ESG

Apoio:

logo_suvinil_500x252
Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
logo_engie_500X252

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

Bromélia da Amazônia pode ser alternativa ao plástico do petróleo

Fibra da bromélia nativa da Amazônia é estudada para substituir plásticos e outras fibras na indústria

Curauá: potencial para substituir plásticos e gerar renda na Amazônia (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Curauá: potencial para substituir plásticos e gerar renda na Amazônia (Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

Agência Brasil
Agência Brasil

Agência de notícias

Publicado em 14 de julho de 2024 às 14h20.

Tudo sobreAmazônia
Saiba mais

Pesquisas realizadas com uma espécie de bromélia nativa da Amazônia e semelhante ao abacaxi, o curauá (Ananás erectifoliu), têm revelado um alto potencial de alternativa econômica sustentável para a substituição do plástico de origem petroquímica. O estudo, desenvolvido no Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA), em Manaus, já está em fase de implantação por meio de um projeto-piloto de extensão desenvolvido com produtores da agricultura familiar.

Por meio de um acordo de cooperação com outras instituições, o CBA fornece as mudas, capacita os produtores para o plantio e produção da fibra e conecta com uma empresa para a produção do bioplástico.

“A nossa ideia é o desenvolvimento das cadeias produtivas e levar desenvolvimento, renda e um apelo social e ambiental para o interior do nosso estado. Já tem até patentes com coletes balísticos, vigas para edifícios, antiterremoto, tudo por conta da grande elasticidade e resistência dessa fibra”, explica Simone da Silva, pesquisadora e gerente da Unidade de Tecnologia Vegetal do CBA.

Manaus, 11/07/2024 - A pesquisadora do Centro de Bionegócios da Amazônia, CBA, Simone da Silva, mostra o abacaxi Curauá. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Pesquisadora do Centro de Bionegócios da Amazônia, Simone da Silva, explica as utilidades do abacaxi curauá - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Características e benefícios do curauá

Presente na região de não floresta, o curauá é fiel às características de clima e solo da região, preferindo solo não encharcado, ácido e pouco fértil. De acordo com os pesquisadores, é uma excelente opção de manejo sustentável por desenvolver melhor em área de sombra e com outras espécies.

Além do preparo da área não exigir fogo ou derrubada, o plantio pode ser feito em qualquer época do ano. “Vai muito ao encontro da nossa ideia de implantar em sistemas agroflorestais. O produtor não precisa deixar de plantar o que é a vocação natural dele. Se produz açaí, macaxeira, mamão, maracujá, que ele possa produzir em consórcio”, observa a pesquisadora.

Viabilidade econômica e sustentabilidade

A sustentabilidade do curauá também se expressa na viabilidade econômica, que desperta interesse da indústria, em substituição ao polietileno de origem petroquímica, à fibra de vidro e até mesmo às outras fibras naturais como a malva e a juta, exportadas de Bangladesh (Ásia).

“É uma espécie nativa da Amazônia que é pouco difundida e tem bastante interesse comercial. A fibra é a opção natural com maior resistência mecânica que se conhece hoje, de acordo com os nossos resultados de pesquisa”, disse o diretor de Operações do CBA, Caio Perecin.

O beneficiamento da bromélia amazônica também é simples e pode ser feito pelo próprio produtor por meio de um equipamento que beneficia o sisal e já existe no mercado, adaptado para o tamanho da fibra do curauá. A máquina é segura e não representa risco de acidentes no manuseio, garante a pesquisadora Simone Silva.

Manaus, 11/07/2024 - Abacaxi Curauá, no Centro de Bionegócios da Amazônia, CBA. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil Bromélia Amazônica (abacaxi curauá), é pesquisada no Centro de Bionegócios da Amazônia - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

“A nossa ideia é que o produtor não comercialize a folha, mas que, minimamente, ele forneça a fibra, gerando o maior valor agregado possível para ele”, complementa Simone.

Mudas e colheita

As mudas geradas nos laboratórios são de curauá branco, espécie que naturalmente já apresenta vantagem por perfilhar mais em relação ao curauá roxo. Após o plantio, a colheita é feita do 10º ao 12º mês, no primeiro ano. A partir do segundo ano, é possível ter de três a quatro colheitas.

“A planta que vem de cultura de tecido [em laboratório] leva um efeito residual dos hormônios que a gente usa para brotar, então, naturalmente ela gera mais brotos do que uma planta convencional. O que se torna uma vantagem para o produtor e é um investimento só inicial dele adquirir mudas in vitro, mas que ele pode depois ampliar o seu plantio ou ser uma nova fonte de renda ao vender mudas para o seu vizinho”, explica a pesquisadora.

Como o mercado de curauá ainda não foi estabelecido na região, os pesquisadores evitam especular sobre rendimentos aos produtores, mas garantem que vários setores industriais já manifestaram interesse em adquirir a produção. “O que os setores interessados dizem é como eles pagam muito caro por uma fibra de juta e malva, por exemplo, que vem de Bangladesh, eles estão dispostos a pagar o mesmo valor na fibra de curauá, que pode gerar entre R$ 9 e R$ 10 o quilo da fibra”, disse Simone.

Acompanhe tudo sobre:AmazôniaPetróleoIndústria do petróleo

Mais de ESG

Bruno Gagliasso é novo sócio da startup Mara, de alimentação a preço acessível

Redes de pesca, roupas e pneus: expedição quer identificar os microplásticos presentes nos oceanos

Trauma climático, capital e investimento privado

Muita água e gente com sede: o paradoxo vivido pelo Amazonas com as mudanças climáticas

Mais na Exame