Leandro Campos de Faria, gerente-geral de sustentabilidade da CBA: metas de redução de carbono aprovadas pelo SBTi Foto: Leandro Fonseca data: 06/06/2022 (Leandro Fonseca/Exame)
Marina Filippe
Publicado em 23 de junho de 2022 às 20h34.
Por muito tempo, usar as palavras “mineração” e “sustentável” na mesma frase foi considerado um sacrilégio. Até que a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), maior mineradora de bauxita e fabricante de alumínio do país, lançou seu plano de mineração sustentável.
A meta da empresa é se tornar a maior fornecedora de alumínio de baixo carbono do mundo, demanda que já está presente entre grandes clientes da companhia. Para isso, conta com a matriz elétrica brasileira, majoritariamente renovável.
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A CBA está empenhada em reduzir as emissões de gases de efeito estufa e consegue fabricar um alumínio com um sexto das emissões da média mundial. A intenção inicial é a redução de 40% entre 2019 e 2030, chegando à neutralização em 2050. Para isso, há iniciativas como aumento da reciclagem, uso de caldeira de biomassa, desde abril de 2020, e modernização de processos produtivos que já garantiram redução de 25% desde o início da meta.
“Tivemos em maio as metas aprovadas pela iniciativa Science Based Targets [SBTi] e nos tornamos a primeira empresa de alumínio do mundo a fazer esse trabalho de forma tão estratégica”, diz Leandro Campos de Faria, gerente-geral de sustentabilidade da CBA.
O executivo destaca ainda que práticas de gestão de água e energia, por exemplo, são trabalhadas. A companhia, que possui 100% de energia elétrica renovável rastreável, passou a gerir internamente, desde janeiro, a operação de suas 21 usinas hidrelétricas, até então gerenciadas por contrato de prestação de serviços pela Votorantim Energia. “Isso faz parte do objetivo de redução do consumo de água e melhor eficiência energética”, diz Faria.
O plano ESG da CBA para ser uma empresa de baixo carbono foi construído sobre dez pilares, que se desdobram em 15 programas e 31 metas e é acompanhado por um comitê de sustentabilidade que assessora o comitê de administração.
O ESG também é monitorado na cadeia de produção e há um programa de suprimento sustentável, iniciado no ano passado, para ser cumprido no prazo de cinco anos. Nele, os fornecedores são avaliados rigorosamente em critérios ambientais, sociais e de governança. “Começamos com os que representam 75% dos gastos da companhia e temos visto bons resultados.”
A CBA também se envolve com as comunidades nos locais em que opera. Um exemplo é um programa com o Senai em São Paulo, Minas Gerais e Pernambuco que tem o objetivo de fomentar o ingresso das mulheres na indústria. Com início em 2020, até o momento 253 mulheres foram certificadas e 58 delas contratadas pela CBA.
Parte delas também foi admitida em outras indústrias. “A formação contribui para a nossa meta de ter 50% de mulheres na liderança da CBA até 2030. Atualmente estamos em 19%”, diz Faria. A empresa também trabalha com grupos de afinidade para raça, orientação sexual e de gênero e pessoas com deficiência.