Precificação de carbono precisa mudar para limitar o aquecimento global
Após COP26, estudo realizado em parceria entre o Boston Consulting Group e a Global Financial Markets Association mostra que cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa ainda não são cobertas por preços regulamentados de carbono
Marina Filippe
Publicado em 23 de novembro de 2021 às 07h00.
O encerramento da COP26, ocorrida na primeira quinzena de novembro em Glasgow na Escócia, foi marcado por um acordo que prevê a criação de um mercado global de carbono a partir do Acordo de Paris, de 2015.
Apesar de já haver um mercado em andamento, o estudo Revelando o Potencial dos Mercados de Carbono para Zerar as Emissões Globais, realizado em parceria entre o Boston Consulting Group (BCG) e a Global Financial Markets Association (GFMA) destaca que cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa ainda não são cobertas por preços regulamentados de carbono.
Segundo o estudo, para cumprir as metas do Acordo de Paris, os níveis de preços precisam alcançar uma média estimada entre US$ 50 e US$ 150 por tonelada até 2030, sendo que a média global atual gira em torno de US$ 5 por tonelada.
O estudo destaca ainda a importância de ações de compliance e dos mercados voluntários de carbono para uma transição bem-sucedida para um cenário de baixas emissões.
“As emissões de gases de efeito estufa aumentaram 50% nos últimos 30 anos. Neste período, a temperatura da Terra aumentou cerca de 1°C, devendo chegar a 1,5°C nas próximas décadas”, explica Kenneth E. Bentsen Jr, CEO da GFMA e presidente e CEO da SIFMA. “É necessário realizar um rápido dimensionamento dos mercados de carbono para mobilizar um investimento estimado entre US$ 100 a US$ 150 trilhões em diferentes setores e regiões e frear o aumento nas temperaturas”.
Para, Roy Choudhury, diretor-executivo e sócio do BCG, há esperança, se houver agilidade. “Com um orçamento de carbono total de 300 a 500 gigatoneladas restantes, é possível que haja um rápido declínio nas emissões ao longo das próximas três décadas. Mas precisamos agir rápido e investir na expansão dos mercados de carbono, tanto na cobertura geográfica e setorial, quanto na taxa de descarbonização”.
O levantamento identifica os principais dados e recomendações para formuladores de políticas, participantes do mercado e outros stakeholders a fim de escalonar os mercados de carbono líquido para aumentar a eficácia dos preços globais e regionais e acelerar a redução de CO2 de forma significativa.
O estudo também destaca os atuais desafios enfrentados pelos setores público e privado para que possam priorizar as ações de ampliação dos mercados de carbono no curto prazo. Entre eles estão:
- Escalonamento e aprimoramento dos mecanismos de precificação de carbono orientados por políticas reguladas, como Sistemas de Comércio de Emissões (ETSs;
- Definição clara de papeis nos Mercados de Carbono Voluntários;
- Incentivo a interoperabilidade entre mercados de carbono liderada pelo setor público.
O estudo completo pode ser acessado no site da GFMA.