Embora programas como o Luz para Todos, que leva eletricidade a comunidades remotas, tenham tido um impacto positivo importante para seus habitantes, a importação de modelos alheios ao complexo cenário amazônico produziram externalidades negativas em larga escala. A maior delas é o desmatamento

Como ferramenta para auxiliar na preservação da biodiversidade da floresta e todo o ecossistema para a regulação climática, foi criado o monitoramento por satélite do desmatamento da Amazônia Legal (Prodes). Este é o dado oficial sobre o desmatamento que vem sendo validado pela comunidade científica como uma fonte confiável desde o início dos cálculos das taxas de desmatamento em 1988. 

O pico de desmatamento da Amazônia se deu nos anos 90. Em 1995, 29.059 quilômetros de floresta foram destruídos, o recorde da série histórica. A partir dos anos 2000, o índice começou a cair, se estabilizando em cerca de 7 mil quilômetros quadrados. Porém, nos últimos anos, o desmatamento voltou a crescer e, atualmente, está próximo do volume de destruição registrado há quase duas décadas.

Para acompanhar esse processo, a EXAME lançou, há dois anos, o projeto A Amazônia em EXAME, que traz relatórios e reportagens sobre o desmatamento, os caminhos e as soluções disponíveis para promover um desenvolvimento sustentável da região. Confira, a seguir, um resumo do mais recente trabalho, que mostra a evolução das taxas de destruição da floresta. O conteúdo completo pode ser acessado no site do projeto.

Como funciona o Prodes? 

O monitoramento é realizado em toda a área de floresta dentro da Amazônia Legal. De forma que ele mantém uma compatibilidade entre os diferentes anos da série, a fim de possibilitar o acompanhamento e a evolução do desmatamento. Ou seja, a cada ano é identificado o desmatamento e calculado a taxa de crescimento do período. 

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia

A evolução das taxas de desmatamento

De 1988 a 2020 foram subtraídos 457.474 quilômetros quadrados de floresta, o equivalente a quase duas vezes a área do estado de São Paulo. No entanto, há uma grande variação nas taxas anuais de desmatamento ao longo dos anos, influenciada por um conjunto de fatores ambientais, socioeconômicos e políticos.

A maior parte do desmatamento ocorreu na região conhecida como “arco de desmatamento”, que se estende entre o sudeste do Maranhão, o norte do Tocantins, o sul do Pará, o norte de Mato Grosso, Rondônia, o sul do Amazonas e o sudeste do Acre. Porém, com o passar dos anos, foi avançando para outras regiões, especialmente ao longo do estado do Pará.

Entre os anos de 1988 e 2002 a área média desmatada por ano foi de 17.353 quilômetros quadrados, com um grande pico em 1995, quando foram registrados 29.059 quilômetros quadrados desmatados, a maior taxa de toda a série histórica do Prodes.

(Talita Assis/Exame)

Em 2004, o desmatamento teve o seu segundo maior pico. A partir de 2005, a região vivenciou uma queda nas taxas de desmatamento. De 2009 a 2018, o desmatamento se estabilizou em 7 mil quilômetros quadrados anuais. De 2011 a 2015, o desmatamento teve o menor índice. Mas, nesse período, o padrão de desmatamento mudou para remoção de vegetação em áreas menores e mais esparsas. 

Porém, as áreas desmatadas em 2019 e 2020 são de 10.129 e 10.851 quilômetros quadrados, respectivamente, alcançando valores próximos aos de 2008. Essa tendência de alta requer atenção, especialmente em um cenário mundial em que a importância das questões ambientais é crescente e diferentes setores da sociedade têm buscado conciliação entre desenvolvimento econômico, bem-estar social e conservação ambiental.

Gráfico interativo: veja a evolução do desmatamento por estado 

O que é a Amazônia Legal brasileira? 

A Amazônia Legal brasileira – composta por Acre, Amazonas, Roraima, Rondônia, Amapá, Pará e parte de Mato Grosso, Maranhão e Tocantins – corresponde a quase 59% do território e é definida como a região de influência da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam) e abriga cerca de 4 milhões quilômetros quadrados de Floresta Amazônica.

Assine a newsletter EXAME ESG, com os conteúdos mais relevantes sobre diversidade e sustentabilidade nos negócios

Vídeo: conheça o processo de ocupação da Amazônia Legal brasileira

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:AmazôniaDesmatamentoExame na COP27

Mais de ESG

"Apenas 1% do que é anunciado nas Cúpulas do Clima chega nos povos indígenas", diz Sonia Guajajara

Receita abre nesta sexta-feira consulta ao lote residual de restituição do IR

Indique Uma Preta: consultoria que nasceu no Facebook já impactou 27 mil profissionais negros

A COP29 está no limite e o fracasso não é uma opção, diz Guterres