Carlo Pereira, CEO do Pacto Global: "Precisamos que as empresas assumam compromissos e metas"
Em entrevista à EXAME, Pereira fala sobre o avanço da agenda ESG apesar da pandemia e da guerra na Ucrânia
Rodrigo Caetano
Publicado em 23 de junho de 2022 às 21h22.
Última atualização em 24 de junho de 2022 às 09h04.
Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU Brasil, é um otimista nato. A urgência dos temas ESG, no entanto, o leva a pressionar as empresas a cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas há cinco anos. Segundo ele, o momento é de acelerar as ações.
E é o que o setor empresarial vem fazendo, apesar dos efeitos negativos da pandemia e da guerra na Ucrânia. Pereira falou à EXAME por ocasião do lançamento do Observatório 2030, uma plataforma de dados científicos para fortalecer os compromissos empresariais com os ODS. Confira os principais trechos da entrevista.
O Pacto Global da ONU lançou, em maio, o Observatório 2030, para acompanhar o cumprimento dos ODS pelas empresas. Qual é a importância desse monitoramento?
Estamos entrando num momento anticíclico grande, com inflação em alta, fragilização do tecido social, pobreza aumentando. E agora há a questão dos alimentos, por causa da guerra na Ucrânia, uma grande produtora de grãos. O cenário é de bastante preocupação. Por isso precisamos, cada vez mais, que as empresas assumam compromissos e metas. E muito mais do que metas financeiras, precisamos ter metas em temas como clima, direitos humanos, água, anticorrupção, saúde mental. Ouvimos muito falar de ESG, mas precisamos ser ESG de fato.
O mundo ainda convive com os efeitos da pandemia e, em fevereiro, passou a lidar com uma guerra na Europa. A agenda ESG vai arrefecer?
O discurso não mudou. O que tem sido considerado é a aceleração das agendas. Podemos olhar para o setor de energia. Mesmo com o medo da insegurança energética, não há desaceleração nas renováveis. A Alemanha, por exemplo, deixou de descomissionar as duas últimas plantas nucleares por causa da pandemia; em contrapartida, está acelerando a transição energética.
Como o Brasil se encaixa nesse novo contexto da agenda ESG?
O Brasil, cada dia mais, está virando uma potência energética, muito além da Petrobras e das reservas do pré-sal. O mundo também precisa dos minérios que estão no Brasil. No setor empresarial, diversos líderes estão engajados nessa agenda, e não estariam se o tema não fosse prioridade. Temos potencial absoluto para sermos líderes nessa agenda.