Patrocínio:
Parceiro institucional:
Matriz renovável do Brasil pode transformar o país em polo global de data centers sustentáveis, atraindo investimentos em IA de menor impacto
Repórter de ESG
Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 16h00.
Última atualização em 1 de dezembro de 2025 às 16h35.
A inteligência artificial promete resolver problemas complexos, mas seu avanço acelerado levanta um novo dilema: data centers consomem muita energia e água, colocando em xeque a sustentabilidade e agravando a crise climática.
Nesta corrida, bigtechs como Google, Amazon e Meta registram alta nas emissões e a Agência Internacional de Energia aponta que esta infraestrutura digital já consome 1% de todo consumo energético do planeta.
Agora, um novo levantamento da MIT Technology Review Brasil divulgado em primeira mão à EXAME revela que os data centers brasileiros consumirão mais eletricidade que toda a iluminação pública do país até 2029.
O salto representa mais do que o dobro: de 1,7% para 3,9% do consumo nacional em apenas cinco anos – um crescimento de 130% que representa passar de 8,2 TWh para mais de 18 TWh anuais.
++ Trend ‘Ghibli’ do ChatGPT: consumo de energia equivale ao de uma cidade pequena, alerta MIT
O estudo inédito cruzou informações de diversas fontes para mapear os desafios e oportunidades dessa indústria em plena expansão e o Brasil se posiciona com diferencial competitivo e sustentável pela sua matriz predominantemente renovável.
"Vivemos a era da economia digital. A explosão da IA e dos serviços em nuvem depende de data centers. Mas, sem infraestrutura robusta, matriz energética limpa e uso consciente de recursos, corremos o risco de trocar avanço tecnológico por degradação ambiental", destacou Hudson Mendonça, VP de Energia e Sustentabilidade da MIT Technology Review Brasil e CEO do Energy Summit.
Para o CEO, o país tem uma oportunidade única: aproveitar sua matriz não dependente de combustíveis fósseis poluentes para liderar a computação sustentável com energia limpa, eficiência hídrica e governança estratégica.
"A expansão pode fortalecer uma nova cadeia de valor verde, estimulando a criação de empregos e inovação em áreas como engenharia, TI, eficiência energética e infraestrutura limpa", acrescentou.
Embora o consumo energético chame atenção, a água é outro recurso sob pressão. Em 2022, o uso direto de água pelos data centers foi estimado em cerca de 2 bilhões de litros – equivalente a 0,003% da demanda hídrica nacional.
O percentual parece modesto, mas esconde um efeito indireto: grande parte da água associada ao setor está embutida na matriz elétrica, especialmente nas centrais termelétricas e hidrelétricas que abastecem essa infraestrutura.
A refrigeração dos equipamentos é um dos principais gargalos operacionais. Por outro lado, data centers de última geração já adotam tecnologias avançadas, como resfriamento por imersão e sistemas de circuito fechado, que reduzem significativamente o consumo.
No entanto, especialistas alertam que essas soluções devem se tornar padrão rapidamente frente ao avanço exponencial da IA e alta demanda de processamento.
Para que o setor cresça de forma responsável, especialistas apontam a necessidade de aprimorar a regulação e a governança.
Como recomendações, estão políticas públicas que incentivem o uso de energia limpa, a adoção de padrões de ESG rigorosos e o planejamento integrado da rede elétrica a fim de evitar a sobrecarga em regiões metropolitanas como São Paulo e Rio de Janeiro, onde os data centers tendem a se concentrar.
A janela de oportunidade é agora: planejar a infraestrutura digital antes que a explosão da IA force decisões emergenciais e insustentáveis, alerta o MIT.